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Óxido de Zinco: quais os benefícios, desvantagens e alternativas

A fase de desmame é um dos momentos mais estressantes na vida de um suíno. As importantes mudanças nutricionais, ambientais e fisiológicas que ocorrem nesta fase são grandes promotoras de estresse para o leitão e, por consequência, aumentam a suscetibilidade dos animais a doenças infecciosas. Um dos principais desafios a serem superado agora é a Diarreia Pós-Desmame.

A Diarreia Pós-Desmame é uma das causas principais de perdas econômicas na suinocultura. A doença, multifatorial, acomete os leitões nas duas primeiras semanas após o desmame e pode ocasionar desidratação severa nos animais, retardo no crescimento e até mesmo o óbito de até 10% dos animais afetados. 

Créditos: Pixabay

“As mudanças nutricionais e fisiológicas que acontecem no desmame, podem interferir na integridade da barreira intestinal e de suas vilosidades, além de promover alterações na microbiota intestinal dos leitões. A Diarreia Pós-Desmame torna-se mais perigosa quando ocorre proliferação de bactérias patogênicas na microbiota, principalmente Escherichia coli produtora da toxina Shiga 2, responsável também pela Doença do Edema”, explica Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de serviços veterinários de suínos da Ceva Saúde Animal. 

A Doença do Edema citada pelo profissional é uma toxinfecção com alta taxa de mortalidade dos leitões, caracterizada pela ocorrência de incoordenação, dificuldades locomotoras, apatia e edema de face, com evolução para paralisia de membros, tremores, convulsões e movimentos de pedalagem. A toxina responsável pela doença é produzida pela bactéria E. coli e absorvida com maior facilidade pelo organismo dos leitões devido às modificações fisiológicas que ocorrem no epitélio intestinal entre 4 e 15 dias após a desmama. 

“Frente a estes desafios, o óxido de zinco passou a ser utilizado na suinocultura no início da década de 90 para prevenir a Diarreia Pós-Desmame e aumentar a taxa de crescimento dos leitões. Por ser uma solução financeiramente acessível, foi facilmente adotada por toda a cadeia produtora de proteína suína, e trouxe excelentes resultados para o setor”, Pedro conta.

Apesar dos benefícios, as desvantagens geram preocupações.

Mesmo com sua eficácia comprovada e mundialmente reconhecida, o mecanismo de ação do Óxido de Zinco não é totalmente claro, e aproximadamente 80% da quantidade ingerida pelo animal é excretada em suas fezes, que são comumente utilizadas como fertilizante natural por agricultores, podendo potencialmente contaminar solo e lençóis freáticos, impactando também a fauna e flora.

Embora seja um mineral essencial ao funcionamento adequado do organismo, o excesso de Zinco pode se acumular em órgãos importantes como os rins, fígado e pâncreas, podendo ter efeito tóxico e comprometer a vida produtiva do animal. 

Alguns pesquisadores apontam que o Óxido de Zinco pode potencializar o mecanismo de resistência bacteriana contra alguns antimicrobianos, sugerindo uma utilização racional como é feito com os antibióticos. Além disso, problemas nutricionais na absorção de fósforo e outros minerais pelos suínos podem estar diretamente relacionados ao uso indiscriminado do Óxido de Zinco nas granjas.

Estes fatores levantaram alerta sobre o uso indiscriminado ou excessivo do Óxido de Zinco na suinocultura e expuseram a necessidade de buscar por novas soluções para a produção de proteína suína saudável e com menores impactos ao meio ambiente.

Restrições em escala global 

A conjunção destes efeitos negativos levou a Agência Europeia (EMA) a banir o uso de Óxido de Zinco para os leitões na fase de desmame. Tal feito vem sendo trabalhado desde 2017 e, a partir de junho de 2022, o seu uso passou a ser permitido somente com fim terapêutico, tolerado apenas com doses inferiores a 150 ppm.

O Canadá também aderiu à restrição do Óxido de Zinco, limitando a inclusão de apenas 350 ppm do mineral na alimentação dos leitões. Já a China limitou a inclusão em suas granjas para 1600 ppm. 

“No Brasil, assim como nos Estados Unidos, ainda não existem restrições reais sobre o uso de Óxido de Zinco nas granjas, porém devido ao nosso importante papel na cadeia de produção e exportação de proteína suína, é possível que em breve sejamos impactados por diretrizes que prezem pelo banimento ou redução deste mineral da cadeia produtiva”, comenta Filsner. 

A busca por alternativas

Ciente do desafio, a indústria de saúde animal não mede esforços na busca de alternativas que sejam igualmente eficazes no combate à Diarreia Pós-Desmame e, especialmente, à Doença do Edema. Os esforços devem ser somados em vários níveis, com manejo, biossegurança e nutrição tendo mais atenção.

Este último fator já vem conquistando seu espaço, com diversos aditivos nutricionais sendo estudados e disponibilizados no mercado, sejam prebióticos, probióticos, simbióticos, ácidos orgânicos, entre outros. 

“O banimento do Óxido de Zinco tira toda a cadeia produtiva da zona de conforto em busca de melhores soluções, e este é um movimento interessante. É muito difícil que um único elemento consiga ter o mesmo efeito do Óxido de Zinco na prevenção da Diarreia Pós-Desmame e da Doença do Edema, a meu ver, serão abordagens multifatoriais e para esta última, inclusive, acredito que a vacinação poderá ser uma ótima alternativa”, finaliza.

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