Autores
Marcelo do Amaral Santana
Analista do Núcleo de Ações Estratégicas (NAE) da Embrapa Mandioca e Fruticultura (CNPMF)
marcelo.santana@embrapa.br
O mamoeiro é cultivado na Ásia, nas Américas e na África, que, juntas, produziram em 2016 cerca de 13,05 milhões de toneladas de frutos. O Brasil é responsável por 10,9% da produção mundial, o que equivale a 1,4 milhão de toneladas da fruta. Nos últimos anos, o Brasil exportou a quantidade de frutos que corresponde a US$ 42 milhões, mas a maior parte de sua produção é consumida no mercado interno.
Em 2017, o Brasil teve a área de 26.526 ha colhidos com mamoeiro, sendo a Bahia o principal produtor de mamão do País (368.875 t), seguido pelo Espírito Santo (311.150 t), Ceará (115.525 t), Rio Grande do Norte (86.342 t) e Minas Gerais (43.556 t).
No ano de 2016, a produtividade média da cultura no Brasil foi de 39,85 t ha-1, mas a Bahia apresentou produtividade média de 40,81 t ha-1, enquanto os demais estados apresentaram produtividades abaixo da média nacional.
A importância social da cultura do mamoeiro é também de grande relevância, por ser geradora de empregos (diretos e indiretos) e renda, haja vista a absorção de mão de obra durante o ano todo, já que os tratos culturais, a colheita e a comercialização são efetuadas de maneira contínua nas lavouras, além de os plantios serem renovados, em média, a cada dois ou três anos, garantindo a permanência do homem no campo e contribuindo para a redução do êxodo rural.
Produção brasileira de mamão em 2017
Estados | Área Colhida (ha) | Produção (t) | Rendimento (t/ha) |
Bahia | 9.039 | 368.875 | 40,81 |
Espírito Santo | 6.118 | 311.150 | 50,86 |
Ceará | 2.603 | 115.525 | 44,38 |
Rio Grande do Norte | 1.847 | 86.342 | 46,75 |
Minas Gerais | 1.346 | 43.556 | 32,36 |
Paraíba | 979 | 36.924 | 37,72 |
Amazonas | 1.109 | 25.873 | 23,33 |
São Paulo | 322 | 13.672 | 42,46 |
Pará | 748 | 13.335 | 17,83 |
Alagoas | 416 | 11.168 | 26,85 |
Rondônia | 288 | 4.455 | 15,47 |
Acre | 321 | 4.220 | 13,15 |
Mato Grosso do Sul | 126 | 3.910 | 31,03 |
Pernambuco | 203 | 3.584 | 17,66 |
Maranhão | 188 | 3.123 | 16,61 |
Sergipe | 65 | 2.412 | 37,11 |
Mato Grosso | 114 | 2.263 | 19,85 |
Rio Grande do Sul | 176 | 1.475 | 8,38 |
Paraná | 75 | 1.473 | 19,64 |
Roraima | 240 | 1.265 | 5,27 |
Goiás | 47 | 758 | 16,13 |
Distrito Federal | 25 | 475 | 19,00 |
Amapá | 60 | 464 | 7,73 |
Piauí | 27 | 451 | 16,70 |
Tocantins | 42 | 319 | 7,60 |
Rio de Janeiro | 2 | 34 | 17,00 |
Santa Catarina | – | – | – |
BRASIL | 26.526 | 1.057.101 | 39,85 |
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal, 2017. Consultado em 17/09/2018. |
Pesquisas
A pesquisa atua em diferentes áreas do conhecimento, gerando alternativas tecnológicas para o cultivo mais adequado do mamoeiro. Merecem destaque os trabalhos de melhoramento genético, manejo do solo, controle integrado de pragas, doenças e de plantas invasoras, além de alternativas de agregação de valor ao produto, por meio do manejo pós-colheita e do processamento da fruta.
Sistemas de produção integrada já estão disponíveis e o cultivo de mamão orgânico está sendo avaliado para permitir maior grau de sustentabilidade ao agronegócio do mamoeiro. A pesquisa também é uma das responsáveis pelo estabelecimento do System Approach, conjunto de práticas que permitem a exportação da fruta para mercados mais exigentes.
Apesar da grande produção, o Brasil não é o maior exportador, mas tem aumentado o volume de vendas para o mercado externo nos últimos anos.
Linhagem pura e híbridos
No caso do mamoeiro, é importante reunir, numa mesma variedade, as características de maior produtividade, menor porte, resistência a doenças e longevidade pós-colheita dos frutos.
As sementes das variedades híbridas, como a Tainung nº 1 e a Calimosa (Uenf/Caliman 01), não devem ser aproveitadas para um novo plantio, por haver segregação de suas características na geração F2. Nesse caso, as plantas obtidas a partir de sementes de frutos híbridos serão muito diferentes entre si e acarretarão perda de produtividade.
As variedades de mamoeiro são classificadas em dois grupos, Solo e Formosa. O grupo Solo, no qual se encontra a maioria das cultivares de mamoeiro utilizadas no mundo, apresenta frutos com peso médio de 350 g a 600 g.
O grupo Formosa é composto por mamoeiros que apresentam frutos com peso médio de 800 g a 1.100 g.
No grupo Solo, destacam-se as cultivares Sunrise Solo (conhecido também por Havaí, Papaya ou Amazônia), Golden, Improved Sunrise Solo Line 72/12, Baixinho de Santa Amália, Taiwan, Kapoho Solo, Waimanalo e Higgins.
No grupo Formosa, destaca-se como a cultivar economicamente mais importante o híbrido F1 Tainung nº 1.
A cultivar Sunrise Solo apresenta como características: fruto proveniente de flor feminina ovalado e de flor hermafrodita piriforme, peso médio de 500 g, casca lisa e firme, polpa vermelho-alaranjada, de boa qualidade e cavidade interna estrelada, floração iniciada com três a quatro meses de idade, com altura de inserção das flores de 70 cm a 80 cm e produção com início oito a 10 meses após o plantio, produzindo, em média, 45 t/ha/ano.
A produtividade média das cultivares é a seguinte:
Sunrise Solo, 45 t/ha/ano.
Golden, 40 t/ha/ano.
Híbrido F1 Tainung nº 1, 60 t/ha/ano.
Colheita e pós-colheita
Para as variedades do grupo Formosa, o peso médio dos frutos deve variar de 800 g a 1.100 g; para as variedades do grupo Solo, de 350 g a 550 g. Os frutos devem apresentar casca lisa e sem manchas ou danos mecânicos e coloração típica da variedade.
Os frutos do mamoeiro devem ser colhidos antes de sua total maturação, porque eles têm capacidade de continuar seu processo de maturação após a colheita. O fruto é climatérico, com aumento característico na taxa de respiração e de produção de etileno durante o amadurecimento, o que lhe confere essa capacidade.
Mas, apesar do padrão climatérico, o fruto pode não amadurecer caso tenha sido colhido muito imaturo, antes de ter atingido a maturidade fisiológica, estádio visualmente identificado pelo aparecimento de estrias levemente amareladas na casca, na parte distal do fruto, e por sementes de coloração preta.
A depender da variedade e das condições climáticas, o mamão completa a maturação na planta quatro a seis meses após a abertura da flor.
Para comercialização e consumo local, deve-se colher os frutos quando apresentarem estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. Frutos destinados à exportação ou armazenamento por períodos longos devem ser colhidos na fase entremaduro (“de vez”), caracterizada pela mudança da cor verde-escura para verde-clara da casca, pelo início da coloração rósea da polpa e pelo amadurecimento das sementes, que se tornam negras.
O mamão deve ser colhido manualmente, destacando-se os frutos da planta por meio de torção até a ruptura do pedúnculo.