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terça-feira, abril 30, 2024
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Plantio linha a linha: a semente no lugar certo

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Aldir Carpes Marques Filho
aldir@ufla.br
Rafael de Oliveira Faria
Doutores e professores – Departamento Engenharia Agrícola – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
rafael.faria@ufla.br
Colaboração: Hiago de Carvalho Marangon e Lucas Rosa – Trimble-Brasil

Uma das principais etapas produtivas é a semeadura, já que neste momento são empregados recursos de alto valor econômico, como sementes e fertilizantes. Portanto, altas velocidades e erros na regulagem das máquinas podem afetar o sucesso produtivo da lavoura.

Muitas tecnologias têm surgido para auxiliar os produtores no momento da semeadura. Uma das principais inovações do setor são os monitores de plantio e a possibilidade de deposição em taxas variáveis de sementes e fertilizantes. O manejo da variabilidade espacial da lavoura e a aplicação de insumos de forma localizada são pilares da chamada “agricultura de precisão”.

Semeio

Na agricultura tradicional, os insumos são depositados em taxa fixa na lavoura, ou seja, planeja-se cada operação com base em dados médios em cada talhão. Assim, as máquinas de semeadura são reguladas previamente para a deposição de um número fixo de sementes e fertilizante a cada metro de lavoura.

Para a cultura do milho, com linhas de plantio espaçadas entre 0,45 e 0,50m, temos em média de 2,7 a três plantas por metro de lavoura (população média de 60.000 plantas/ha). Já para a cultura da soja, densidades de sementes entre 10 e 25 sementes por metro são comuns nas lavouras brasileiras (populações entre 200 e 400.000 plantas/ha).

Tradicionalmente, nas máquinas de semeadura em taxa fixa, as regulagens de deposição de sementes e adubo são realizadas por engrenagens e sistemas motrizes, como rodas pneumáticas ou metálicas.

Estas rodas, ao serem tracionadas no momento da semeadura, movimentam os dosadores pela relação de transmissão fixa, dosando fertilizante e sementes na mesma quantidade em toda a área agrícola.

No entanto, essa realidade tem sido alterada nos últimos anos, já que os agricultores que praticam a agricultura de precisão passaram a reconhecer pontos de maior ou menor produtividade em suas lavouras e, desta forma, alteraram a quantidade de insumos em cada uma dessas áreas.

Evolução

Inicialmente, os agricultores passaram a determinar “zonas de manejo diferenciado”, onde demarcava-se a área produtiva e em cada uma dessas áreas com manejo diferenciado, realizava-se a semeadura e adubação em taxas fixas.

Atualmente, as máquinas agrícolas possuem recursos tecnológicos importantes, como os “GPS”, que associados a dispositivos de direcionamento (piloto automático), permitem o reconhecimento em tempo real a geolocalização da máquina no campo e, na operação de semeadura, da posição das unidades semeadoras em cada ponto da lavoura. Isso permite a semeadura de precisão, ou semeadura à taxa variável.

Nas máquinas de semeadura à taxa variável, os dosadores possuem acionamento independente, o que possibilita o corte exato das seções no momento da sobreposição de linhas, propiciando economia de sementes e fertilizantes em áreas de acabamento e bordaduras (6% em áreas quadráticas regulares e 18% em áreas irregulares tipo ameba).

Além disso, nas áreas de maior potencial da lavoura, os dosadores podem incrementar maior quantidade de sementes e fertilizantes. Em contraponto, nas áreas de baixa produtividade, podem ser aportados menores recursos e taxas reduzidas.

Precisão

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Os sistemas de semeadura à taxa variável contam com controladores, sensores e atuadores, que trabalhando em conjunto, permitem o reconhecimento das diferentes áreas de manejo e a dosagem diferenciada. Os controladores são o cérebro do sistema, e são compostos por uma interface homem máquina (IHM), ou “monitor” no interior da cabine do trator, com processamento independente, que comunica com sensores de fluxo de fertilizantes e contagem de sementes instalados nas unidades de semeadura.

Os atuadores são motores elétricos ou hidráulicos que controlam uma ou mais linhas de semeadura. Conforme calibração, de acordo com a dosagem desejada de fertilizantes e sementes, o controlador aciona os dispositivos dosadores através dos motores de acionamento independentes.

Essa programação pode ser realizada previamente no sistema por meio do carregamento de um mapa das condições do terreno contendo a prescrição da dose de insumos em função do tipo de solo, fertilidade, produtividade na safra anterior, entre outros fatores de gestão localizada.

Em tempo real

Os monitores e sistemas de taxa variável também permitem a alteração em tempo real na operação, bastando, para isso, que o operador faça ajustes no computador de bordo (IHM do controlador) no momento da semeadura.

Esse tipo de ajuste é interessante em áreas previamente conhecidas pelo produtor, como bordas, cantos e terraços, onde, mesmo sem um mapa pré-elaborado, ele pode ajustar o sistema para taxas diferenciadas de deposição de sementes e fertilizantes.

As culturas agronômicas estão, a cada ano, sendo aprimoradas do ponto de vista genético e produtivo, portanto, o correto espaçamento entre plantas e a manutenção da população ideal de plantas por hectare são fatores decisivos para o sucesso da lavoura.

Dessa forma, os dispositivos de taxa variável permitem o melhor controle dessas variáveis e propiciam o correto estabelecimento da lavoura.

O estabelecimento de populações ideais, comumente planejado para suprimir problemas de vigor das sementes e regulagens falhas da máquina, podem favorecer o desenvolvimento das plantas em termos de acesso a fatores importantes, como luz e nutrientes.

Além disso, em culturas corretamente estabelecidas, menos adensadas, ocorrem menores possibilidades de acamamento e os tratos fitossanitários são favorecidos pela melhor penetração de gotas no interior do dossel.

Uma das grandes vantagens dos sistemas em taxa variável de semeadura é a economia de sementes com a manutenção, e até mesmo o incremento na produtividade da lavoura, já que o arranjo das plantas é melhorado.

Desafios

Fazer acabamentos de semeadura em áreas de bordadura sempre foi um desafio na operação de semeadura e, nos sistemas tradicionais, invariavelmente ocorriam sobreposições das linhas de plantas, desperdiçando sementes e fertilizantes.

No caso da cultura do milho, nessas áreas de sobreposição, outro problema ocorre no momento da colheita, já que as máquinas possuem capacidade de colheita limitada a uma linha por vez para o correto arranquio das espigas. Assim, nos locais de linhas sobrepostas aumenta-se a possibilidade de perdas.

É importante ressaltar que os sistemas tecnológicos de semeadura chegaram para facilitar a vida dos produtores, reduzindo custos e aumentando a rentabilidade das lavouras. No entanto, não podemos esquecer que na agricultura atual, ainda falta fazer o “básico bem-feito”, ou seja, é necessário o cuidado com os dispositivos de dosagem, manutenção e regulagens das máquinas, respeito à ajustes fundamentais como velocidade operacional e controle de profundidade de deposição de sementes e fertilizantes.

Dessa forma, começamos a caminhar em direção de uma agricultura mais sustentável e produtiva.

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