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Pragas e doenças do coqueiro

Adenir Vieira Teodoro adenir.teodoro@embrapa.br 

Joana Maria Santos Ferreira joana.ferreira@embrapa.br  

Dulce Regina Nunes Warwick dulce.warwick@embrapa.br

Viviane Talamini viviane.talamini@embrapa.br

Engenheiros agrônomos e pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coqueiro – Crédito: Shutterstock

O coqueiro, em todas as fases de seu desenvolvimento, sofre a ação de inúmeros insetos-pragas e doenças que danificam órgãos vitais da planta como, folhas, flores, frutos e estipes, causando abortamento, queda prematura, atraso no desenvolvimento, retardo na entrada de produção, baixa produtividade/produção ou a sua morte.

A abundância e a distribuição dos insetos e dos fitopatógenos na natureza estão condicionadas, além dos fatores abióticos, à atividade de seus inimigos naturais (predadores, parasitoides e patógenos).

A ocorrência dos insetos-pragas e de doenças na plantação está relacionada com as questões ambientais específicas de cada região produtora e com os manejos cultural e fitossanitário empregados na propriedade. A presença de uma dessas espécies pode ser tolerada na plantação até determinado nível de dano sem que cause prejuízos econômicos.

Por isso, no manejo de uma plantação de coqueiro, é importante a prática de inspecionar regularmente a plantação para detectar e identificar problemas de pragas e doenças, tão logo apareçam na área, devendo-se avaliar o grau de infestação/infecção nas plantas ou na plantação e a importância econômica dos danos causados.

Principais pragas

Dentre as principais pragas, os ácaros, as brocas, os desfolhadores, a traça e os sugadores têm papel de relevada importância pelos prejuízos causados à lavoura de coco, por perdas na produção, produtividade e qualidade do produto. Todos são de fácil disseminação, alguns de difícil localização na planta e outros com grande capacidade de reprodução/sobrevivência, o que dificulta, muitas vezes, a utilização de medidas eficientes de controle.

Existem cinco espécies de ácaros fitófagos em coqueiros no Brasil e, destas, Aceria guerreronis e Amrineus cocofolius são relatadas, causando danos em frutos.

As brocas causam danos às plantas, geralmente, na fase larval. Algumas, na sua fase adulta, são consideradas como principais vetores de doenças. Os mais importantes insetos desfolhadores do coqueiro-anão são a lagarta Brassolis sophorae na planta safreira e a barata-do-coqueiro Coraliomela brunnea na planta jovem.

Nova ocorrência

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Recentemente, grandes ataques de mosca-branca têm sido registrados em coqueiro-anão e híbridos, que causam grandes prejuízos à produção da planta. A espécie mais comum foi identificada pelos professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), como Aleurodicus pseudugesii.

Outras oito espécies já foram também identificadas. O coqueiro atacado fica com a face inferior dos folíolos coberta por uma camada branca e serosa e inúmeros fios alongados translúcidos e açucarados que se dissolvem ao ser tocados. A face superior dos folíolos fica coberta pela fumagina.

Tanto a camada branca e serosa quanto a fumagina são barreiras físicas que interferem nos processos de fotossíntese e respiração da planta, causando, consequentemente, redução da produção. Todas as folhas do coqueiro são colonizadas e o ataque pode atingir todas as plantas.

Até o momento, não foram observadas evidências da associação da mosca-branca com doenças viróticas, em coqueiro. Uma perda de 35,9% foi registrada em um plantio de coqueiro-Anão-verde no município de Paracuru, CE. Acredita-se que essa perda possa chegar a índices bem maiores, em caso de o ataque da praga não ser debelado.

Para o controle de plantios ainda jovens e de mudas, usar uma mistura de óleo de algodão bruto a 2% + detergente neutro a 1% ou óleos vegetais emulsionáveis a 2% em pulverizações quinzenais para eliminação dos adultos emergentes. As pulverizações devem ser realizadas sempre nas horas mais amenas, com menos vento e dirigidas para a face ventral dos folíolos das folhas infestadas.

Não há definição de controle da mosca-branca para plantios adultos por causa, principalmente, da falta de produtos químicos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para uso em coqueiro, e de equipamentos adequados ao porte das plantas.

Principais doenças

A cultura do coqueiro é suscetível a um grande número de doenças que podem ser causadas por fungos, fitoplasmas e nematoides. O conjunto de doenças foliares, com exceção da mancha-foliar, provoca a morte prematura das folhas basais do coqueiro diminuindo em até 50% a área fotossintética da planta.

Na ausência dessas folhas, os cachos perdem seu apoio e ficam pendurados, o fluxo da seiva é interrompido e, em consequência, os frutos caem antes de completarem a maturação.

Podridão-seca

Doença bastante comum em viveiro e em plantas jovens. A podridão-seca, cuja ocorrência também tem sido registrada em plantas adultas no Brasil, é uma doença letal de etiologia indefinida, contudo com sintomas similares aos causados por um grupo de fitoplasmas.

Apresenta como sintoma externo a paralisação do crescimento e o secamento da folha central (flecha), secamento de folhas novas e, como sintoma interno, lesões marrons, com aparência de cortiça que são observadas ao se fazer um corte longitudinal no coleto da planta. A doença é transmitida por homópteros da família Delphacidae: Sogatella cubana e S. kolophon, que vivem em diversas espécies de gramíneas.

Anel-vermelho

Doença causada pelo nematoide Bursaphelenchus cocophilus (Nemata, Aphelenchida: Aphelenchoides) e caracterizada externamente pelo aparecimento de uma coloração amarelo-ouro nas folhas mais velhas, começando na ponta dos folíolos e avançando em direção à ráquis e destas folhas para as mais novas, e internamente, por uma faixa avermelhada de 2,0 a 4,0 cm de largura no estipe do coqueiro, o qual é típico da doença.

Relata-se ser o nematoide transmitido pela broca R. palmarum, no contato direto entre a raiz de uma planta contaminada e a de uma planta sadia, pelas ferramentas usadas na colheita, ou pelo corte de raízes durante a operação de gradagem.

Resinose

Os primeiros relatos da doença surgiram em 2004 e, desde então, a doença tem se disseminado gradualmente aumentando o número de propriedades, de focos e de coqueiros infectados a cada ano. O agente causal é o fungo Thielaviopsis paradoxa.

O principal sintoma da resinose é a exsudação da seiva que escorre pelas rachaduras no estipe. A infecção do patógeno progride de fora para dentro da planta. Retirando-se a porção do estipe na área lesionada, com o auxílio de um facão, são encontrados tecidos de cor marrom-escuros, marrom-claros a amarelados, de textura macia e úmida.

Essas lesões ocorrem em geral na base da planta e progridem de forma ascendente, mas podem aparecer em qualquer altura do estipe, atingindo e estendendo-se nos feixes centrais da planta.

Como sintoma reflexo, as plantas apresentam afinamento do tronco na região próxima à copa, redução na emissão e tamanho de folhas, folhas mais velhas tornam-se empardecidas e quebram na base, inflorescências, cachos e frutos ficam enegrecidos, comprometendo a produção.

Solos contaminados, respingos de água no estipe da planta, restos culturais contaminados e ferramentas utilizadas na colheita ou na erradicação das plantas doentes também são importantes disseminadores da doença. Existe a possibilidade de transmissão desta doença por inseto uma vez que já foi detectada a presença de T. paradoxa nos insetos R. palmarum, Rhinostomus barbirostris, Metamasius hemipterus e Homalinotus depressus.

As recomendações de controle das doenças de coqueiro são com base no uso de medidas profiláticas e de medidas curativas menos agressivas, de acordo com a natureza de cada patógeno envolvido e a presença dos insetos-vetores. Ressalta-se a importância do diagnóstico correto da doença e da orientação de um profissional habilitado para recomendações dos métodos de controle com base nos produtos permitidos para uso na cultura.

Amarelecimento letal

O amarelecimento letal do coqueiro (AL) é uma das doenças mais agressivas para cultura do coqueiro e palmáceas em geral, e que pode em breve chegar ao Brasil, sendo considerada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) uma praga quarentenária ausente no país.

É causado por um microrganismo do tipo fitoplasma, denominado Candidatus Phytoplasma palmae. A transmissão desta doença entre plantas ocorre por meio de insetos vetores que conseguem adquirir o fitoplasma em uma planta doente e transmitir para uma planta sadia. Na Flórida, foi comprovada a transmissão do AL pelo vetor Haplaxius (Myndus) crudus, da família Cixiidae

Em levantamento de potenciais vetores do AL nas principais regiões produtoras de coco do Brasil foi confirmada a ocorrência de H. crudus em plantios na região Norte potencializando o risco de disseminação da doença no país após a sua introdução.

O AL está presente em países da América Central e do Caribe, na América do Norte ocorre no México e nos Estados Unidos, em países da África Oriental e Ocidental sendo recentemente confirmada a sua ocorrência em Papua Nova Guiné no Oceano Pacífico. Estes locais apresentam conexão constante com o Brasil por meio de regiões de fronteira ou por rotas aéreas e marítimas, tanto turísticas quanto comerciais proporcionando elevado risco da introdução do agente causal desta doença seja por meio de material vegetal ou pelo inseto vetor contaminados.

Em uma recente ação institucional do Mapa e da Embrapa, sobre priorização de pragas quarentenárias ausentes, o AL recebeu prioridade alta, estando entre as dez pragas com maior risco de introdução no Brasil e de provocar elevados prejuízos econômicos e sociais.

Registrada a doença em uma área, a paisagem muda em questão de meses. Os coqueirais afetados ficam, na fase final da doença, com os estipes sem folhas, lembrando postes após uma explosão, e a imagem contrasta com os cartões postais de praias tropicais.

Controle

O melhor método de controle desta doença é o preventivo, evitando a introdução da doença em território Nacional, e, no caso de introdução, um plano de contingenciamento deve ser colocado rapidamente em prática.

Estas ações devem incluir o manejo integrado, incluindo o uso de mistura das variedades menos suscetíveis, a erradicação das plantas infectadas, o controle do inseto vetor e, quando possível, o tratamento das plantas. Isto pode reduzir ou até mesmo bloquear o progresso da doença, ressaltando-se que estas ações devem ser realizadas assim que as primeiras plantas doentes forem detectadas.

Por isso, é de extrema importância realizar um programa de vigilância sanitária epidemiológica em países onde o AL ainda não está presente.

Atrofia letal da coroa do coqueiro – ALCC

Nos últimos anos verifica-se a disseminação de uma sintomatologia emergente, que pode causar a morte de coqueiros, em diferentes estados do Brasil. Os sintomas aparecem em folhas mais jovens, onde as extremidades dos folíolos tornam-se necróticas e torcidas, seguida da redução de seu comprimento, culminando com a atrofia de todas as folhas da planta.

Com a evolução dos sintomas, o meristema apical é atingido e o coqueiro morre. Primeiramente relatada em Pernambuco, esta sintomatologia foi denominada de atrofia letal da coroa do coqueiro (ALCC) devido às suas características. A ALCC é observada em plantas safreiras, nas variedades de coqueiro anão, gigantes e coqueiros híbridos. Além de Pernambuco, plantas com sintoma da ALCC já foram detectadas na Bahia, Espírito Santo, Pará, Paraíba e Roraima, e mais recentemente em Sergipe.

A incidência e severidade da ALCC são variáveis, já tendo sido encontradas situações de quase 50% das plantas do coqueiral com a sintomatologia. A ALCC se assemelha muito com a doença denominada Porroca, relatada na Colômbia e no Panamá, com casos também descritos no Peru e na Guiana Francesa. O agente etiológico da ALCC no Brasil está sob investigação, não se descartando a possibilidade da ALCC se tratar de complexo biótico-nutricional.

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