Túlio de Paula Pires
Engenheiro agrônomo, mestrando em Agricultura e Informações Geoespaciais – Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pesquisador Fronterra
tuliopiresagro@gmail.com
Alisson André Vicente Campos
Engenheiro agrônomo, doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) e pesquisador Fronterra
alissonavcampos@yahoo.com.br
A broca-do-café (Hypothenemus hampei) é a uma das principais pragas do cafeeiro no Brasil. Pertencente à ordem coleóptera, é um besouro de coloração preta, e de forma geral são as fêmeas adultas que atacam a coroa do grão de café e, consequentemente, o perfura e logo depositam seus ovos.
Seu ciclo de vida tem aproximadamente cerca de 22 a 35 dias, dependendo das condições climáticas do local, podendo, com temperaturas mais altas, ter a diminuição do seu ciclo, seguindo com a metamorfose de ovo (quatro dias), larva (15 dias), pupa (dois dias) e adulto (macho 40 dias e fêmeas 156 dias).
Comportamento da praga
Seu aspecto comportamental vem com o primeiro ataque após cerca de 80 a 90 dias após a grande florada (dezembro/janeiro dependendo da região), visto que realiza somente um furo de marcação no fruto e somente após 50 dias a praga retorna para fazer a oviposição.
A fêmea fecundada perfura o fruto de café, faz uma galeria no seu interior e coloca os ovos dentro do fruto, de coloração branco leitosa, podendo ovipositar de 31 a 119 ovos durante o ciclo. A eclosão dos ovos dá origem às larvas, na qual se alimentam das sementes dos frutos, causando danos aos mesmos.
Danos
Os danos causados pela incidência podem ser irreversíveis, visto que a mesma pode ocasionar quedas iniciais dos frutos, como também redução de peso dos frutos de café em até 21%, podendo, ainda, ocasionar depreciação do grão colhido devido ao aumento de grãos defeituosos (brocados e quebrados).
Vale lembrar que, na classificação física dos grãos de café, de dois a cinco grãos brocados é considerado como defeito pela classificação por tipo. Outro fator prejudicial é o dano causado pela abertura de orifícios nos grãos causados pela larva da broca-do-café, que de certa forma podem servir de porta de entrada para fungos e patógenos, ocasionando assim perdas na qualidade de bebida devido a fermentações indesejáveis no grão.
Pelo Brasil afora
Na maioria das regiões produtoras de café há problemas com a broca, devido à má colheita, deixando muitos frutos remanescentes nas lavouras, servindo como porta de entrada para o inseto.
Regiões onde a colheita é mecanizada tendem a ter maior incidência de broca, devido à grande quantidade frutos que ficam remanescentes nos cafeeiros, visto que propiciam maior incidência de broca na lavoura, ou também regiões onde o clima é mais úmido, o que favorece a propagação do inseto.
Em São Paulo (região da Alta Mogiana), Minas Gerais (Sul de Minas) e Paraná (Norte do Paraná), a broca tem causado prejuízos, devendo ser controlada preventivamente para que não atinja níveis de dano econômico.
Condições para a praga e controle
A broca-do-café sobrevive de uma safra para outra nos frutos remanescentes da colheita, seja na planta ou no chão. Nesse sentido, uma colheita e varrição mal feitas, bem como lavouras abandonadas próximas e um período úmido na entressafra são condições que favorecem a sobrevivência dessa praga.
Para ter lavouras livres de broca-do-café, deve-se fazer uma colheita bem feita, com repasse, sem deixar frutos remanescentes no pé, varrição de excelente qualidade, sem deixar frutos remanescentes no chão, condições ideais para ter uma lavoura livre de broca.
Outra recomendação é se atentar às lavouras próximas que não tenham um manejo eficiente, podendo assim trazer prejuízos ao seu cafeeiro.
Manejo biológico e químico
Para o tratamento da broca-do-café, atrelado aos tratos culturais, o controle biológico com Bauveria bassiana e Metatarhizium anisopilae está sendo muito utilizado nas regiões cafeeiras de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, visto que tem se mostrado muito eficiente no controle do inseto.
Além disso, o controle químico ainda é muito usual entre os produtores, por ser rápido. Os principais ingredientes ativos utilizados no controle de broca são abamectina, clorantraniliprole, acetamiprido, ciantraniliprole, bifentrina, espinosade, etc.
O timing da aplicação dos inseticidas para broca é fundamental para o sucesso do controle da praga. A primeira aplicação pode ser realizada com o surgimento dos primeiros insetos adultos no início da formação dos grãos, com reaplicação no período da migração dos insetos adultos (revoada).
Para maior sucesso no manejo, é importante rotacionar os inseticidas quanto ao modo de ação.