20.6 C
Uberlândia
quinta-feira, maio 2, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosQual o consumo de água do café?

Qual o consumo de água do café?

A produção de café requer uma quantidade significativa de água.

Abida Martins Silveira
Engenheira agrônoma – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
abidamartinssilveira@outlook.com

A produção nacional de café se concentra em duas espécies – arábica, sendo o mais popular mundialmente, devido ao seu aroma intenso e sabor suave, e o robusta, com sabor forte e encorpado.
É essencial compreender as interações entre os fatores ambientais e ecofisiológicos do cafeeiro, visando o aprimoramento do manejo e o desenvolvimento ideal da cultura, assim como a produtividade e qualidade do fruto.

Foto: Luize Hess

Características

O café é uma planta que tem como condição ideal locais com altitudes de 1.600 – 2.800 metros de altura, temperatura anual média de 20°C, chuvas de 1.600 a 2.500 mm por ano e período seco bem estabelecido, de outubro a janeiro.
O ciclo fenológico do cafeeiro é composto por quatro estádios: florescimento, expansão rápida, enchimento de grãos e maturação dos frutos. O déficit hídrico limita o crescimento vegetativo, na fase de chumbinho, ocasionando má formação dos grãos, que são os frutos mal granados ou chochos, que por consequência geram redução de valor para comercialização.
No estádio de maturação, pode causar perdas significativas na produção do ano seguinte.

Necessidades hídricas

O cafeeiro é uma planta que necessita, em média, de 4,5 a 5,0 litros de água por dia, podendo variar conforme a região onde foi instalado o cafezal. Devido à alta demanda, cada vez mais a água tem se tornado um insumo valioso para a cafeicultura.
Seu uso responsável pode promover aumento na produtividade e disponibilidade de nutrientes presentes no solo, assim como melhorar a eficiência na condução de fertilizantes e defensivos.

Sistemas de irrigação por aspersão

Cerca de 10% das áreas com café são irrigadas, as quais concentram-se principalmente nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e oeste da Bahia. Existem dois grupos de sistemas de irrigação – aqueles em área total e os que são de aplicação localizada.
Aqueles de área total compreendem a irrigação por pivô central, irrigando tanto as linhas quanto as entrelinhas do café. A desvantagem desse sistema está no alto volume de água utilizado, além de favorecer o crescimento de plantas daninhas nas entrelinhas, que aumenta a necessidade de controle das mesmas.
No sistema por aspersão, a água é lançada sobre a superfície do terreno, similar a uma chuva, por apresentar o fracionamento do jato em gotas. Esse sistema pode ser fixo, semi-fixo e portátil.
Apresenta como vantagens o bom controle da lâmina de água, adaptável a qualquer tipo de solo e topografia, além do baixo custo para a implantação. Por outro lado, apresenta elevados custos iniciais de operação e manutenção, distribuição de água muito afetada pelos fatores climáticos, principalmente pelo vento, e favorecimento do desenvolvimento de algumas doenças.
Devido à distribuição afetada, neste método de aspersão convencional é necessário entre sete e oito litros para que a planta absorva a média de 4,5 a 5 litros de água.

Irrigação por gotejamento

Já o sistema de irrigação por gotejamento consiste na distribuição via tubulação de polietileno ao lado da linha de plantio, sobre a superfície do solo. A aplicação é apenas em uma parte da área, na região da zona radicular, que corresponde a 1/3 da área sombreada pelas plantas ou na projeção da copa das mesmas.
Apresenta como vantagem a menor perda de água por evaporação direta devido à menor exposição da área molhada à atmosfera, alta uniformidade de aplicação (90 a 95%), redução nos gastos de água e energia, maior eficiência na aplicação de defensivos e fertilizantes.
Como desvantagens, observam-se riscos de entupimento de emissores ou tubos, alto custo de implantação, possíveis danos às linhas de tubulações por atividade dos trabalhadores e animais, como os roedores.
Quanto à eficiência de aplicação, neste sistema são necessários 5,3 litros para atender a demanda da planta e sobre as perdas, para aspersão se prevê de 10 a 20%, enquanto para gotejamento de 5,0 a 10%.
O método de irrigação por gotejamento pode fornecer até 33% de economia na água utilizada.

Sistemas de irrigação por aspersão em malha

No sistema de malha, as linhas laterais, de derivação e principal são enterradas, necessitando apenas da mudança dos aspersores. É um sistema simples e efetivo, com baixo custo de implantação, reduzido consumo de energia, adaptação a qualquer formato de terreno e possibilidade de fertirrigação.
Em contrapartida, apresenta maior dependência de mão de obra, necessita de um grande número de valetas para acondicionamento dos tubos em malha e dificuldade de automação. Devido a seus benefícios, tem se tornado uma opção promissora.

Sistemas de irrigação por microaspersores

Os microaspersores são compostos pelo sistema de irrigação localizada, que possuem aspersores de tamanho reduzido, podendo ser móveis ou não.
São instalados ao longo da linha da cultura ou diretamente próximos às plantas de café, molhando somente a área sob a saia do cafeeiro. Sua vazão é maior que a dos gotejadores e a eficiência ultrapassa 90%, permitindo maior controle do volume de água, reduzindo o consumo total utilizado, além de evitar períodos prolongados de estresse hídrico.
Entretanto, é um sistema que requer maior investimento inicial com equipamentos, infraestrutura e manutenção para evitar entupimentos ou vazamentos dos microaspersores, além de requerer um planejamento adequado, considerando as necessidades do cafeeiro e as características do terreno.

Sistemas de irrigação por tripas

No sistema de irrigação por tripas, utiliza-se material de polietileno que apresenta microfuros, feitos a partir de laser, onde a mangueira é posicionada próxima às saias do cafeeiro, pela qual a água é aplicada.
É um sistema de baixo custo de implantação e recomendado pela irrigação de “salvação”. Apesar do baixo custo inicial, a principal desvantagem desse método está na necessidade de manutenção frequente, já que a maioria dos projetos utiliza “tripas móveis”, exigindo aproximadamente 30% de reposição anual.

Como escolher

Vale ressaltar que para a escolha do sistema de irrigação apropriado, o produtor deve levar em consideração alguns pontos, como o capital para investimento inicial, características da área que o cafezal será implantado, disponibilidade de mão de obra na região, condições climáticas e ambientais da área, como capacidade hídrica, tipo do solo, temperatura e velocidade do vento.

ARTIGOS RELACIONADOS

ANVISA autoriza uso do paraquat por mais três anos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), vinculada ao Ministério da Saúde, decidiu rever sua posição de suspensão do herbicida paraquat do mercado brasileiro...

Cultivo de pimentas – Um ‘tempero’ a mais na renda agrícola

O cultivo da pimenta tem sido o tempero principal para a economia da Agroindústria Sabor da Colônia, localizada nazona rural de Turuçu (RS). A...

Critérios para um cultivo bem-sucedido de maracujá

A qualidade da muda é fator primordial para a obtenção de altas produtividades. O maracujazeiro pode ser propagado por sementes, estaquia e enxertia. A produção comercial no Brasil é feita basicamente com mudas propagadas por sementes. São utilizados dois processos: em sacolas plásticas ou em tubetes. Atualmente temos disponíveis no mercado cultivares desenvolvidas pelo Instituto Agronômico, Embrapa e Viveiro Flora Brasil.

SUPERBAC inicia o ano com forte presença em eventos agro

A SUPERBAC, empresa pioneira no mercado brasileiro de soluções em biotecnologia e detentora de marcas de fertilizantes como SUPERGAN e Organfós, inicia o ano marcando presença...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!