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Resultados dos agroquímicos e bioestimulantes em batata

Autores

Paulo R. C. Castro
Doutor e professor da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ – ESALQ/USP
prcastro@usp.br
Gabriela R. Campos
ESALQ/USP

Na atualidade, a batata é a terceira fonte alimentar mais importante do mundo, sendo superada apenas pelo arroz e o trigo. No Brasil, o consumo médio por habitante ao ano atinge 15 kg, sendo considerado baixo quando comparado aos 70-80 kg por habitante e por ano de países como Alemanha e Holanda.

A produção está concentrada (94%), basicamente, em quatro Estados: Minas Gerais (32%), São Paulo (27%), Paraná (21%) e Rio Grande do Sul (14%). Os demais Estados produtores (Santa Catarina, Goiás, Bahia, Paraíba e Sergipe) respondem por apenas 6% da produção nacional.

Características

Os tubérculos normalmente formam-se nos topos dos estolões, cujo desenvolvimento é acelerado por condições de dias curtos, baixa temperatura, alta radiação diária e baixo fornecimento de nutrientes.

A iniciação do tubérculo, na parte apical do estolão, está correlacionada com uma mudança na orientação do plano de divisão celular e a um rápido aumento na formação de amido. As atividades das enzimas amido sintase, amido fosforilase, ADP glucose pirofosforilase e UDP glucose pirofosforilase aumentam durante a iniciação do tubérculo ou durante os estágios iniciais do seu desenvolvimento.

Enquanto a fosforilase e a UDP glucose pirofosforilase aumentam à medida que o tubérculo aumenta de diâmetro, mudanças na amido-sintase e ADP glucose pirofosforilase são caracterizadas por uma fase “lag” curta, seguida por um aumento significativo, antes que o diâmetro do tubérculo alcance 7,3 mm.

A maioria dos tubérculos destinados à comercialização é formada dentro do período de duas semanas. Logo depois da iniciação do tubérculo, há um aumento de duas a três vezes na assimilação de CO2 e a proporção de assimilados exportados das folhas é dobrada, sendo a maioria destes conduzidos para os tubérculos.

Agroquímicos

Quanto ao uso de agroquímicos, vários efeitos consistentes da aplicação de ácido giberélico (GA3) podem ser citados: quebra de dormência apical, estímulo de gemas da segunda e terceira axilas, aumento do número de ramos e estímulo do florescimento.

Aplicações de GA3 em tubérculos, por imersão por 10 min. em soluções com concentrações entre 1,0 a 15 mg L-1, dependente da cultivar, resultaram em aceleração do brotamento dos tubérculos e em efeitos variados sobre a produção.

Estudos sobre os efeitos de concentrações de GA3 indicam que 5,0 mg L-1 parecem ser a dosagem adequada para acelerar o brotamento de tubérculos plantados no campo.

Aplicações por pulverizações de daminozide em 3.000 mg L-1 aumentaram o número de tubérculos de tamanho médio, que são melhor aceitos no comércio do que tubérculos muito grandes ou pequenos. Os melhores resultados foram obtidos com pulverizações sobre as folhagens no início da estação de crescimento.

Os resultados demonstraram que outro retardante de crescimento, chlormequat, reduziu o alongamento dos ramos, aumentou a matéria seca e a produção total de tubérculos. Vários estudos indicaram que as concentrações de 250 – 500 mg L-1 estimularam a produção.

Bioestimulantes

Uma tecnologia que pode ser promissora para a cultura da batata é a utilização de produtos que exibam ação bioestimulante para o aumento da produtividade e melhoria da qualidade dos tubérculos de batata.

Produtos obtidos a partir do extrato de algas marinhas podem ser empregados como bioestimulantes e também são fontes de nutrientes suplementares, atuam como condicionantes do solo e auxiliam na preservação da umidade e de minerais, sendo comum o uso de produtos comerciais à base de extrato de alga nas aplicações foliares ou diretamente no solo.

As aplicações de aminoácidos também podem exercer uma ação positiva sobre a produção de batata, melhorando a síntese proteica e de compostos intermediários dos hormônios vegetais endógenos, aumentando a resistência ao estresse hídrico e às altas temperaturas, assim como ao ataque de doenças e pragas.

Também podem ser utilizados como substâncias complexantes para promover uma absorção mais eficiente ou mais restrita de íons ou moléculas por meio da aplicação foliar. Porém, a aplicação isolada de aminoácidos raramente tem mostrados efeitos significativos na produtividade e carece de pesquisas que demonstrem efetivamente a ação positiva da aplicação direta dos aminoácidos.

Pesquisas com algas

Em estudos, a aplicação foliar do extrato de alga (Ascophyllum nodosum) em batata mostrou que as doses de 3,6 e 3,1 L ha-1 do extrato proporcionaram as máximas alturas de plantas (55,12 cm) aos 53 dias após o plantio (DAP) e 68 DAP (53,24 cm), sendo que os resultados apareceram após dois terços do volume ter sido aplicado.

As doses foram aplicadas aos 23, 38 e 53 DAP. A aplicação do extrato de algas não mostrou efeito no aumento do número de tubérculos, porém, houve incremento na produtividade total e comercial dos tubérculos com aplicação de 4 L ha-1, que pode ser justificado pela produção de tubérculos de maior diâmetro.

Custo-benefício

A formação dos tubérculos de batata envolve vias metabólicas complexas, sendo que a aplicação de agroquímicos pode melhorar a qualidade dos produtos finais, assim como os bioestimulantes possuem alto potencial de se estabelecerem como compostos auxiliares do sistema de produção de batata.

Aminoácidos e extratos de algas apresentam maior resposta na produtividade quando aplicados em conjunto com uma solução nutritiva, como micronutrientes. Desta forma, estas substâncias podem promover um grande aumento no vigor da planta em comparação com a aplicação apenas de uma solução nutritiva ou apenas de aminoácidos e/ou extratos de algas.

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