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Severidade da queima bacteriana do alho poró

Leandro Luiz Marcuzzo
Professor e pesquisador – Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul
leandro.marcuzzo@ifc.edu.br
Patricia Goulart da Silva
Engenheira agrônoma – IFC/Campus Rio do Sul
patricia.goulart.da.silva@gmail.com

Pouco se sabe sobre a severidade da queima bacteriana em alho poró e sua relação com a prática da amontoa. Diante disso, o objetivo do trabalho foi avaliar essa prática com a intensidade da doença. Não houve diferença na intensidade e progresso da doença em função do período de amontoa em alho poró.

Foto: Ana Maria Diniz

A cultura

O alho poró é uma espécie predominante invernal, exigindo frio ao longo do ciclo. A planta lembra o alho, porém, é mais vigorosa, com folhas mais largas e mais alongadas.
A amontoa, ou achegamento de terra junto às plantas, é um trato cultural indispensável para obter talos ou pseudocaules de cor branca, macios e de maior valor comercial. São realizadas duas a três amontoas, aterrando-se as plantas para provocar o estiolamento do pseudocaule comestível, exigência para quando o produto se destina à mesa, já que para as agroindústrias a amontoa não é feita.
A queima bacteriana causada por Pseudomonas marginalis pv. marginalis (Brown) Stevens (sin. p. fluorescens biovar II) é desconhecida em alho poró e a prática da amontoa pode refletir no progresso da doença.
Como não se dispõe de informação adicional sobre a amontoa na cultura e sua relação com a severidade da queima bacteriana, este trabalho tem como objetivo avaliar a severidade da doença em função do período de amontoa em alho poró.

Material e métodos

O experimento foi realizado de 14 de junho a 15 de novembro de 2021, no Instituto Federal Catarinense, Campus de Rio do Sul, município de Rio do Sul (SC), com latitude Sul de 27°11’07”, longitude Oeste de 49°39’39” e altitude de 687 metros do nível do mar.
Segundo a classificação de Köeppen, o clima local é subtropical úmido (Cfa) e o solo classificado como Cambissolo Háplico Tb distrófico, com os seguintes atributos químicos: pH em água de 6,0; teores de Ca+2, Mg+2, Al+3 e CTC de 4,2; 1,8; 0,0 e 9,54 cmolc.dm-3, respectivamente; saturação por bases de 66,49%, teor de argila de 30 % m/v e teores de P e K de 14 e 134 mg.dm-3, respectivamente.
Os dados meteorológicos foram obtidos de uma estação Davis® Vantage Vue 300 m, localizado ao lado do experimento e os dados médios durante a condução do experimento foram de 14,9ºC para temperatura do ar, de 15,5 horas de umidade relativa do ar ≥90% e a precipitação pluvial acumulada foi de 554,8 mm.
Sementes de alho poró da cultivar Carrentan foram semeadas na densidade de 3 g.m2, em canteiro coberto com aproximadamente 1,0 cm de pó de serra e, após 60 dias, quando as plantas apresentavam entre 10 – 12 cm e 0,5 cm de diâmetro contendo a primeira folha expandida, foram transplantadas em experimento conduzido em blocos casualizados com três repetições e sete tratamentos constituídos de amontoa aos 30, 60 e 90; 30, 60, 90 e 120; 60 e 90; 60, 90 e 120; 90 e 120; 120 dias e testemunha sem amontoa.
Cada unidade experimental foi representada por uma área de 1,60 x 1,00 m com 40 cm entre fileiras, contendo cinco linhas e de 20 cm entre plantas, totalizando 30 plantas, equivalente a 187.500 planta.ha-1.
A adubação no plantio foi feita com NPK na proporção de 40:300:135 kg.ha-1 e as adubações de cobertura (40 kg.ha-1) com N na forma de ureia (46%) foram feitas aos 30, 60, 90 e 120 dias após o transplantio.
No momento do plantio foi aplicado boro (bórax) na proporção de 20 kg.ha-1; zinco (sulfato de zinco) com 30 kg.ha-1 e manganês (sulfato de manganês) com 10 kg.ha-1. Demais tratos culturais seguiram as normas da cultura.
Para que houvesse inóculo do patógeno na área, bulbilhos de alho cultivar Chonan foram microbiolizados por 5,5 horas em uma suspensão da bactéria com 48 horas de crescimento preparada em solução salina (NaCl 0,85%), a uma concentração em espectrofotômetro de OD550 = 0,5 (1×109 UFC.mL-1) e semeados entre cada parcela ao redor do experimento para que a população epifítica fosse disseminada pelo impacto da chuva e do vento ao experimento.

Avaliação

A avaliação da doença após o transplante foi feita em cinco plantas centrais aleatórias de cada canteiro, previamente demarcadas, onde semanalmente avaliou-se a severidade de cada folha na planta pela escala diagramática da queima bacteriana do alho proposta por Marcuzzo et al. (2021a).
A severidade da doença ao longo do ciclo nas mudas transplantadas foi integralizada e calculada a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), pela fórmula: AACPD = ∑ [(y1+y2)/2]*(t2-t1), onde y1 e y2 refere-se a duas avaliações sucessivas da intensidade da doença realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente.
As médias da AACPD e severidade final entre as amontoas foram submetidas à análise de variância pelo teste de F e quando significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey 5% pelo software estatístico SASM-Agri para verificar o efeito da doença entre o período de amontoa.

Resultados e discussão

Não foram observadas diferenças significativas pelo teste F na AACPD e severidade final da queima bacteriana em função do período de amontoa (Tabela 1).

Tabela 1. Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e percentual de severidade final da mancha púrpura do alho-poró em relação ao período (dias) de amontoa. IFC/Campus Rio do Sul, SC, 2021

Apesar de não significativa, a AACPD teve um acúmulo que variou de 702,32 em todas as amontoas e de máximo de 830,25 quando se efetuou amontoa aos 90 e 120 dias (Tabela 1), valor esse superior aos mais de 3.500, encontrado pela doença no alho por Marcuzzo et al. (2021b).
Já a severidade final atingiu 21,17% feita na testemunha, bem abaixo dos 60% encontrados no alho por Marcuzzo et al. (2021b) na mesma região de estudo. Apesar de ser a mesma doença e ter utilizado a escala para alho, foi constatada a doença somente a partir da 14ª semana, o que fez com que não tivesse acúmulo de severidade e, consequentemente, AACPD.
As curvas de progresso da queima bacteriana em alho-poró foram similares e progressivas entre os períodos de amontoa (Figura 1). Marcuzzo et al. (2021b) também encontraram progresso acentuado da queima bacteriana quando avaliou diferentes doses de nitrogênio em alho.

Figura 1 – Curva de progresso da queima bacteriana do alho poró em relação ao período de amontoa. IFC/Campus Rio do Sul, SC, 2021.

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