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Sucesso na prensagem de semente de maracujá

Pesquisas na Embrapa mostram que é possível obter óleo de maracujá de alta qualidade por prensagem.

As empresas que processam frutas descartam grandes quantidades de casca e de sementes, o que gera uma demanda para o aproveitamento e agregação de valor aos coprodutos do processamento.

Crédito: CNA

No caso do maracujá, a casca e as sementes representam até 70% do peso dos frutos, que muitas vezes são descartados, gerando um passivo ambiental. Algumas sementes de frutas apresentam óleo com características interessantes, tanto para uso em alimentos quanto para a área de cosméticos. Mas, por que o óleo da semente de maracujá é um caso de sucesso?

Vários aspectos contribuíram para este resultado.

Características do óleo

O processamento industrial de praticamente 40% da produção de maracujá no Brasil gera uma quantidade considerável de sementes numa mesma agroindústria, permitindo o processamento da semente no mesmo local.

Além disso, o teor de óleo da semente é elevado (de 25 a 30%), a extração do óleo por prensagem apresenta alto rendimento e o óleo apresenta boa qualidade. A produção brasileira foi de 683 mil toneladas de frutos de maracujá em 2021, segundo dados do IBGE. Estima-se que o Brasil tem potencial para produzir 2.500 toneladas de óleo por ano.

“Para isso, algumas etapas de processamento, que não são complexas, devem ser realizadas imediatamente após a separação da polpa, como a lavagem e a secagem das sementes, por meio de tecnologias desenvolvidas em parceria pela UENF e Embrapa”, explica a pesquisadora Rosemar Antoniassi, da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Cuidados no processo

A semente precisa ser limpa para remoção dos resíduos de suco e mucilagens, que provocam a fermentação e deterioram a semente, enquanto que a umidade elevada da semente promove hidrólise do óleo, aumentando sua acidez, que é indesejável para a qualidade do óleo.

O ideal é que estes processos sejam realizados na própria fábrica de processamento da fruta.

Pesquisa

Há mais de 10 anos, a Embrapa e a UENF se uniram para estudar o aproveitamento de coprodutos da cadeia produtiva do maracujá. O professor Eder Dutra de Resende, da UENF, tem estudado processos e equipamentos para o aproveitamento da casca e sementes de maracujá.

A semente representa ao redor de 4% do peso do fruto de maracujá, o que poderia parecer pouco, mas é muito frente ao volume de maracujá processado no Brasil. Muito se estudou para se obter um equipamento para lavagem e purificação das sementes.

Sérgio Agostinho Cenci, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, testou este equipamento de purificação para sementes de outras frutas com sucesso, inclusive com separação de sementes quebradas e imaturas.

Existem tecnologias para extração de óleo que são compatíveis com a quantidade de sementes geradas pela indústria de suco e polpa de maracujá, que seria a prensagem contínua (em prensas chamadas de “expeller”) ou em prensas hidráulicas (prensagem descontínua).

“A prensagem de semente de maracujá em prensas contínuas de diversas capacidades já foi avaliada, variando a taxa de alimentação do equipamento com a semente de maracujá, a umidade da semente, entre outros fatores”, explica o analista Allan Eduardo Wilhelm, da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Neste processo de extração de óleo é possível obter uma torta parcialmente desengordurada, com teor residual de óleo abaixo de 8%, que é um dos indicadores de eficiência do processo.

Comparativo

A prensagem de algumas amêndoas e sementes com maiores teores de óleo não apresenta a mesma eficiência. A semente do maracujá tem uma casca fibrosa que ajuda na prensagem, mas como é abrasiva, a temperatura do óleo aumenta durante a prensagem e as condições do processamento devem ser controladas para se obter óleo de alta qualidade.

Nas condições estudadas, foi possível obter óleo de semente de maracujá com índice de peróxido menor que 1,0 meq/kg, sendo que o limite máximo é de 15, de acordo com a Instrução Normativa 87 da ANVISA para óleos vegetais prensados a frio.

Para as sementes que foram lavadas e secas logo após o processamento da fruta, foi possível obter óleo com acidez menor que 2%, atendendo ao limite máximo previsto na Instrução Normativa.

“O óleo de maracujá da espécie Passiflora edulis utilizada pela indústria brasileira apresenta de 67 a 69% de ácido linoleico, que é um ácido graxo essencial. O índice de estabilidade oxidativa encontrado para este óleo foi de 6,0 a 9,0 horas (Rancimat, 110ºC, 10 litros/hora), que é consistente com os valores encontrados para óleos com altos teores de ácido linoleico”, explica a pesquisadora da Embrapa, Rosemar Antoniassi.

Valor agregado

O óleo de semente de maracujá tem alto valor agregado e atende à demanda das indústrias de cosméticos para uso em shampoos, cremes e outros produtos. Este óleo já foi utilizado no tratamento de pacientes internados com queimaduras em hospitais nos Estados Unidos.

A casca e as sementes representam até 70% do peso dos frutos

As sementes de maracujá também são estudadas para extração de um antioxidante chamado piacetannol, que pode ser utilizado como aditivo em alimentos industrializados. Os coprodutos da cadeia produtiva do maracujá podem gerar diversos produtos de interesse industrial, segundo confirma Sandro Reis.

Ele foi pioneiro na extração industrial de óleo de semente de maracujá no Brasil, utilizando processo e equipamento desenvolvidos pela UENF em parceria com a Embrapa, no escopo de um projeto financiado pela FAPERJ e atualmente tem participado nos estudos como consultor técnico.

  • Teor residual de óleo abaixo de 8% é um dos indicadores de eficiência do processo.
  • O óleo de semente de maracujá tem alto valor agregado.
  • O óleo de maracujá da espécie Passiflora edulis utilizada pela indústria brasileira apresenta de 67 a 69% de ácido linoleico, que é um ácido graxo essencial.
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