Francisc Henrique Silva
Engenheiro agrícola, mestre em Educação e professor – Universidade do Agro
francisc.silva@uniube.br
A colheita mecanizada da alface permite potencializar a capacidade de colheita, aumentando assim a sua eficiência. Neste caso, é o número de pés de alface colhidos por unidade de tempo que geralmente é contabilizado em horas ou jornada de trabalho.
Assim, a mecanização pode melhorar a eficiência de colheita, quando comparamos com a colheita manual.
Relação com a produtividade
A colheita só impacta na produtividade quando as perdas desencadeadas pela colheita em si são consideradas em um sistema de produção.
Isso porque a colheita mecanizada potencializa as perdas qualitativas (qualidade do produto) e quantitativas (peso por unidade de área ou pés de menor tamanho e peso), caracterizando uma tendência de queda da produção na colheita mecanizada.
Tal produção é representada pelos índices de perdas nesse modelo de colheita, quando não levado em consideração no sistema de produção.
Tecnologias
Em relação à colheita mecanizada da alface, há no mercado colhedoras que podem ser automotrizes e/ou de arrasto (com a dependência da potência de um trator).
A colheita pode ocorrer de forma manual (sem a presença da máquina), semimecanizada (participação da máquina e de pessoas) e mecanizada (100% da colheita é realizada de forma mecânica).
Em algumas situações, essa colheita é mecanizada, mas quando a mecanização está presente na colheita, a maior parte se dá pelo processo semimecanizado, em que o arranquio da alface é realizado pela máquina, e os demais processos, como acondicionamento e até mesmo a seleção, são realizados por pessoas que trabalham na plataforma da colhedora ao longo da linha da máquina após o arranquio.
Ainda dependentes
É importante ressaltar que o Brasil não possui fábricas que produzem colhedoras de alface – essa tecnologia é importada. As principais colhedoras de alface foram desenvolvidas na Europa para trabalhar nas condições de solo de lá.
No Brasil, temos apenas algumas produções de maneira artesanal e/ou projetos desenvolvidos por instituições de ensino e pesquisa, a exemplo da Universidade Federal do Ceará (UFC), em que o professor engenheiro agrícola Daniel Albiero desenvolveu uma colhedora multifuncional de legumes e verduras, que já foi inclusive patenteada e há previsões de produção em escala.
Outra tecnologia que podemos considerar quando a colheita é mecanizada é a variedade da cultura a ser implantada, buscando materiais de folhas mais tenras, para minimizar os danos causados nas folhas pela ação mecânica.
Benefícios econômicos da colheita mecanizada
Comparando a colheita mecanizada com a manual, o principal benefício é a diminuição do custo de colheita, seguido por ganho de eficiência da mesma, aumentando-se a capacidade de trabalho, comparado à colheita manual.
Leva-se em consideração, além do alto custo da mão de obra (colheita manual), a dificuldade de conseguir pessoal especializado nas principais regiões produtoras da alface, fator esse que viabilizaria a opção pela colheita mecanizada.
Porém, quando se trata de colheita mecanizada, alguns fatores devem ser levados em consideração: produção, nível tecnológico, área plantada, potencial de colheita por dia, semana, mês e ano, potencial de investimento, pós-venda, dentre outros.
O caso da alface
A colheita da alface deve ser realizada quando a planta atingir o seu potencial máximo de produção (desenvolvimento máximo). Nesse momento, ela apresentará cabeças bem formadas e firmes, antes do florescimento.
A alface atinge o seu potencial máximo de produção de 75 a 90 dias após o semeio, de acordo com a variedade e condições climáticas. É muito importante colher a alface nas horas mais frescas do dia, geralmente pela madrugada, para que sua comercialização possa ser realizada nas primeiras horas do dia.
A alface é colhida realizando um corte rente nas raízes, quando a cultura está diretamente no solo ou em substratos, eliminando as folhas velhas e danificadas. Após o corte, as cabeças podem ser lavadas antes de embalar.
Entraves
É importante ressaltar que a maior parte da produção da alface se dá pela agricultura familiar e/ou pequenos produtores, os quais, muitas das vezes, não apresentam poder aquisitivo suficiente para investir na colheita mecanizada.
Podemos citar também que, para viabilizar o investimento na colheita mecanizada, é necessária uma produção condizente com a capacidade de colheita da máquina, ou seja, deverá haver produção suficiente para que a mesma trabalhe com a sua jornada diária recomendada em vários dias no ano.
Infelizmente, essa situação dificilmente é encontrada na agricultura familiar e/ou propriedades de pequeno porte, que é onde concentra-se a maior parte da produção da alface no Brasil.