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Safra e lucro recordes

O agricultor atualmente se depara com o preço da saca de soja com recordes históricos. Nunca se pensou que uma saca de soja ultrapassaria os valores de R$ 130,00.

Talis Melo Claudino Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Energia na Agricultura – UNESP/FCA de Botucatu t.claudino@unesp.br

Maurício Godoy Pereira dos Santos Engenheiro agrônomogodoymauricio.p@outlook.com

Murillo Pegorer Santos Engenheiro agrônomo e produtor ruralmurillo@rosalito.com.br

Soja – Créditos: shurtterstock

A queridinha dos agricultores de cereais no ano de 2020/21, a cultura de soja neste ano vem prometendo e demonstrando suas altas produtividades, o índice pluviométrico de excelente distribuição durante o ciclo, altos preços da commodity, possibilitando um bom investimento para alavancar a produção, e por fim, os altos preços para comercialização. Estes foram os pilares perfeitos para uma ótima rentabilidade ao produtor rural.

Os produtores brasileiros colheram neste ano aproximadamente 127 milhões de toneladas de soja, segundo a Aprosoja, sendo um novo recorde de produção desta oleaginosa, indicando um acréscimo de 2,2% sobre os 124 milhões da safra passada.

A previsão no início da safra era de 135 milhões de toneladas, contudo, foi necessário um ajuste realizado devido às perdas nas produtividades em algumas regiões em decorrência ao fenômeno La Niña. Esta condição climática decorreu de faltas de chuvas pontuais no MT, MS, SP, PR, SC e pelo segundo ano no RS, causando atraso de plantio e ausência de chuvas regulares.

A área cultivada com soja teve aumento de 4,0% em relação à safra anterior, chegando a 38,44 milhões de hectares. A produtividade média no Brasil, segundo a Aprosoja, deve ser de 3.319 kg ha-1.

O agricultor atualmente se depara com o preço da saca de soja com recordes históricos. Nunca se pensou que uma saca de soja ultrapassaria os valores de R$ 130,00. Entretanto, vale salientar a alta dos insumos agrícolas.

Em razão do aumento do dólar e da pandemia mundial, estes tiveram acréscimos de até 88%, o que não aconteceu de uma forma geral em todos os insumos e para os agricultores que realizaram a compra antecipadamente, o valor incrementado nos insumos foi ainda menor, possibilitando assim maior rentabilidade ao agricultor.

Causas e consequências

Uma das explicações para esse aumento é que o preço do óleo de soja no acumulado do ano no indicador calculado pelo Centro de Estudas Avançados de Economia Aplicada (Cepea) teve aumento de 100%, patamares nominais recordes dentro da série histórica.

A alta dos preços de vendas desta commodity foi estimulada por uma demanda aquecida e pela elevação do dólar, sendo que os consumidores brasileiros irão sentir no bolso este aumento, visto que a soja foi um dos itens que ficaram mais caros na inflação.

Recordes de preços também são encontrados nos portos brasileiros, onde a soja é cotada ao redor de R$ 150,00 por saca, que de forma acumulada teve alta perto de 70% em relação à última safra no mesmo período.

Carlos Cogo, consultor da Cogo Inteligência em Agronegócio, relata que os motivos das altas foram “a demanda pelo grão por parte da indústria de esmagamento e a produção de farelo e óleo de soja no mercado interno. Além da valorização do dólar frente ao real, são os fatores que estão levando a essa forte alta dos preços”.

Entretanto, nem todos os produtores vão obter estes ganhos, visto que grande parte deles realizou a venda futura, em que a soja se encontrava com preços próximos de R$ 80,00. Grande parte dos agricultores travaram seus custos de soja com preço menor, contudo, com as altas produtividades, o que sobrará de sua produção será comercializada a um maior valor, e assim, no final das contas, o saldo positivo médio irá capitalizar o produtor para as futuras safras.

Para 2021

Neste ano, mesmo diante o aumento dos preços dos insumos, o produtor brasileiro terá altos ganhos, visto a alta produtividade obtida, associada aos altos preços de venda. Quando realizada a compra antecipada dos insumos, isto resultará em maior rentabilidade ainda, port6anto, esse é o ano de se capitalizar.

Vale pensar que a capitalização do sojicultor irá fazer com que o mercado agrícola inteiro se movimente. Os agricultores podem fazer aquisições de propriedades, melhores implementos, maiores investimentos em seu solo e sua lavora que, por fim, resultará nos próximos cultivos com alta qualidade e rentabilidade.

Por exemplo, o produtor irá adquirir uma nova semeadora, que fará melhor deposição da semente de soja na safra 2021/22, e assim a cultura terá maior estabelecimento dentro dos limites recomendados, com menos falhas ou plantas duplas, levando a maiores produtividades.

O mesmo acontecerá com a aquisição de novos equipamentos para pulverização. Como se sabe, uma pulverização mais eficiente traz ao produtor maior controle de pragas e doenças, além de um melhor aproveitamento dos bioestimulantes e fertilizantes foliares aplicados, resultando assim em maior rentabilidade.

Reflexos

A capitalização do sojicultor afetará todo o mercado nacional. Nota-se que o cultivo da soja em anos anteriores fez com que ele tivesse pequenos ganhos e até prejuízos, cenário que neste ano não se repetirá. A safra de soja foi excelente para o produtor, cerealistas, comerciantes, revendas, cooperativas e todo o mercado ligado ao agro.

Em plena pandemia mundial pela Covid-19, uma luz foi observada no fim do túnel – a produção de soja esquentará a economia brasileira, que vem decrescendo cada vez mais devido ao cenário pandêmico.

Mais uma vez o agricultor vem salvar o Brasil, à frente e avante com suas lavouras, com todos os obstáculos à sua frente, com força e objetivos. Acompanhada de boas condições, a cultura da soja vem nos mostrar que está em nossas mãos o mercado brasileiro e por ele devemos zelar.

Agora o cultivo de segunda safra está no campo. Ele poderá nos agregar ainda mais rentabilidade. Basta as condições de cultivo estarem boas, como visto na soja, e o produtor fazer o seu papel exemplar, cultivando comida para o mundo.


Como maximizar a produtividade e o lucro

Jefferson Carvalho BarrosDoutorando em Educação – Unijuí, professor e coordenador do curso de Agronegócio e da pós-graduação em Logística e Supply Chain – Unibalsascoord.agronegocio@unibalsas.edu.br

Antonio Santana Batista de Oliveira FilhoMestre em Agronomia e tutor presencial – Unopar-Balsasa15santanafilho@gmail.com

O ideal para maximização do lucro do empreendimento rural é comprometer somente o suficiente para cobrir os custos de produção. Assim você protege parte de sua produção contra as variações dos preços.

Isso é possível por meio das operações de hedge – o excedente ele negociaria ao terminar a safra, quando os preços estivessem mais favoráveis, para garantir uma margem de lucro maior. Fazendo uma gestão eficiente de seus custos, gerindo seu endividamento e comercializando bem a lucratividade da atividade agrícola, tem tudo para alcançar recordes em 2021.

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No que diz respeito à produção das culturas de milho e soja, atualmente são cultivadas praticamente em todas as regiões do Brasil. Isso só é possível devido aos avanços científicos e à disponibilização de tecnologias ao setor produtivo, permitindo que as culturas do milho e soja alcancem ganhos fantásticos de produtividade nestes últimos anos no Brasil.

Atualmente, uma nova fronteira agrícola se tornou promissora para a soja, colocando o Norte e o Nordeste em destaque no cenário do agronegócio brasileiro. O “Mapitoba”, região do Cerrado que inclui os Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, têm se destacado no mercado nacional de grãos.

Esse avanço foi possível graças ao avanço tecnológico proporcionado pelo desenvolvimento de materiais com genética superior, passando por novas tecnologias, serviços e informações disponibilizadas e ao profissionalismo dos agricultores na adoção de práticas de manejo que proporcionam maior nível de respostas e segurança na produção.

Pelo Brasil afora

A cultura do trigo concentra sua produção na região sudeste do País, inicialmente sendo cultivado no Estado de São Paulo, mas com o tempo foi migrando para a região sul. Os maiores Estados produtores de trigo no País são o Rio Grande do Sul e o Paraná, ficando em terceiro lugar o Estado de São Paulo.

A cultura do trigo, ainda em sua maioria, depende de fatores climáticos favoráveis para o desenvolvimento, o que reduz o seu avanço ao longo das demais regiões do País. Para as três culturas citadas (soja, milho e trigo), os avanços tecnológicos têm propiciado altas produtivas.

No setor de produção de sementes, a progressiva necessidade da produção de sementes com qualidade física e fisiológica para atender à crescente demanda por alimento (Tonin et al., 2014) faz com que sementes tradicionais sejam substituídas por materiais melhorados, com um potencial produtivo elevado, mas dependentes de insumos externos e tecnologias intensivas, o que resulta em uma modernização da mecanização agrícola, uso de irrigação e aprimoramento na gestão dos recursos agrícolas (Vian et al., 2016).

Fatores da alta produtividade

Além disso, para que possa expressar todo seu potencial produtivo, as culturas requerem que suas exigências nutricionais sejam plenamente atendidas, em virtude da grande extração de nutrientes do solo.

Fatores da produtividade agrícola, ambientais primários (latitude, altitude, chuva, topografia, textura do solo, composição do solo) são de ação indireta e os ambientais secundários (radiação solar, comprimento do dia, temperatura, água no solo, aeração do solo, minerais do solo) de ação direta, afetam os processos fisiológicos e, consequentemente, o rendimento das culturas (Durães. 2006).

Planejamento como bússola

Para não errar na escolha, é necessário, sobretudo, planejamento agrícola por parte do produtor rural e buscar materiais de ambas as culturas (soja, milho e trigo) adaptáveis às condições ambientais, que são primordiais para obtenção de altas rentabilidades.

Além disso, é necessário o planejamento quanto à adubação, controle de pragas, doenças e plantas daninhas e comercialização da produção, buscando sempre avaliar o mercado para que se possa obter lucro durante a venda.

Para garantir altas rentabilidades nessas culturas, é necessário cada vez mais alterações no manejo, orientações profissionais para o plantio, nível de fertilidade do solo e do material utilizado, visando a garantia de boa rentabilidade.

As culturas do milho, soja e trigo desempenham papel fundamental na agricultura brasileira, tanto do ponto de vista econômico como agronômico, sendo uma das principais commodities do agronegócio brasileiro, fato este que se dá principalmente devido a mudanças tecnológicas, dentre estas avanços no melhoramento genético, qualificação das adubações de base e de cobertura, modernização da mecanização agrícola, uso de irrigação e adoção da agricultura de precisão, o que são, sobretudo, primordiais para a alta rentabilidade. 

Pesquisa e prática

Resultados práticos em campo são observados mediante diversas pesquisas realizadas no País, as quais avaliam desde manejos de adubação, na mecanização agrícola, eficiência agrícola, dentre outros.

Estudo realizado por Kappes et al. (2013), ao avaliar a produtividade do milho em condições de diferentes manejos do solo e de doses de nitrogênio, concluiu que a utilização de crotalária e de milheto + crotalária como antecessores, associada à aplicação de 120 kg ha-1 de N em cobertura do milho, proporciona maior produtividade de grãos.

Manejos na mecanização agrícola, verificados por Bandeira (2017), obtiveram que a velocidade de 3,5 km h-1 é recomendada para a colheita da soja, pois é a que proporcionou perdas dentro dos níveis aceitáveis.

Para a cultura do trigo, ainda em avanços na mecanização, Alves (2019) verificou que a descompactação mecânica do solo com escarificador representou ganhos quanti e qualitativos no trigo.

Battisti et al. (2012) concluiu que os fatores que contribuíram para o aumento da eficiência agrícola na produção de soja, milho e trigo no Estado do Rio Grande do Sul, destacam-se a melhoria da fertilidade e uso do solo, mecanização agrícola, preço pago às commodities, investimento em pesquisa e desenvolvimento, zoneamento agrícola de risco climático e melhoramento genético.

Direto ao ponto

Os erros mais frequentes na produção agrícola das três culturas (milho, soja e trigo) estão relacionados principalmente ao manejo em campo e à comercialização final, que necessita ser planejado e realizado cuidadosamente durante todo o processo produtivo, desde a escolha de material genético, máquinas para plantio, espaçamento, densidades, adubações, controle de pragas e doenças, por fim, culminando na colheita e comercialização.

Estes devem ser observados com cuidado e manejados de forma adequada para garantir produtividades elevadas. Para que erros sejam evitados, é necessário primeiramente planejamento agrícola da área a ser trabalhada, levando em consideração a aptidão e uso do solo, para que assim se possam definir as melhores práticas de manejo a serem utilizadas, assim como as culturas a serem implantadas.

É necessário, também, sempre manter recomendação técnica de um profissional capacitado para todas as fases de produção, a fim de que se possa minimizar custos e elevar lucros.

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