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Alerta máximo de prejuízo para o feijão

Diego Mateus Desbesell Graduando em Engenharia Agronômica – Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara (FAESB)

Gustavo Castilho BeruskiDoutor e professor – FAESBprof.gustavo@faesb.edu.br

Feijão – Créditos Gustavo Castilho Beruski

A cultura do feijão (Phaseolus vulgaris) apresenta grande relevância para o setor agrícola e econômico nacional. Seu cultivo pode ocorrer em três diferentes safras agrícolas e distribui-se ao longo do território nacional.

O feijão é uma planta de ciclo curto, o que favorece seu cultivo. Em contrapartida, confere uma elevada exigência em termos nutricionais e hídricos. As necessidades hídricas da cultura podem ser atendidas pela precipitação pluvial ou pelo uso de sistemas de irrigação, este último amplamente usado nos Estados de Goiás e Bahia, por exemplo.

As lavouras manejadas sob irrigação tendem a manter bons potenciais produtivos, comparadas às lavouras de sequeiro, mas a aplicação de água no ambiente pode proporcionar modificações no microclima da lavoura, favorecendo a ocorrência de patógenos.

Dentre os patógenos que podem ser favorecidos por tais modificações, destaca-se o fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, causador da doença mofo-branco.

Danos

O S. sclerotiorum apresenta elevada capacidade de destruição. Devido à sua agressividade, apresenta estrutura de resistência, o escleródio, o qual permanece viável por longos períodos no solo.

Está amplamente distribuído em áreas de interesse agrícola e apresenta uma vasta gama de hospedeiros (Jaccoud Filho et al., 2017; Chitarra, 2007). Além disso, destaca-se que, em condições favoráveis, sob manejo deficitário e elevada quantidade de inóculo no solo, epidemias de mofo-branco podem promover perdas às lavouras de feijão de 100%.

 Especificamente em condições sob irrigação, Hall e Nasser (1996) verificaram uma redução de produtividade até 70% em lavouras de feijão com irrigação de pivô central.

Sintomas

Os sintomas de mofo-branco no feijão iniciam com lesões de aspecto encharcado no tecido infectado (Figura 01 BA, progredindo para a formação de uma massa branca denominada micélio (Figura 01 B). Com a evolução no processo de colonização do patógeno, eleva-se a quantidade de micélio no tecido hospedeiro, ocorrendo seu enovelamento, formando os escleródios (estruturas de resistência) (Figura 01 C).

Disseminação

O primeiro relato de mofo-branco no Brasil foi em 1921, em cultivo de batata no Estado de São Paulo, mas hoje em dia o fungo S. sclerotiorum está presente em todo o País, no entanto, tem com maior incidência na região sul e sudeste, onde as condições climáticas e altitude são favoráveis para seu desenvolvimento.

Segundo, Bolland & Hall (1987), temperaturas amenas, próximas aos 20°C e elevada umidade no ambiente, acima de 70%, favorecem o aparecimento de mofo-branco na cultura do feijão.

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A associação da ocorrência de epidemias a regiões previamente citadas é intuitiva e baseia-se nas condições ambientais desses locais, mas o mofo-branco também é um grave problema em regiões produtoras de feijão no centro-oeste e nordeste do Brasil, em especial em cultivos irrigados.

Manejo e suas variáveis

Para reduzir a probabilidade de ocorrência de mofo-branco em cultivo de feijão irrigado, seu manejo é prioridade. Algumas práticas são similares às aplicadas ao manejo de feijão sem irrigação, como a rotação de culturas utilizando espécies de plantas que não são hospedeiras de mofo-branco ou que favorecem o acúmulo de palhada na superfície do solo, geralmente gramíneas (Napoleão, 2005); definição de espaçamento entrelinhas e população de plantas adequadas; tratamentos de sementes com fungicidas específicos; eliminação de plantas daninhas hospedeiras; limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas; definição da época correta de semeadura, evitando que o período de florescimento da cultura coincida com períodos com melhores condições climáticas para o desenvolvimento do mofo-branco; e o controle biológico, normalmente realizado por espécies do gênero Trichoderma e Bacillus (Meyer et al., 2020).

Em condições irrigadas o manejo do mofo-branco deve-se basear no manejo da lâmina e frequência de irrigação, já que o nível de umidade no solo (-25 kPa por 10 a 15 dias) propicia a formação de apotécios e o desencadeamento de epidemias.

Em condições de laboratório, Beruski et al. (2016) verificaram que quanto maior a frequência e o volume semanal de aplicação de água, maior o número de apotécios produzidos. Assim, em regiões produtoras de feijão irrigado deve-se manejar a irrigação de modo a evitar excesso de água no solo, principalmente após o período de floração até o período de formação de vagens do feijoeiro.

Para seu manejo, recomenda-se que as irrigações sejam mais espaçadas no tempo, que se evite o cultivo em solos com elevada probabilidade ao encharcamento ou com baixa infiltração da água no solo.

Controle químico

Não menos importante, o manejo químico é essencial para evitar perdas com o mofo-branco na cultura do feijão. O manejo químico curativo é realizado com fungicidas à base dos ingredientes ativos fluazinam, tiofanato metílico, procimidona, boscalid & dimoxystrobin. Destaca-se que a eficácia desses produtos está ligada ao momento de aplicação. Pulverizações para o manejo do mofo-branco devem ser realizadas após a abertura das primeiras flores, com a segunda aplicação de 10 a 14 dias após a primeira.

Considerando a importância da doença em questão, o produtor deve monitorar e identificar a doença no início do processo infeccioso, bem como realizar seu manejo rapidamente, evitando que ela se disperse na área.

Assim sendo, atualmente existem alguns métodos de monitoramento que podem ser empregados para agilizar esse processo, principalmente em grandes áreas de cultivo, dentre os quais destacam-se os mapas de NDVI obtidos por meio de voos por drones, visto que essas imagens capturam diferenças na reflectância, que podem ser utilizadas para detectar alterações fisiológicas nas folhas, sendo que essas alterações podem ser causados por incidência de mofo-branco (Boechat et al., 2021).


Faça as contas

Na cultura do feijão, segundo a Conab (2021), a estimativa de produtividade média para foi de 1.024 kg/ha. Nesse sentido, visto que o mofo-branco em média pode causar 50% de perdas em produtividade no feijão, estima-se que prejuízos de 512 kg/ha podem ser decorrentes da ocorrência de mofo-branco.

Em termos econômicos, considerando O atual preço da saca no mercado (R$ 250,00), as perdas chegam a um valor de R$ 2.133,30/ha. Em condições atuais, o custo do manejo químico deve ficar próximo dos R$ 380,00/ha, considerando que o produtor, em média, utiliza duas aplicações de fungicidas (incluso o gasto operacional).

Nessa lógica, nota-se a importância que esse manejo traz para a obtenção de lucratividade pelo produtor no cultivo do feijão. Destaca-se, ainda, que realizando o manejo correto da doença, reduz-se a população de escleródios no solo, e consequentemente evitam-se problemas futuros com essa doença.

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