24.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiAlgas aumentam o tempo de pós-colheita das hortaliças

Algas aumentam o tempo de pós-colheita das hortaliças

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

Algas aumentam tempo de pós-colheita das hortaliças - Crédito Shutterstock
Algas aumentam tempo de pós-colheita das hortaliças – Crédito Shutterstock

As algas marinhas são fontes de antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas, que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças e favorecem a vida microbiológica do solo, tornando as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas, como temperaturas desfavoráveis, raios ultravioletas, salinidade, seca, etc.

Contra pragas e doenças

As algas marinhas representam uma abundante e natural fonte de potenciais elicitores, que apresentam atividade direta contra fungos e bactérias, inibindo o desenvolvimento de micélios e a multiplicação de bactérias, estimulando a formação de fitoalexinas e aumentando a produção de antagonistas no solo.

A produção de fitoalexinas é mecanismo comum de resistência a microrganismos patogênicos de plantas. Entretanto, diferentes famílias botânicas usam distintos produtos secundários como fitoalexinas. Por exemplo, os isoflavonoides são fitoalexinas comuns em leguminosas, enquanto em solanáceas, como batata, tabaco e tomate, vários sesquiterpenos são produzidos como fitoalexinas.

Em geral, as fitoalexinas não estão presentes nas plantas antes da infecção, mas são sintetizadas muito rapidamente após o ataque de microrganismos. Dentre os elicitores existem os elicitores bióticos (endógenos e exógenos) e abióticos. Os elicitores bióticos são, por exemplo, ácido jasmônico, Trichoderma, Sacharomyces, Rizobactérias, etc. Os elicitores abióticos são, por exemplo, ácido salicílico e óxido nítrico. Estes últimos levam também a resistência quanto ao estresse hídrico.

Mas, o que são fitoalexinas e elicitores?

Fitoalexinas nada mais são do que substâncias produzidas ou ativadas em resposta à presença de patógenos. Acumulam-se nas células vegetais em resposta a uma infecção bacteriana ou fúngica. Já elicitores são substâncias que induzem a formação de fitoalexinas.

Como já se citou, as algas marinhas são ricas em elicitores. Como exemplo, pode-se citar a λ-carragenana, um polissacarídeo sulfatado encontrado na parede celular de algas marinhas vermelhas que induz o acúmulo de ácido salicílico e de outros compostos, aumentando a expressão de genes relacionados às defesas contra patógenos.

O ácido salicílico representa papel central como um sinalizador envolvido na defesa das plantas contra o ataque de microrganismos. O ácido salicílico pode ser considerado um mensageiro que ativa a resistência contra patógenos, incluindo a síntese de proteínas relacionadas com a destruição dos agentes estranhos.

Extratos de algas Ascophyllum nodosum, por exemplo, são eficientes para induzir resistência à alternariose, à cercosporiose e a podridões de raízes. Estudos bioquímicos com plantas tratadas com extrato de A. nodosum revelaram aumento da atividade de peroxidase (destrói peróxidos que são agentes oxidantes) e síntese de fitoalexinas, aumentando a resistência das plantas a fungos e bactérias.

Um polímero linear de β-1,3-glucana, chamado de laminarana, extraído e purificado da alga marrom Laminaria digitata, estimula a formação de ácido salicílico. Ainda, derivados de Fucanas sulfatadas, componentes estruturais de paredes celulares de algas marinhas marrons, têm atividade elicitora, estimulando a formação de ácido salicílico e da fitoalexina escopoletina.

A aplicação de algas proporciona melhor do fruto, garantindo maior conservação na pós-colheita - Crédito Shutterstock
A aplicação de algas proporciona melhor do fruto, garantindo maior conservação na pós-colheita – Crédito Shutterstock

Para as hortaliças

O uso de algas marinhas durante o cultivo de hortaliças (ou de outras espécies vegetais) certamente propiciam melhor produção (em quantidade e qualidade). Considere uma hortaliça (alface, tomate, pimentão, etc.) colhida de plantas conduzidas com o uso de extratos de algas marinhas.

O produto terá, certamente, uma consistência melhor e maior quantidade de antioxidantes naturais, o que proporcionará maior resistência aos problemas de armazenamento: a consistência mais firme minimizará os problemas causados por deslocamentos. Já a presença de antioxidantes retardará muitos dos processos bioquímicos que ocorrem em pós-colheita, aumentando, assim, o tempo de prateleira do vegetal.

Veja, ainda, que o tratamento com algas marinhas, com os seus elicitores presentes, proporcionarão produtos mais sadios, o que certamente se refletirá na pós-colheita – no armazenamento, transporte e comercialização.

Manejo

As doses e épocas de aplicação dependem do produto a aplicar e da cultura. Para plantas de frutos (como tomate, berinjela, pimentão…) pode ser indicado o uso pós-transplante e no início do florescimento e a cada 15 dias. A dose a empregar está entre 0,5 a 1,0 l ha-1. O custo varia com a escolha do produtor.

Considerem-se, agora, os benefícios propiciados pelas algas marinhas no cultivo de plantas: raízes mais vigorosas, melhor desenvolvimento das plantas, produção mais abundante e de melhor qualidade, mais resistência às pragas e doenças (menor uso de inseticidas e redução de custos), etc. Assim, a viabilidade da inclusão de tal insumo nas lavouras só pode ser favorável.

Essa matéria você encontra na edição de março da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua. 

ARTIGOS RELACIONADOS

Safra de batata 2021

A estimativa de safra de batata para 2021 prospecta um aumento de 3,5%, de acordo com ...

Algas – Aliadas na fitossanidade vegetal

Autores Brenda Ventura de Lima e Silva Mestre em Fitopatologia e servidora - IF Goiano – campus Morrinhos brendavlima@yahoo.com.br Juliano Henrique Alves de Sousa...

Pesticidas e doenças das plantas

Pesticidas, agroquímicos, defensivos agrícolas ou agrotóxicos, como é atualmente nomeado ...

Efeito da temperatura e do fotoperíodo no desenvolvimento do mofo preto da cebola

Leandro Luiz Marcuzzo leandro.marcuzzo@ifc.edu.br Jaqueline Cargnin Marques Fitopatologista - Instituto Federal Catarinense - IFC/Campus Rio do Sul Diversas doenças incidem sobre a cultura da cebola, entre elas o...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!