Aldeir Ronaldo Silva
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP
Diogo Capelin
Engenheiro agrônomo e doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP
O bom manejo da adubação fosfatada é muito importante para o eficiente desenvolvimento e produtividade do trigo. O adubo deve ser aplicado principalmente próximo às raízes. Experimentos realizados com trigo registraram melhores resultados quando o fertilizante foi aplicado a lanço, o que trouxe ganhos de até oito sacos por hectare, quando comparado à adubação no sulco de plantio.
A aplicação de fertilizantes fosfatados no solo pode ser realizada diretamente no sulco de plantio, uma técnica que vem sendo alavancada pela crescente implantação de métodos de cultivo, como o plantio direto, ou a lanço, técnica que vem perdendo espaço por estar associada a incorporação do fertilizante à camada arável por meio do revolvimento do solo.
Devido à sua baixa mobilidade no solo, a aplicação de P realizada diretamente no sulco de plantio, geralmente associada ao plantio direto, leva ao acúmulo gradual deste nutriente nas camadas superficiais do solo devido ao não revolvimento do mesmo.
Esta estratificação da concentração do P no perfil do solo pode ser acentuada pelo acúmulo gradual de matéria orgânica em superfície, uma vez que o P absorvido em profundidade pode ser depositado em superfície pela deposição dos restos culturais. Segundo Selles et al. (1997), isso aumentaria a concentração de P na camada de 0 a 6 cm e reduziria na camada de 6,0 a 10 cm.
Para que ocorra adequada absorção de P, crescimento e produtividade das culturas e elevada eficiência dos fertilizantes fosfatados, estes devem ser aplicados de maneira adequada no solo, permitindo sua melhor localização em relação às raízes das plantas, sendo que a absorção de P pelas plantas é dependente dos seus teores, bem como do volume de solo adubado.
Neste contexto, a aplicação de fertilizantes fosfatados com posterior incorporação à camada arável pode promover a melhor distribuição do P, especialmente na camada de solo de 20 a 30 cm. A absorção pelas raízes é dependente dos teores de P, bem como do volume de solo adubado.
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Detalhes do manejo
Sugere-se aplicar o adubo fosfatado a lanço, incorporando-o à camada arável para propiciar maior volume de solo corrigido. Doses inferiores a 100 kg/ha de P2O5, no entanto, devem ser aplicadas no sulco de plantio, de maneira semelhante à adubação corretiva gradual.
Os teores críticos de fósforo em solos em plantio direto são maiores para os cereais de inverno do que para as culturas da soja e do milho, bem como no caso da camada diagnóstica de 0-10 cm do que na camada de 0-20 cm (vieira et al, 2015).
Uma vez que o P apresenta baixa mobilidade no solo (Barber, 1984) e baixíssima disponibilidade nos solos oxídicos (Novais et al., 2007), isso pode alterar o suprimento das plantas, já que a absorção pelas raízes é dependente dos teores de P, bem como do volume de solo adubado (Anghinoni, 1992; Model & Anghinoni, 1992; Klepker & Anghinoni, 1995).
Para que ocorra adequada absorção de P, crescimento e produtividade das culturas e, por fim, elevada eficiência dos fertilizantes fosfatados, estes devem ser aplicados de maneira adequada no solo, permitindo sua melhor localização em relação às raízes das plantas (Anghinoni & Barber, 1980), assim como minimização da exposição do P ao fenômeno da fixação promovido por óxidos e hidróxidos de Fe e Al (Sousa & Volkweis, 1987b).
Opções
Os fertilizantes fosfatados de elevada solubilidade em água são os mais usados na agricultura mundial devido à sua maior eficiência agronômica (Bolland & Bowden, 1982), para quaisquer condições de solo e de cultura, correspondendo a 95% do P2O5 utilizado na agricultura brasileira em 2008 (ANDA, 2009).
No entanto, é também bastante conhecido que essas fontes de elevada solubilidade, quando adicionadas aos solos tropicais ácidos e de alta capacidade de fixação de P, são rapidamente convertidas em formas indisponíveis às plantas, podendo ter sua eficiência diminuída ao longo do tempo.
Uma alternativa cada vez mais utilizada são as fontes naturais reativas, que promovem solubilização gradual do P, limitando a adsorção específica pelas argilas (Novais et al., 2007) e podendo proporcionar maior eficiência do fertilizante, conforme observaram Sousa et al. (2008), avaliando o efeito residual de fontes de P após seis cultivos sucessivos com soja (Nunes et al, 2011). Portanto, ao se localizar doses como essa no sulco de semeadura, o volume fica ainda menor, o que pode afetar a absorção de P e, consequentemente, a produção de grãos.