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Agricultura de Precisão: a ordem é inovar

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia

jose.nunes@caixars.com.br

Agricultura de precisão - Crédito José Henrique Dotta
Agricultura de precisão – Crédito José Henrique Dotta

As rápidas transformações que a agricultura moderna vem sofrendo nas últimas décadas a tornaram uma atividade altamente competitiva. Com isso, o agronegócio exige dos produtores rurais um alto grau de especialização e de profissionalismo, visando aumentar a capacidade gerencial das empresas rurais.

Associada a essa capacidade administrativa está a habilidade do produtor de coletar dados e informações relativas à sua área produtiva, com o claro objetivo de adaptar novas tecnologias à sua realidade. Isso deve ser feito em função dos constantes riscos a que ele está exposto e que definem o sucesso da produção agrícola.

Dessa forma, é fundamental ao moderno produtor rural ter eficiência na aplicação dos recursos disponíveis, como forma de assegurar o sucesso em sua atividade. Assim, a obtenção de informações acerca dos fatores que interagem na lavoura e sobre as possibilidades de maximizar os seus efeitos parece crucial.

Plantio de batata com plantadeira de 4 linhas - Crédito Pivot
Plantio de batata com plantadeira de 4 linhas – Crédito Pivot

O que é

A Agricultura de Precisão (AP), como é chamada no Brasil, é o sistema de produção adotado por agricultores de países de tecnologia avançada. Denominado por tais produtores de Precision Agriculture, Precision Farming ou Site-Specific Crop Management, ele surgiu como um sistema de gerenciamento de informações e teve seu crescimento potencializado a partir de avanços da tecnologia de referenciamento e posicionamento, como o GPS (do inglês Global Positioning System) e de tecnologias de sensoriamento remoto. Conceitos surgiram a partir do emprego dessas técnicas na agricultura, como os de aplicação de insumos em taxas variáveis e os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs).

Hoje, a solução utilizada de enfocar grandes áreas e entendê-las como homogêneas, levando ao conceito da necessidade média para a aplicação dos insumos (fertilizantes, defensivos, água etc.), faz com que, por exemplo, a mesma formulação e/ou quantidade do fertilizante seja utilizada para toda a área, atendendo apenas às necessidades médias e não considerando as necessidades específicas de cada parte do campo.

O mesmo acontece para os demais insumos, o que resulta numa lavoura com produtividade não uniforme. A AP prevê a reversão desse quadro, permitindo a aplicação de insumos agrícolas nos locais corretos e nas quantidades requeridas.

Mecanização de batata nos EUA - Crédito Seminis
Mecanização de batata nos EUA – Crédito Seminis

Filosofia

A AP é uma filosofia de gerenciamento agrícola que parte de informações exatas, precisas e se completa com decisões exatas. É uma maneira de gerir o campo produtivo metro a metro, levando em conta o fato de que cada pedaço da fazenda tem propriedades diferentes.

O principal conceito é aplicar os insumos no local correto, no momento adequado, e as quantidades de insumos necessários à produção agrícola, para áreas cada vez menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos o permitam.

Assim sendo, a consolidação de tais tecnologias como ferramentas à disposição do produtor permitem visualizar a variabilidade espacial e temporal dos fatores edafoclimáticos de cada área agrícola, considerando as peculiaridades de cada parte da área no momento do manejo, ao invés de manejá-la como se fosse uniforme.

Os problemas iniciais encontrados no desenvolvimento do conceito e das práticas associadas à AP, como dificuldade na interpretação de um volume considerável de dados, elevado custo dos equipamentos, adaptação das tecnologias às diferentes regiões do globo e de popularização das técnicas envolvidas no processo, evoluíram para soluções viáveis, tornando-a uma ferramenta real ao alcance dos produtores.

A AP combina as novas tecnologias associando a informação com uma agricultura comercial madura. É um sistema de manejo de produção integrado, que tenta igualar o tipo e a quantia de insumos que entram na propriedade com as necessidades da cultura em pequenas áreas dentro de um campo. Essa meta não é nova, mas novas tecnologias, agora disponíveis, permitem que o conceito de AP seja percebido como realidade numa produção prática.

O principal conceito da agricultura de precisão é aplicar os insumos no local correto -Crédito Luis Gustavo Grecco
O principal conceito da agricultura de precisão é aplicar os insumos no local correto -Crédito Luis Gustavo Grecco

Gestão é a base

Hoje a AP é considerada, por boa parte dos especialistas em informação e sensoriamento, um sistema de gestão da produção agrícola em que são definidos e aplicados tecnologias e procedimentos visando otimizar os sistemas agrícolas, com enfoque no manejo das diferenças produtivas e dos fatores envolvidos na produção.

A questão-chave da AP diz respeito à variabilidade nas áreas agrícolas, sendo necessária a criação de condições de manejo que levem em conta essa diversidade. Desse modo, as ações em determinada área devem verificar que a aplicação de certas práticas num ponto e momento considerados específicos apresente como resposta maior potencial produtivo, com menor impacto sobre o ambiente.

Essa técnica envolve um complexo processo, cujo fundamento é o conhecimento espacial preciso da atividade agrícola, frequentemente baseado no uso de dados obtidos com o auxílio de satélites. Assim, a AP é uma filosofia de manejo da fazenda na qual os produtores são capazes de identificar a variabilidade dentro de um campo e, então, manejar aquela variabilidade para aumentar a produtividade e os lucros.

O termo engloba o uso de tecnologias atuais para o manejo de solo, insumos e culturas, de modo adequado às variações espaciais e temporais em fatores que afetam a produtividade. A Agricultura de Precisão objetiva aumentar a eficiência, com base no manejo diferenciado de áreas na agricultura.

 

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