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As diversas formas de podar o maracujazeiro

José Rafael da Silva
Engenheiro agrônomo, MSc.
rafael@viveiroflorabrasil.com.br
Victor Hugo Graça Silva
Engenheiro agrônomo, mestrando – Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM/Uberaba
victor.hugo@viveiroflorabrasil.com.br

Crédito Ana Maria Diniz

A cultura do maracujazeiro ocupa, atualmente, uma considerável área de cultivo no País, sendo importante fonte de renda para milhares de pequenas propriedades brasileiras.

A passicultura atual conta com cerca de oito espécies cultivadas e mais de 20 variedades registradas no Ministério da Agricultura. No entanto, P. edulis f. flavicarpa, o conhecido maracujá amarelo/azedo, continua sendo a principal espécie cultivada, não só no Brasil como em todo o mundo.

Desde que receba boa orientação técnica, um passicultor devidamente qualificado pode conseguir colher mais de 60 toneladas de frutos em apenas um hectare em 1 ano, considerando o cultivo do maracujazeiro amarelo. Outras espécies têm requerimentos e produtividades diferentes, geralmente menores, mas são de alto valor de mercado.

Dentro das inúmeras técnicas indispensáveis ao sucesso da cultura, a poda ocupa lugar de destaque.

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Detalhes importantes

As podas são requeridas por diversas culturas, sendo as mais conhecidas a da videira, do pessegueiro, da pereira, da goiabeira, entre outras. De acordo com o mestre J. I de Sousa, citado em Ferreira, G., os objetivos gerais e principais da poda em frutíferas são:

  • Modificar o vigor da planta;
  • Produzir mais frutas e com melhor qualidade;
  • Manter a planta com porte conveniente aos tratos culturais e manuseio;
  • Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutíferos ou vice-versa;
  • Conduzir a planta a uma forma desejada;
  • Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos;
  • Regular a alternância das safras de modo que se obtenha anualmente colheitas médias com regularidade.

De forma ampla, a frutificação é consequência da acumulação de carboidratos, sendo que ocorre em maior intensidade nos ramos mais novos do que nos mais velhos e nos mais finos, comparados aos mais grossos.

A poda não é uma ciência exata. Aliás, a fruticultura como um todo é feita da junção de diversas ciências e do discernimento do fruticultor em sua aplicação, por isso nem sempre as práticas podem ser medidas em número de dias. Uma correta orientação técnica e o esmero do fruticultor garantirão o sucesso da atividade.

Para o maracujá

Os maracujazeiros, normalmente, são lianas de fragilidade variáveis, mas todos necessitam de condução e apoio para a produção comercial de frutos. Além disso, esta produção ocorre em ramos novos, propiciados por podas bem conduzidas.

Assim, os maracujazeiros são suportados por espaldeiras de diversos formatos e, para atingirem seu ápice, precisam de podas diversas. Desta forma, denominamos quatro diferentes tipos de poda na cultura do maracujazeiro, quais sejam, de formação ou condução, de produção ou frutificação, de renovação e a de limpeza ou fitossanitária.

Estes principais tipos podem ser empregados de forma branda ou drástica. De modo geral, emprega-se a poda branda durante o processo produtivo e a poda drástica para a formação da planta ou sua renovação.

Além disto, deve-se considerar que os maracujazeiros somente produzem em ramos da estação ou novos, e somente este fato já justificaria a obrigatoriedade das podas.                Quanto aos fatores relacionados à fisiologia vegetal, vale lembrar a relação que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação pode diminuir a frutificação ou a baixa frutificação levar ao excesso de vegetação.

A poda pode exercer efeitos estimulantes, propiciando a emissão de novos ramos e de gemas produtivas, refletindo na melhoria da produtividade, rendimento de polpa e número de sementes.

Poda de formação ou condução

Como o próprio nome indica, esta é a poda para dar forma à planta e deve ser iniciada tão logo surjam as primeiras brotações laterais, de modo que o modelo de condução clássico seja cumprido, ou seja, condução em haste única até o arame com duas ou quatro brotações laterais, conforme a espaldeira tenha um ou dois arames, respectivamente.

Neste modelo se preconiza a poda da brotação terminal, tão logo ultrapasse o arame superior, favorecendo as brotações laterais. Existem inúmeras variações nos modelos de poda de condução, quase sempre combinando época de plantio, espaçamento, tipo de espaldeira e local com ocorrência de ventos fortes.

Assim, pode-se adotar desde a condução em haste dupla, com ou sem poda apical, até haste simples sem poda apical, com os ramos únicos sendo conduzidos todos para o mesmo lado. Este último modelo tem sido empregado em locais com ocorrência de ventos fortes.

A principal função desta poda é propiciar uma distribuição harmoniosa dos ramos, facilitando o arejamento e demais tratos culturais. O importante é que as brotações indesejadas sejam eliminadas o mais precocemente possível, sendo que a frequência das podas depende do clima, da adubação e dos demais tratos culturais, podendo variar de cinco até 15 dias de intervalo.

As brotações secundárias são conduzidas, uma ou duas conforme tenha um ou dois arames, para cada lado. Estas também sofrerão poda apical quando atingirem entre três e cinco metros, dependendo do espaçamento entre plantas adotado. Normalmente o ramo secundário é podado quando atinge a metade da distância entre a segunda e a terceira planta para cada lado. Todos os ramos terciários são deixados livres até atingirem o solo, quando também tem poda apical.

Poda de produção

A poda de produção deve ser feita sempre que tenha um excesso de brotações ou que estas estejam encostando no solo ou para eliminar ramos que já produziram e propiciar o aparecimento de novos ramos.

Também neste caso não existem datas precisas, nem intervalos e frequência precisos, mas a correta orientação de um técnico e a especialização do fruticultor resultarão em frutos de boa qualidade e em quantidade para suprir os custos.

Como o maracujazeiro tem crescimento contínuo e exuberante, principalmente quando adequadamente adubado, é importante para a qualidade dos frutos que seja mantido bem podado, de modo a facilitar o controle fitossanitário, a polinização manual e a colheita.

No extremo da qualidade técnica, existem produtores que adotam um sistema de podas de condução e de produção denominado “poda ou condução em cortina”. Neste sistema, os ramos produtivos são mantidos curtos, com no máximo 15 nós, sendo que em cada ramo podem ser colhidos de cinco a oito frutos.

Tão logo o último fruto deste ramo seja colhido, ele será podado ou reduzido em 70% de seu comprimento, ou seja, eliminado, mas ficando entre três e cinco gemas antes do ramo secundário do qual se originou.

Desta forma, a planta estará sempre com excelente aeração, ótima exposição das flores e frutos, além da facilidade de serem cobertas pelos defensivos aplicados. E, lógico, com menor massa vegetativa, menor será o volume de calda pesticida necessária para uma boa cobertura das folhas.

Além destes benefícios, a poda de produção melhora a exposição à luz e diminui o peso sobre as espaldeiras, ajuda na regularização da produção e na vida útil do pomar, podendo influir sobremaneira na qualidade dos frutos.

Plantas adequadamente podadas emitem a primeira flor antes daquelas não podadas, além de terem maior probabilidade de produzirem frutos mais uniformes.

Poda de renovação

Atualmente, esta é a prática mais controvertida na cultura do maracujazeiro, pois a maioria dos técnicos preconiza apenas um ano de produção. Aliás, este período de produção é fortemente influenciado pela região na qual ocorre o cultivo.

Nas regiões mais ao Norte do País, a colheita se inicia entre cinco e sete meses após o transplantio e, nas mais ao Sul, pode variar entre seis e nove meses. Normalmente, ao Norte, após o início da produção, praticamente esta não é interrompida até a eliminação do pomar, enquanto que ao Sul este período de colheita se limita até a apenas seis meses, se resumindo, às vezes, a apenas este ciclo.

A principal finalidade da poda de renovação é eliminar a grande massa de ramos velhos e improdutivos, bem como diminuir o comprimento de cada ramo. De qualquer forma, quando se recomenda a realização da poda de renovação, alguns requisitos devem ser preenchidos, tais como pomar bem adubado e de bom aspecto fitossanitário, boa umidade no solo ou presença de irrigação, planta em início de brotação e condição adequada de clima. Normalmente, estas condições são encontradas no início da primavera.

A poda de renovação normalmente é drástica, eliminando-se mais de 75% da massa vegetativa existente. Em geral, é feita com corte raso entre 40 e 60 cm abaixo do arame superior, tendo-se o cuidado de não ferir o ramo ou caule principal.

Poda de limpeza ou fitossanitária

Na realidade, a poda de limpeza ou fitossanitária é complementar à poda de produção e de renovação, devendo ser realizada constantemente, desde o plantio e enquanto o pomar for produtivo. Trata-se da eliminação de ramos secos, improdutivos ou com alguma contaminação.

Por meio da constante observação do pomar o fruticultor determina sua necessidade, de modo que também não tem uma indicação de frequência e nem de intervalos. Quando bem realizada, propicia ótimos resultados, tanto na longevidade do pomar quanto na qualidade dos frutos.

Recomendações gerais

Como mencionado acima, as podas são essenciais para a obtenção de bons resultados na cultura do maracujazeiro, sendo que a poda de condução ou formação é obrigatória e as demais optativas, dependendo da disponibilidade de mão de obra.

No entanto, fruticultores que obtêm sucesso, seja pela qualidade ou quantidade de frutos, sempre praticam as podas de condução/formação, produção e de limpeza/fitossanitária.

Alguns cuidados são indispensáveis para a realização das podas, entre eles o uso de ferramentas apropriadas (nunca as unhas) e de produtos desinfetantes para as ferramentas. Um bom fruticultor preocupa-se sempre em desinfetar sua tesoura ou canivete de poda após cada planta podada.

Também é altamente recomendada a pulverização do pomar com produtos sanitizantes/cicatrizantes, devidamente registrados para a cultura, logo após o término da operação, seja a poda de formação, produção ou limpeza. Para isto, é importante a assistência técnica qualificada.

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