A competitividade da indústria brasileira está fortemente correlacionada ao custo de um dos seus principais insumos: a energia elétrica. No setor de celulose, as plantas industriais são capazes de produzir toda a energia necessária ao processo fabril, disponibilizando o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Com licença para exportar 27 megawatts para o SIN, a Veracel Celulose passou a ver esse mercado livre como oportunidade de diversificação dos negócios e investiu em ações internas para ampliar a produção de energia. “Essa é uma relevante fonte de receita para empresa”, diz Melissa Pimenta, assistente técnico da área de Recuperação e Utilidades da empresa.
Localizada no Nordeste, a Veracel deu início às pesquisas internas, explorando novas fontes, além das que já são utilizadas pelo setor de modo geral. Até o ano passado, a geração de energia era feita a partir da queima do lodo primário (resíduo da produção de celulose), madeira inservível (tora de eucalipto desclassificada como madeira de processo) e ainda a biomassa gerada internamente na picagem da madeira de processo (cascas, “overs e finos”).
No último ano, a quantidade de madeira inservível reduziu e isso motivou a equipe a procurar alternativas que não impactasse nos custos nem no processo de produção.
O bagaço de cana, utilizado também em usinas de açúcar, foi o primeiro combustível pesquisado. “Foi uma aplicação totalmente inovadora. Não temos conhecimento de outra empresa do setor que tenha feito isso”, conta Melissa. Os estudos deram certo e a preocupação da equipe passou a ser o volume do bagaço que poderia ser queimado diariamente na caldeira. “Em 2018, a receita virou um mix composto por de 6% de bagaço de cana, 38% de inservíveis, 1% de lodo primário e 54% de biomassa gerada internamente”, revela.
Esse mix de combustíveis para geração de energia possibilitou à Veracel a venda de 13MW para o mercado nacional no ano passado.