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Café: probabilidade de La Niña aumenta; entenda quais são os riscos

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  • Espera-se que o evento La Niña tenha impacto mais uma vez nas regiões produtoras de café em todo o mundo, sendo provável que o evento se torne ativo no final do segundo trimestre, de acordo com a última atualização do CPC.
     
  • No Sudeste do Brasil, temperaturas mais baixas e maiores riscos de geadas ameaçam as lavouras de café. A Indonésia poderá sofrer atrasos ou interrupções nas colheitas devido a chuvas mais intensas, especialmente na Sumatra.
     
  • O Vietnã enfrenta anomalias negativas de temperatura durante o fenômeno, mas o seu impacto nos rendimentos permanece incerto. Na Colômbia e na Guatemala, chuvas mais intensas podem danificar árvores ou aumentar a suscetibilidade a doenças. Além disso, os países da América Central enfrentam riscos aumentados de tempestades tropicais e furacões durante episódios de La Niña.
     
  • Embora os dados históricos sugiram correlações entre La Niña e flutuações de rendimento, atribuir reduções de rendimento apenas ao fenômeno é um desafio devido a outros fatores pontuais. No geral, o evento gera diversas anomalias climáticas nas principais regiões produtoras de café, e, portanto, pode se apresentar como um fator altista, caso se torne ativo durante as janelas-chave de desenvolvimento, a partir do segundo trimestre.

Na última quinta-feira (14), o Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos divulgou a última atualização sobre a possibilidade de desenvolvimento do La Niña no segundo trimestre. A hEDGEpoint Global Markets analisa, em relatório recente, os impactos dessa divulgação.

“Espera-se que o próximo evento La Niña persista durante o inverno do Hemisfério Sul, impactando várias regiões produtoras de café em todo o mundo. A safra de café do Brasil, principalmente no Sudeste, enfrenta riscos de temperaturas mais baixas e aumento de ocorrências de geadas devido à influência do evento. Os dados históricos mostram que o fenômeno durante as fases de desenvolvimento vegetativo se correlaciona com a diminuição dos rendimentos, como a temporada 21/22, que testemunhou uma queda de 19% em comparação com o ciclo anterior”, observa Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint.

Ainda de acordo com a analista, “Nos últimos anos, o fenômeno esteve em status “ativo” ou “alerta” durante o trimestre junho-agosto, coincidindo com o desenvolvimento vegetativo das culturas subsequentes no Brasil. Durante estes períodos, três em cada quatro ocorrências registaram diminuição dos rendimentos, indicando uma ligação potencial entre o evento e declínios de produção. Notavelmente, a temporada 21/22 sofreu uma redução significativa no rendimento atribuída à influência do La Niña”.

“Na Indonésia, onde a colheita do café vai de Abril a Setembro, o La Niña pode trazer chuvas mais fortes, afetando particularmente regiões como Sumatra. Este aumento da precipitação poderia perturbar ou atrasar a colheita, como observado em ocorrências passadas em que as reduções de rendimento não foram atribuídas apenas ao La Niña, mas também a outros fatores pontuais durante o desenvolvimento”, destaca.

Sobre o Vietnã, Natália diz: “O país experimenta anomalias negativas de temperatura durante La Niña, impactando potencialmente a produtividade do café. No entanto, os dados históricos sugerem que a influência do evento nos rendimentos permanece incerta, sem impactos significativos observados na comparação ano a ano”.

Apesar de registar anomalias negativas de temperatura, os rendimentos do Vietnã permaneceram inalterados ou aumentaram em três das quatro ocorrências, indicando um impacto limitado do La Niña na produção – na comparação anual, que depende fortemente de fatores pontuais. Do outro lado, o fenômeno limitou o crescimento contra a linha de tendência (potencial total), o que exige atenção.

“Em contraste, a Colômbia e a Guatemala podem registrar chuvas mais intensas durante o La Niña. Embora o aumento da precipitação durante o fenômeno possa parecer benéfico para o desenvolvimento das culturas, o excesso de chuvas, atingindo até 600% dos níveis normais, representa riscos para as regiões e cria um ambiente propício a doenças. Além disso, os países da América Central enfrentam riscos mais elevados de tempestades tropicais e furacões durante episódios de La Niña, o que pode afetar ainda mais o rendimento das colheitas”, explica.

Em resumo, no geral, o evento La Niña representa desafios para os produtores de café em todo o mundo, desde danos no Brasil até atrasos nas colheitas na Indonésia e aumento da precipitação na Colômbia e na Guatemala. Embora o mercado monitore de perto os efeitos do La Niña na produção de café, prever com precisão o seu impacto continua a ser um desafio devido à interação de vários fatores que influenciam o rendimento das culturas – porém, com base nos registros dos últimos anos, o fenômeno pode se apresentar como um fator altista, caso se torne ativo durante os momentos-chave de desenvolvimento a partir do segundo trimestre.

Acesse o relatório completo clicando aqui.

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