Com a pandemia, a busca por cafés de alta qualidade explodiu, resultado de um trabalho mais profundo de marcas e cafeterias para vender on-line, além de um reflexo da busca das pessoas por uma alimentação mais saudável e menos ultraprocessada. No Brasil, o interesse por cafés especiais tomou conta da mesa dos brasileiros e ajudou pequenos produtores a melhorar a margem de vendas.
Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o mercado mundial de cafés especiais cresce cerca de 15% ao ano, enquanto o tradicional avança apenas 2%. Atualmente, uma saca de café especial pode garantir ao produtor vendas por valores duas vezes maior do que o preço de mercado.
Para ser especial, um café precisa de cuidados extras, que vão desde o cultivo até a hora do preparo. Os cafés especiais não possuem definição específica, porém, todos os cafés especiais devem apresentar um elevado potencial de expressão de aroma e sabor na hora de sua prova na xícara e precisam ser notavelmente bons, de acordo com especialistas.
Para um café ser considerado especial, ele deve obter no mínimo 80 pontos na escala de classificação de cafés especiais da atual Specialty Coffee Association – SCA e isso equivale a um café de bebida mole, de acordo com a Instrução Normativa n° 8, de 11 de junho de 2003. Além disso, em sua amostra não poderá conter defeitos físicos de nenhum tipo de origem.
Em termos de produção, um café especial demanda atenção extra dos envolvidos em seu cultivo. É preciso cuidado com o plantio, que precisa ser acompanhado de perto por um agrônomo, e pós colheita, com uma seleção exclusiva de grãos maduros e saudáveis, que serão torrados cuidadosamente por uma equipe especializada garantindo sabor e a manutenção da qualidade das bebidas.
A diferença de preços entre o café convencional (de mercado) e o especial pode ser enorme. Um pacote de 250 gramas de café especial básico custa por volta de R$40,00 enquanto um pacote de 500g de café de mercado custa por volta de R$ 14.
Um ponto interessante a se notar é a verticalização do trabalho. No Sítio Capoeira e Olinto Café, um trabalho é conduzido da semente à xícara, sempre com zelo e atenção dedicados a cada etapa da produção do café. Bruna Malta, CEO do Olinto Café, produtora de café e uma das responsáveis pelo Sítio Capoeira, explica que a busca por cafés especiais cresceu durante a pandemia, refletindo uma maior preocupação das pessoas com a qualidade dos alimentos que consomem.
“Os consumidores estão cada vez mais interessados em saber a origem dos produtos que consomem, e isso inclui o café. Eles querem saber como o café foi cultivado, colhido e processado, e se ele foi produzido de forma sustentável e responsável. Os cafés especiais proporcionam essa transparência e conexão entre o produtor e o consumidor, permitindo que as pessoas apreciem uma xícara de café de alta qualidade enquanto apoiam pequenos produtores locais”, afirma Bruna.
Tanto o Olinto Café quanto o Sítio Capoeira, localizados na Região da Alta Mogiana, têm uma longa história com o café convencional e o café especial. O objetivo é proporcionar ao consumidor final uma bebida rastreável, que revele todo o caminho percorrido pelo café antes de chegar às mãos do consumidor final.. Essa abordagem visa oferecer transparência e conexão entre o cliente e o processo de produção do café, garantindo uma experiência completa e consciente.
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