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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Calagem – Na dose certa, resultados aparecem

Autores

Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ)
carlosantoniods@ufrrj.br
Nelson Moura Brasil do Amaral Sobrinho
Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas e professor – UFRRJ
nelmoura@ufrrj.br
Margarida Goréte Ferreira do Carmo
Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora – UFRRJ
gorete@ufrrj.br
Crédito Shutterstock

Os solos brasileiros, de uma forma geral, são caracterizados como ácidos, isto é, apresentam baixos valores de pH, e elevados teores de alumínio trocável e baixa saturação por bases (V%). O alumínio é um elemento tóxico à maioria das plantas e afeta diretamente o seu sistema radicular, diminuindo o seu crescimento e, consequentemente, a absorção de água e de nutrientes.

Em solos com baixo pH há uma redução da produção de grãos, como a soja, milho, feijão, amendoim, trigo e café, por serem estas culturas pouco tolerantes à acidez e ao alumínio, e apresentarem elevado requerimento nutricional. A correção da acidez do solo, prática conhecida como calagem, é um dos itens indispensáveis para a modificação desse panorama, visando a obtenção e manutenção de altos rendimentos na produção de grãos.

Dosagem recomendada

A calagem pode ser realizada pela aplicação de calcário (carbonato de cálcio ou de carbonato de cálcio e magnésio) ou de outros corretivos como os silicatos, óxidos e hidróxidos de cálcio e magnésio.

O primeiro passo é conhecer as condições de fertilidade dos solos onde serão feitos os plantios. Para tanto, é necessário a realização de coletas de amostras de solo das áreas e posterior análise em laboratório de análise de solo. Com base no resultado desta análise e dos requerimentos da cultura a ser plantada, podem ser feitos os cálculos da quantidade de calcário.

A quantidade de calcário a ser aplicado irá variar em função das características do solo, identificadas na análise, e de alguns critérios ajustados para as diferentes condições regionais, como o pH de referência, neutralização do alumínio e elevação dos teores de cálcio e magnésio ou elevação da saturação por bases.

Esta quantidade dependerá também das características do produto a ser utilizado, como sua composição química e granulometria. O produtor, sob assistência de profissional técnico, deve se atentar ao valor do Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) do corretivo, que está relacionado a sua capacidade de reagir no solo e neutralizar a acidez. Quanto maior o PRNT, maior a reatividade (velocidade de reação no solo).

Como o resultado da calagem não é imediato, pois depende da reação do corretivo no solo, recomenda-se que sua a aplicação seja feita com antecedência mínima de dois a três meses antes do plantio.

A distribuição do calcário precisa ser feita de forma mais uniforme possível, utilizando-se implementos específicos ou adaptados, e com posterior incorporação, considerando-se para isso a camada arável. Para melhor efeito, recomenda-se parcelar a aplicação em duas doses, sendo a primeira incorporada com o uso de arado (50%) e a segunda com a grade (50%).

Plantio direto

Nos sistemas de plantio direto (SPD), em especial, a aplicação de calcário pode ser feita antes da implantação do sistema ou na sua manutenção. No primeiro caso, a aplicação visa corrigir a acidez em, pelo menos, 20 cm superficiais do solo.

No segundo caso, conforme Caires (2013), a aplicação de calcário é feita na superfície sem incorporação, em função das restrições à movimentação do solo. Segundo Caires (2013), apesar de não ter efeito rápido na redução da acidez do solo em subsuperfície, a calagem superficial nos sistemas SPD também pode proporcionar melhorias nas condições químicas do solo.

A prática da calagem também deve ser feita nos sistemas altamente tecnificados e de precisão. Neste caso, há um maior refinamento e precisão nas coletas das amostras de solo e o processamento de dados visando o ajuste das doses às necessidades de cada ponto na área.

Atuação nas raízes da planta

A realização da calagem apresenta uma série de benefícios diretos e indiretos para a produção de grãos em função da melhoria nas condições químicas do solo e fornecimento de nutrientes importantes, como cálcio e magnésio.

A calagem aumenta a disponibilidade de nutrientes, a exemplo do fósforo e potássio, promove a neutralização do alumínio que é tóxico às plantas, aumenta a atividade microbiana no solo, além de melhorar a eficiência da fixação biológica do nitrogênio (FBN) em leguminosas como a soja e feijão, por exemplo.

O resultado da ação de todos estes fatores é um maior crescimento radicular, maior absorção de água e de nutrientes, tornando as plantas mais resilientes a estresses hídricos e veranicos e com influência positiva no crescimento da parte aérea. Plantas bem desenvolvidas são indicativos potenciais da obtenção de elevados rendimentos.

Ganhos produtivos

Diversos estudos científicos e experiências de produtores comprovam que a aplicação de calcário resulta em ganhos positivos na produção de grãos em resposta às melhorias nas condições do solo. A título de exemplo, Fageria (2001) concluiu que a calagem aumentou significativamente a produção de feijão, milho e soja em solos do Cerrado.

Enquanto que Fageria et al. (2008) observaram aumento no peso seco da parte aérea e número de vagens de feijão, sendo responsáveis por 44 e 34% de variação no rendimento de grãos. Resultados positivos também são reportados por Paulo (2017), que constatou rendimentos superiores a 30% em feijão-caupi.

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