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Cebola: mercado tem preferência por durabilidade

Crédito: Shutterstock

Mariane Gonçalves Ferreira Copati
marianegonferreira@gmail.com
Françoise Dalprá Dariva
fran_dariva@hotmail.com
Herika Paula Pessoa
herika.paula@ufv.br
Engenheiras agrônomas, mestras e doutorandas em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)

A cebola (Allium cepa L.) é uma hortaliça de grande importância econômica no cenário agrícola brasileiro. O Estado de Santa Catarina é o principal produtor nacional, concentrando mais de 30% da produção brasileira, no entanto, essa hortaliça é cultivada em diferentes locais, incluindo regiões do Cerrado e do Nordeste do Brasil.

Os últimos dados oficiais de produtividade apontam uma área de cultivo de 55,9 mil ha, com produção 1,5 milhão de toneladas colhidas em 2019. Segundo dados da FAO, o Brasil é hoje o 14º maior produtor mundial de cebola.

Produtividades recordes de 100 a 120 t/ha são alcançadas na região do Cerrado brasileiro com a utilização de cultivares melhoradas, valor muito acima da média nacional, que é de 32.33 t/ha.

Para atender a essa diversidade de condições climáticas para o cultivo da cebola, as empresas sementeiras têm trabalhado incansavelmente no desenvolvimento e disponibilização de materiais adequados para a realidade de cada região. Dentre as características mais importantes para esses materiais, destacam-se a boa bulbificação, coloração de pele e, principalmente, maior durabilidade na pós-colheita.

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Detalhes que atraem

Os materiais de cebola com maior qualidade pós-colheita, em geral apresentam características morfológicas como a espessura e composição da casca, que evitam a perda de água. Além disso, modificações fisiológicas que resultam em retardamento dos processos de degradação do bulbo e consequente perda de massa e qualidade, também estão presentes nesses materiais.

Pragas e doenças

Por ser cultivada em diferentes regiões do Brasil, as doenças com maior potencial para causar prejuízos nas lavouras de cebola variam de acordo com a região e época de plantio. De maneira geral, as doenças fúngicas mais relevantes para a cultura são a mancha-púrpura (Alternaria porri), o míldio (Peronospora destructor), mal-de-sete voltas ou antracnose da folha (Colletotrichum gloeosporioides f. sp. cepae), raiz rosada (Pyrenochaeta terrestris) e queima-das-pontas (Botrytis spp).

Além das doenças fúngicas, a podridão bacteriana (Burkholderia cepacia) também pode causar sérios prejuízos aos cebolicultores.

Leque de opções

A fim de lidar com as particularidades de cada região produtora de cebola, as empresas sementeiras têm ampliado seu portifólio de cultivares para atender as diversas demandas regionais e possibilitar o cultivo com sanidade e qualidade para o produtor e o consumidor.

Em geral, as cultivares lançadas são testadas e adaptadas em estações experimentais representativas das condições climáticas de cada local, o que é fundamental para que cada material chegue ao mercado com o manejo adaptado a cada região e período do ano.

Dessa forma, a escolha do material deve ser realizada considerando a região de cultivo, a fim de se escolher materiais com pacotes de resistência para as principais doenças da região, respeitando-se as recomendações da empresa sementeira quanto à época de plantio.

Obstáculos e soluções

Na pós-colheita, problemas frequentes são observados com o surgimento de brotos, apodrecimento, fungos e perdas fisiológicas que levam à redução da qualidade do bulbo. No entanto, as principais perdas na fase de pós-colheita estão associadas com seu armazenamento.

No Sul do País, por exemplo, boa parte da cebola produzida é estocada em galpões rústicos, sem controle de umidade relativa e temperatura. O clima frio e úmido dessa região induz a brotação dos bulbos com consequente perda em qualidade. Estima-se que perdas de até 16% da produção total são observadas na fase de pós-colheita da cebola.

Tais perdas podem ser minimizadas se práticas como escolha de cultivares com maior conservabilidade pós-colheita, adequado manejo nutricional da cultura (para evitar o chamado “pescoço grosso”, causado principalmente por excesso de nitrogênio), controle efetivo de pragas e doenças que afetam direta ou indiretamente os bulbos, colheita no ponto certo (após o “estalo” dos bulbos), adequado processo de cura, cuidados no manuseio e transporte dos bulbos, refrigeração e/ou armazenamento em condições de temperatura e umidade relativa ideais, forem devidamente adotadas.

A colheita após o estalo (fenômeno caracterizado pelo amolecimento do pseudocaule e posterior tombamento da parte aérea), assim como a cura bem feita dos bulbos (processo de desidratação das escamas externas, raízes e pseudocaule), são importantes meios de redução de perdas por microrganismos que depreciam o produto, como alguns tipos de fungos e bactérias causadores de podridão.

Isso acontece porque os catáfilos, ou escamas secas da parte externa, funcionam como uma barreira física à entrada desses patógenos, conferindo maior tempo de prateleira. No Brasil, a cura é feita principalmente no campo, e dura em torno de três a 15 dias, dependendo da região, podendo ainda ser feita em galpões com boa circulação de ar.

Armazenagem

O armazenamento por um período de até seis meses, sem que haja grandes perdas de peso e qualidade dos bulbos, pode ser feito em galpões arejados e com temperatura ambiente variando entre 20 e 30ºC e umidade relativa do ar entre 60 e 80%.

Temperaturas maiores que 28ºC aumentam a desidratação dos bulbos, bem como aceleram sua deterioração, ao passo que temperaturas mais baixas (entre 5 e 15ºC) induzem a brotação. UR acima da faixa ideal favorece a deterioração dos bulbos por microrganismos, enquanto que UR abaixo provoca desidratação severa dos bulbos e também desprendimento das escamas externas.

Para armazenamento por períodos mais longos, recomenda-se o uso de refrigeração, com temperaturas variando em torno de 4 a 6ºC e UR entre 70 e 80%, porém, seu uso não é muito comum no Brasil.

Atualmente, no mercado, existem disponíveis cultivares híbridas de cebola com boas características pós-colheita. De forma geral, alto teor de matéria seca, alta pungência, boa dormência, bom fechamento de talo, estalo precoce e uniforme e resistência a podridões, são características comuns a essas cultivares.

A associação da utilização de variedades com boa qualidade pós-colheita com o manejo adequado da cultura são estratégias que possibilitarão a obtenção de maiores produtividades e qualidade dos produtos colhidos. Ademais, o aumento observado na produtividade é suficiente para arcar com os custos referentes, principalmente, às sementes, que representam uma pequena fatia do custo total de produção.

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