A genética trouxe inovações para todos os setores da horticultura, sendo que para a cebola foram desenvolvidos materiais de dias mais curtos, beneficiando o produtor
Existem diversos materiais de cebola à disposição do produtor, desde aqueles que se adaptam bem às condições de dias curtos até outros que se adaptam melhor aos dias mais longos.
Exceto no Sul, que tem até 13,5 horas de luz diárias, nas demais regiões do Brasil (Sudeste e Centro-oeste, principalmente) os dias são bastante curtos, com 11,5 horas. “Nessas regiões só se consegue produzir cebolas de dias curtos, que precisam de 11 a 12 horas para bulbificar“, explica Valter Rodrigues Oliveira, pesquisador da Embrapa Hortaliças, acrescentando que na região Nordeste alguns materiais produzem com 100 dias.
O fato de a cebola ser mais precoce mostra algumas vantagens, mas também algumas desvantagens,como menor acúmulo de matéria seca e, consequentemente,mais água emenor conservação pós-colheita.
O plantio
No Nordeste planta-se cebola o ano todo,mas no período de verão o plantio diminui, dependendo do Ãndice de chuvas. “Como nesse ano está bastante seco no Nordeste, é provável que a cebola já esteja plantada. O normal é começarem a plantar em fevereiro, mas se não chover eles antecipam um pouco o plantio. Do contrário, se chover o plantio é retardado, e começa no final de fevereiro. O normal, entretanto, é que o plantio de cebola seja feito praticamente o ano todo na região Nordeste“, pontua Valter Rodrigues.
As cebolas de dias curtos normalmente podem ser usadas em qualquer região, mas no Sul, por exemplo, é preciso tomar cuidado com o plantio no cedo, pois nas condições locais elas podem bulbificar precocemente. “Para a cebola bulbificar ela precisa de uma área foliar suficiente para produzir um bulbo comercial grande.Se ela é induzida a bulbificar muito cedo e não tem folhas suficientes, seu bulbo ficará pequeno“, alerta o especialista, indicando que a escolha do material seja feita de acordo com as condições de temperatura e luz.
De modo geral, a melhor época para produzir cebola é no inverno, quando as condições de clima são mais favoráveis.
Fitossanidade
São muitos os problemas de pragas e doenças na cebola, sendo mais fácil fazer o manejo no inverno, com a aplicação de defensivos químicos ou biológicos. Já nos períodos quentes e chuvosos é difícil conduzir a cultura em virtude da dificuldade de manejo edo favorecimento de muitas doenças fúngicas, quando fica mais complicado produzir.
A solução encontrada por muitos produtores é investir em quatro ou cinco cultivares de uma vez.
Opções para plantio
Existem vários materiais muito bons no mercado, sendo que produtores de alta tecnologia dão preferência aos híbridos, que trazem retorno interessante, segundo Valter Rodrigues. “Na região sul do Brasil, onde as condições de clima são mais difÃceis e adversas, pelo fato do inverno ser muito úmido, os híbridos disponíveis não têm se dado tão bem, como na região centro-oeste, até porque as áreas são menores, e qualquer investimento pode pesar no custo final da produção“, informa.
O pesquisador ressalta, entretanto, que de nada adianta usar uma semente híbrida se não há tecnologia para aproveitar todo o potencial genético. “Se o produtor não tiver equipamentosadequados para um bom preparodo solo, um sistema adequado de distribuição de semente, se não consegue fazer o manejo de pragas e doenças de forma acertada e não explora todo o potencial do híbrido,não compensa utilizar uma semente mais cara“.
Custo ou investimento?
O custo de produção da cebola varia de região para região. No Centro-oeste a média fica em R$ 35 mil/ha, com população de 900 mil plantas/ha. “Esse valor oscila quanto à época de plantio também, pois no inverno usam-se mais sementes, onerando mais a produção.O custo com semente varia com o material e a população de plantas. Em São Paulo, por exemplo,são em torno de 500 mil plantas por hectare“, ilustra Valter Rodrigues.
Comparando uma cultivar de 120 dias com ela mesma, masde 160 dias, o pesquisador diz que a produtividade é semelhante.“Mas, considerando o custo que se tem para manter a lavoura no campo 40 dias a mais, o cultivo do híbrido em condições de ciclo mais curto fica mais em conta“, conclui.
Essa matéria você encontra na revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de junho. Adquira a sua.