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Dessecação pré-plantio: estratégias de manejo de plantas daninhas

Carolina Alves Gomes
Engenheira agrônoma e mestranda em Produção Vegetal – UFV/CRP
carol.agomes11@gmail.com
Vanessa Alves Gomes
Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e doutora em Proteção de Plantas – Unesp
vavvgomes@gmail.com

Crédito: Claudinei Kappes

O plantio é uma fase essencial para o sucesso da lavoura. Porém, para que este seja realizado com excelência, o preparo do solo, manejos de pragas, doenças e plantas daninhas devem estar em dia. O controle de plantas daninhas no pré-plantio é fundamental para uma boa germinação e para redução da competição na fase inicial da cultura.

As plantas daninhas competem por água, luz, nutrientes e podem liberar compostos alelopáticos. A fase inicial da cultura é mais sensível e a presença de plantas daninhas ao lado pode comprometer o desenvolvimento inicial e, consequentemente, os componentes de rendimento ao final do ciclo da cultura.

Dessa forma, tem-se utilizado duas aplicações para realizar a dessecação. Como as plantas daninhas estão maiores na primeira dessecação, convenciona-se ao uso de um produto sistêmico, por translocar mais na planta e promover o controle.

Na segunda, quando as plantas daninhas estão menores, é possível realizar uma cobertura melhor do alvo, minimizando o efeito guarda-chuva, em que uma planta sombreia a outra.

Recomendações

É importante ressaltar que o controle de plantas daninhas deve ser feito enquanto elas ainda estão em fases iniciais, para que o controle se torne mais efetivo. Além disso, os herbicidas de contato tendem a possuir uma persistência menor no solo, não prejudicando o desenvolvimento da semente por seu residual.

A escolha dos herbicidas deve ser realizada observando quais são as plantas daninhas presentes no local, a cultura de interesse que será instalada, a dosagem correta, a tecnologia de aplicação e as condições climáticas. Isso tudo é fundamental para a escolha do produto e para que a aplicação atinja o objetivo esperado – deixar a área limpa para o plantio, mas não prejudicar a cultura de interesse.

Os herbicidas podem ser classificados em quatro tipos, quanto à seletividade, época de aplicação, translocação e mecanismo de ação. A seletividade possui algumas peculiaridades quanto ao estádio de desenvolvimento, condições climáticas, mas pode ser entendida em relação à cultura e às plantas daninhas.

Quando o herbicida é seletivo, ele afeta o desenvolvimento ou provoca a morte das plantas daninhas, mas não causa efeito na cultura de interesse. Já quando o herbicida não é seletivo, ele possui alto espectro de ação e atua sobre todas as plantas do local.

Quando aplicar

Quanto à época de aplicação, os herbicidas podem ser classificados como pré-plantio, pré-emergentes e pós-emergentes. Os herbicidas de pré-plantio são aplicados antes do plantio da cultura e após a emergência de plantas daninhas, com objetivo de dessecação.

Os pré-emergentes são aplicados, normalmente, antes da emergência das plantas daninhas e após a semeadura da cultura. Já os pós-emergentes são aplicados após a emergência de plantas daninhas e da cultura.

A translocação pode ser dividida entre herbicidas de contato ou sistêmicos. Os primeiros são aqueles que necessitam de uma melhor cobertura do alvo, pois irão atuar no local em que a gota foi aplicada, possuindo um efeito mais rápido.

Já os herbicidas sistêmicos são aqueles que translocam na planta até atingir o local de ação do herbicida, necessitando de mais dias para efetivar o controle.

Outra classificação é quanto aos mecanismos de ação. Esta classificação é mais ampla e possui vários grupos de como os herbicidas atuam na planta para realizar o controle de plantas daninhas. É importante entender como cada mecanismo atua para realizar a escolha do produto correto para cada área.

Além disso, é importante a rotação desses mecanismos de ação, para que haja um melhor controle de plantas daninhas e minimize as possíveis resistências adquiridas pelas plantas.

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Saiba!

Outro fator fundamental para o manejo de plantas daninhas, principalmente no pré-plantio, são as condições climáticas. Normalmente, quando as chuvas chegam, já está planejado o plantio.

Porém, para que o manejo de plantas daninhas tenha sucesso é necessário umidade no solo, pois os herbicidas pré-emergentes atuam na germinação da semente e os herbicidas pós-emergentes podem não translocar ou ter efeitos reduzidos em plantas daninhas com estresse hídrico.

Dessa forma, é necessário o monitoramento da área antes da aplicação dos herbicidas e avaliar os melhores cenários para esse controle. A tecnologia de aplicação pode ser uma aliada a esse manejo, pois atualmente existem várias combinações de bicos, volumes de calda, adjuvantes e outros recursos que permitem uma melhor eficiência do produto aplicado.

Custo

Crédito: Ana Maria Diniz

Essas melhorias e acompanhamento da área antes da tomada de decisão possuem um custo elevado, porém, se comparado aos benefícios de uma aplicação eficiente, são inferiores aos prejuízos que podem ser causados. Dessa forma, utiliza-se menos produto, de forma mais eficiente.

Além disso, é importante que os produtos utilizados não deixem resíduos no solo, pois quando a rotação de cultura for feita, a próxima cultura pode não ser seletiva àquele produto. Sendo assim, o planejamento agrícola deve ser feito com muito cuidado, atentando para todos esses detalhes, sem prejudicar a próxima cultura, mas mantendo um controle eficiente e fazendo a rotação dos mecanismos de ação, para não induzir a resistência.

O limite máximo de resíduos também deve ser lembrado, pois além do controle, a produção deve ser feita de forma segura aos consumidores. De acordo com o decreto 4074/2002, todos os alimentos devem possuir um limite máximo de resíduos, sendo a quantidade máxima de agrotóxicos e afins. Isso permite a rastreabilidade e garante o controle dos produtos, resultando em uma melhor qualidade aos consumidores.

O controle de plantas daninhas é fundamental desde o pré-plantio para um resultado de sucesso ao final do ciclo da cultura. Para isso, deve-se atentar para os diversos fatores citados.

Além disso, é importante o acompanhamento de cada área individual, pois as particularidades do solo, da cultura e clima promovem manejos distintos.

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