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quinta-feira, maio 2, 2024
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Algas: mais shelf life para as tangerinas

Fotos: Shutterstock

Pedro Lucas da Silva Mota
Graduando em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
pedrolucasmota88@gmail.com
Thiago Feliph Silva Fernandes
Engenheiro agrônomo e mestre em Fitotecnia – UNESP
thiagofeliphh@gmail.com

O cultivo de frutas cítricas é um importante meio de desenvolvimento socioeconômico no Brasil, tanto no mercado interno quanto nas exportações, gerando empregos diretos e indiretos.

Dentre as frutas mais produzidas têm-se a laranja, tangerina, lima e limão, com destaque para a cultura da laranja, que é a mais cultivada no País, mas nos últimos anos a tangerina também vem ganhando destaque, colocando o Brasil como maior produtor mundial, de acordo com a Faostat, 2022.

Com o aumento da demanda, é preciso adotar práticas que aumentem sua produção e melhorem a qualidade do produto final. Dentre elas, a utilização de algas marinhas vem se apresentando como uma importante alternativa.

Do mar para a agricultura

As algas são organismos fotossintetizantes que se encontram, muitas vezes, em locais com características adversas que contribuem para a produção de moléculas bioativas complexas, que agem diretamente no crescimento de plantas, formação de flores/frutos e melhoramento da tolerância de fatores bióticos e abióticos.

Quando cultivadas nas condições ideais, as algas apresentam conteúdo proteico formado principalmente por carboidratos e aminoácidos, que são os principais precursores dos fitormônios auxina e ácido salicílico (importantes para o desenvolvimento de flores, frutificação, amadurecimento e senescência das folhas), além de proteção contra estresses.

Manejo

Fotos: Shutterstock

O fluxo de primavera ocorre geralmente entre os meses de Julho e Setembro, depois do repouso fenológico, sendo o principal precursor da florada dos citros. Mas essa florada pode ser induzida em regiões de clima mais quente (tropical), podendo ocorrer durante o ano todo.

Os produtos a serem utilizados são os bioestimulantes à base de extratos de algas marinhas. Serão realizadas duas aplicações desses bioestimulantes, a primeira antes da florada, geralmente no mês de julho e a segunda aplicação após a florada, que ocorre geralemnte duas semanas após o início da mesma. As concentrações utilizadas são definidas de acordo com a recomendação de cada produto para a cultura.

Importante lembrar que a aplicação deverá ocorrer em um período com temperaturas amenas (média de 25° C), umidade relativa de 78% e sem vento. O melhor período para realizar as aplicações é entre 8:00 e 10:00 horas ou das 16:00 às 18:00 horas, onde as condições climáticas são melhores.

O equipamento para aplicar o produto deve ser um pulverizador costal provido de tanque com capacidade para 2,0 litros. Os extratos de algas possuem micronutrientes, vitaminas, aminoácidos e fitormônios que são responsáveis por promover o crescimento e desenvolvimento direto das plantas.

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Reflexos na tangerina

O principal objetivo da utilização de algas marinhas na cultura da tangerina é tornar o cultivo mais forte e saudável, atuando principalmente na resistência do fruto.

A pulverização das árvores com bioestimulantes à base de extratos de algas causa o aumento da nitratoredutase, uma enzima de grande importância, responsável por metabolizar o nitrogênio. O aumento desta enzima estimula o crescimento vegetal em condições adversas, como secas ou deficiência de nitrogênio, resultando principalmente no aumento de produtividade.

O extrato de algas possibilita indução da resistência nas plantas, contribuindo, desta forma, para a proteção vegetal, por meio do estímulo da liberação de hormônios vegetais. A liberação de fitormônios contribui principalmente para o aumento do ‘shelf life’, por aumentar a resistência dos frutos e seu tempo apto para consumo.

Resultados encontrados na literatura evidenciaram que o uso de bioestimulantes à base de extratos de algas aumentaram em até 15 dias o período de vida útil da tangerina comparado com a produção desse fruto sem a utilização de algas.

Pesquisas

De acordo com estudos já realizados, os bioestimulantes à base de algas marinhas apresentam resultados bastantes promissores e suficientes que mostram seus benefícios, podendo se destacar o aumento do crescimento vegetal e resistência ao estresse.

Sem parâmetros pré-estabelecidos, o mercado desses produtos ainda encontra muitas dificuldades entre os produtores e sua utilização no campo. Entretanto, o preço poderá ser um fator bastante importante para a utilização das formulações de extratos de algas na agricultura, o que pode ser comparado com o preço dos fertilizantes e pesticidas químicos, trazendo uma grande diferença nos preços.

O uso de bioestimulantes à base de extratos de algas é viável trazendo valores positivos tanto em VPL (Valor Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno), podendo recuperar o valor investido já no primeiro ano de utilização do produto.

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