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Esparramação dos resíduos vegetais no cafeeiro

A estratégia consciente de esparramar resíduos vegetais no cafeeiro não é apenas um gesto agrícola.

Túlio de Paula Pires
Engenheiro agrônomo, mestrando em Agricultura e Informações Geoespaciais – Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pesquisador – Fronterra Consultoria e Pesquisa
tuliopiresagro@gmail.com

Alisson André Vicente Campos
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) e pesquisador – Fronterra Consultoria e Pesquisa
alissonavcampos@yahoo.com.br

Alex Oliveira Borges
Estagiário – Fronterra Consultoria e Pesquisa
alexob2019@gmail.com

A cafeicultura, nos dias atuais, tem enfrentado diversas dificuldades para se manter de pé, com chuvas irregulares, granizo, insolação, pragas, doenças e plantas daninhas de difícil controle.

Material orgânico funciona como cobertura morta do solo
Crédito: Marcelo Malta

No entanto, os cafeicultores têm se queixado da falta de mão de obra para auxilia-los na condução das lavouras, como colheita, desbrotas, capinas, dentre outras operações.

A ‘chegada de cisco’

Alguns serviços podem ser realizados de forma manual e mecanizada, mas, uma prática que tem sido esquecida pelos produtores é a esparramação de cisco, mais conhecido entre os cafeicultores como “chegada de cisco”, que pode ser realizada tanto de forma manual, com rodos e enxadas, como também de forma mecanizada.

Após a colheita, costuma-se realizar essa operação, que visa retornar os restos de materiais vegetais presentes no meio da rua do cafeeiro como parte de folhas, ramos e frutos das plantas em que foram acumulados macro e micronutrientes aplicados anteriormente na lavoura para perto da planta.

Entre os benefícios para as plantas está o fornecimento de material orgânico, que funciona como cobertura morta do solo, exercendo papel fundamental na ciclagem de nutrientes, na incorporação de matéria orgânica e na manutenção da umidade.

Tais aspectos proporcionam incrementos diretos na produção, principalmente quando ocorrem adversidades climáticas, além de disponibilizar macro e micronutrientes, dentre outros.

Mecanizada ou manual?

Essa operação, realizada de forma manual, tem feito com que alguns produtores deixem de fazê-la, visto que o custo de mão de obra é elevado, de forma que não é uma operação rápida de realizar, como também é escassa a disponibilidade de trabalhadores para fazê-la.

No entanto, alguns cafeicultores têm feito de forma mecanizada, sendo de fácil realização, com rendimento operacional satisfatório.

Viabilidade

A importância da esparramação de ciscos impacta diretamente na produtividade, com pesquisas demonstrando elevação da produtividade em até 8,7 sacas por hectare, como demonstrado por Sanitano et al., 2016.

Embora seja onerosa a esparramação de ciscos na lavoura, esse ganho em produtividade viabiliza a execução da atividade.

Regiões onde a mecanização é predominante, com lavouras menos adensadas, cultivo de plantas de coberturas e resto de material vegetal das plantas no meio da rua tornam os resíduos mais ricos em matéria orgânica, nutrientes e microrganismos benéficos para as plantas.

Portanto, os cafeicultores têm feito essa operação por meio de equipamentos que já são recomendados para essa operação. Também realizam no improviso, como com lâminas traseiras e esparramador-subsolador.

Atenção

O produtor deve se atentar ao custo-benefício dessa operação. Devido à mão de obra impactar diretamente no custo de produção, o rendimento operacional dos trabalhadores deverá justiçar a realização dessa operação.

Visão microscópica

Muito se tem visto, por meio de análises químicas dos resíduos, uma grande quantidade de nutrientes presentes no mesmo. Vale ressaltar que a qualidade dos solos vindos dessa operação tem melhorado constantemente, com maior retenção de água, acúmulo de nutrientes, microrganismos aumentando a ciclagem de nutrientes, melhoria na eficiência da adubação, menores temperaturas no solo e fornecimento de matéria orgânica.

Dentre as regiões cafeeiras do brasil, como por exemplo as Matas de Minas, por terem seu padrão de lavoura mais adensado e montanhoso, costuma-se não realizar essa operação, fazendo com que o próprio material vegetal fique perto das plantas, refletindo em um ambiente com mais umidade no solo, retenção de água, acúmulo de matéria orgânica, maior quantidade de microrganismos por área e ambiente adequado para a promoção dos mesmos.

Por fim, são muitos os benefícios dessa operação, devendo ser economicamente recomendável aos cafeicultores, favorecendo assim um melhor ambiente para as plantas, com produtividades elevadas e plantas mais tolerantes às adversidades climáticas.

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