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Fertilização fluida via sulco de plantio na soja

Crédito: Orion

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor de Fertilidade do Solo – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br

Sojicultores brasileiros encontraram na fertilização fluida via sulco de plantio uma alternativa vantajosa, tanto do ponto de vista da praticidade operacional, com melhor aproveitamento da mão de obra e acelerando o processo de plantio, quanto nos resultados, apresentando maior produtividade de grãos na colheita.

Como funciona

Adubação fluida é a modalidade de adubação que utiliza fertilizantes fluidos, os quais são fertilizantes simples ou complexos, cuja característica principal é poderem ser manipulados, transportados, armazenados e aplicados na lavoura de forma fluida.

Também podemos definir os fertilizantes fluidos como aqueles nos quais o veículo para os nutrientes é um líquido.

Atualmente, nos Estados Unidos, cerca de 40% dos fertilizantes utilizados são fluidos, enquanto no Brasil esse número é de cerca de 5%. Contudo, seu mercado está crescendo, principalmente próximo das regiões produtoras, o que significa uma mudança de paradigma que nos leva a conhecer mais a respeito desses produtos.

Benefícios

As áreas cultivadas via fertilização fluida proporcionam redução no volume de adubo utilizado, podendo chegar a 90%. A redução de mão de obra, o menor consumo de combustíveis e o ganho operacional de plantio são altos, chegando a 25% em comparação a formas convencionais de manejo.

Os fertilizantes fluidos apresentam-se nas formas de soluções líquidas, isentas de sólidos e suspensões que apresentam uma fase sólida dispersa em um meio líquido. Podem ser homogêneas e heterogêneas.

Recomendações

No seu preparo é necessária a utilização de agentes de suspensão que aumentam a viscosidade e evitam a formação de precipitados na mistura. Os fertilizantes fluidos podem ser aplicados de diversas maneiras na cana: diretamente no solo, superficial ou em profundidade, misturado ou não com herbicidas, mediante a compatibilidade, pulverização nas folhas e via fertirrigação.

Para a soja

Os benefícios da nova tecnologia para a soja podem ser mensurados em aumento de produtividade e maior praticidade da operação em relação ao manejo tradicional. A fertilização fluida permite um maior rendimento no plantio, tendo em vista que há menos paradas para reabastecimento de fertilizantes na plantadeira. O plantio fica mais rápido e isso é uma excelente vantagem.

Além disso, pode-se citar também a menor volatilização de nitrogênio em contextos de alta temperatura, os menores custos logísticos, o melhor controle de estoque e ainda a maior velocidade de trabalho. Com a utilização de fertilizantes sólidos consegue-se um rendimento de aplicação de 50 hectares por dia, com a utilização de fertilizantes fluidos essa taxa passa a ser de 250 hectares por dia.

Quando se recomenda a dose de um fertilizante fluido, utiliza-se uma unidade de massa, como em kg ha-1 e L ha-1, por exemplo, se recomenda uma dose que utiliza uma unidade de volume.

Assim, como cada fertilizante possui suas características próprias, além de se utilizar a garantia do mesmo para o cálculo, é necessário também considerar sua densidade. Tomando como exemplo a recomendação de uma dose de 150 kg ha-1 de nitrogênio e utilizando como fonte a ureia líquida, com garantia de 20% e densidade de 0,92 g/ml, deve-se adotar o seguinte passo a passo:

– Primeiramente, dividir a dose do nutriente pela garantia do fertilizante. Assim, tem-se a quantidade em quilo do fertilizante a ser aplicado por ha: 150/0,2 = 750 kg ha-1

– Em seguida, utilizar a densidade do fertilizante para descobrir o volume a ser aplicado por hectare, utilizando a seguinte fórmula: d = m/V

Em que: d = densidade; m = massa; V = volume

Crédito: Shutterstock

– Substituindo os valores na fórmula, tem-se que o volume a ser aplicado por hectare na lavoura é de 815 L ha-1.

Entre um e outro

A adubação básica de NPK pode ser reduzida em até 15% em produto, como demonstram alguns trabalhos científicos sobre o assunto, já que a eficiência de absorção é maior do adubo líquido em relação ao sólido.

No entanto, alguns cuidados devem ser levados em consideração na utilização do adubo líquido, visto que, para obter os melhores resultados com a adubação líquida, é fundamental utilizar o produto de forma adequada.

Verifique a acidez do adubo líquido: as plantas absorvem os nutrientes em uma faixa restrita de pH, que varia de uma espécie para outra. O solo brasileiro é predominantemente ácido, com pH entre 4 e 5, mas os vegetais preferem uma faixa entre 6 e 7. Portanto, os processos de adubação devem buscar o equilíbrio do pH para ter máxima eficiência.

Aplique o adubo no momento adequado: evite a aplicação do adubo líquido nas horas mais quentes do dia, pois o calor pode fazer com que a substância evapore, não dando tempo para que a planta o absorva.

Equilibre o uso de fitossanitários: caso faça a aplicação simultânea do adubo líquido com outros produtos químicos, assegure-se que não haja incompatibilidade entre as substâncias.

Resultados

O uso racional dos fertilizantes líquidos possui benefícios na eficácia da adubação e conservação do meio ambiente. Contudo, para implementar a aplicação via sulco de plantio, fundamentada nas boas práticas de manejo, o processo deve contemplar princípios como a deposição do fertilizante em local que facilite o acesso das raízes ao nutriente e propicie a redução de perdas para o meio ambiente.

Tal condição pode ser alcançada quando o fertilizante é aplicado na camada subsuperficial do solo, próximo às raízes da soja. Neste contexto, o uso de fertilizante líquido nitrogenado permite, além da aplicação do método convencional de incorporação contínua, o emprego de estratégias alternativas para acesso da subsuperfície do solo, como no processo de injeção de jato fluídico em operação de puncionamento no solo.

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