Bruno Nicchio
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia
Ernane Miranda Lemes
Engenheiro agrônomo, fitopatologista e doutor em Fitotecnia
Há uma crescente necessidade de produção de alimentos e de energia com o aumento da população mundial e com isso faz-se necessário aumentar a produtividade por área cultivada visando suprir essa demanda.
A cultura do tomateiro tem grande importância para suprimento alimentar,além de sua relevância socioeconômica no contexto do agronegócio, principalmente por sua capacidade de geração de emprego e de renda em todos os setores da economia, pois o tomate é uma das mais importantes hortaliças no mundo, tanto em área cultivada como em valor comercial.
O Brasil ocupa o oitavo lugar entre os países produtores, sendo esta hortaliça a segunda em importância econômica no País. Os frutos destinam-se especialmente ao processamento, mas também para o consumo in natura (Filgueira, 2000; Bernardi et al., 2007; Barbosa, 2014).
A fertilização e manejo de adubação devem ser levados em consideração ao buscar o aumento de produtividade por área.Porém, as perdas de nutrientes aplicados ao solovia lixiviação, volatilização ou adsorção é uma das preocupações de pesquisadores ao longo das últimas décadas.
A utilização defertilizantes de liberação controlada pode ser uma solução para reduzir perdas de nutrientes, além de aumentar a eficiência de fertilizantes na cultura do tomateiro. Para minimizar essas perdas, diversos centros de pesquisas privados e públicos têm desenvolvido, nos últimos anos, fertilizantes de eficiência aprimorada, no quais a liberação dos nutrientes ocorre de maneira gradual durante o ciclo da lavoura, próximo da marcha de absorção dos nutrientes pela cultura (Blaylock, 2007; Barbosa, 2014).
O que são
Fertilizantes de liberação lenta, controlada e estabilizados ou com inibidores são os principais do grupo definido como fertilizantes de eficiência aumentada. Fertilizante de liberação controlada é o termo utilizado quando a duração da liberação dos nutrientes em um intervalo de tempo é conhecida.
Já o termo de liberação lenta (revestidos) é empregado quando a liberação do nutriente depende de fatores climáticos, não sendo previsto pelo tempo.O primeiro fertilizante convencional a ser quimicamente modificado para forma de fertilizante de liberação lenta é a uréia, e atualmente existem formulações sólidas e líquidas.
Esses fertilizantes são uma realidade no mundo e as tecnologias podem aumentar a eficiência deles. Barbosa, (2014) ao avaliar a fertilização de tomateiro industrial, observou que os produtos estabilizados e de lenta liberação são suscetíveis para indicar uma possível redução das quantidades utilizadas dos fertilizantes.
Composição
Durante o processo de fabricação dos fertilizantes de liberação lenta, os fertilizantes são revestidos, encapsulados por uma camada de material insolúvel em água com microporos, que permite o contato do grânulo do fertilizante com a água e liberação dos nutrientes de maneira mais lenta, permitindo a absorção das plantas de acordo com sua necessidade.
O tipo de material utilizado no revestimento do fertilizante pode influenciar no preço final (1,5 a 10 vezes maior que a fonte convencional) e também o tempo de eficiência e época de aplicação, pois pode ser indicada a aplicação antecipada do fertilizante visando a liberação do nutriente para planta.
Vantagens
A principal vantagem do uso deste tipo de fertilizante é que sua aplicação pode promover uma economia de 20 a 30% em relação à aplicação de um fertilizante convencional, mantendo o mesmo rendimento do cultivo.
Pela sincronização de liberação, estes fertilizantes de liberação lenta melhoram a absorção de nutrientes pelas plantas, reduzem perdas, por exemplo: do nitrato por lixiviação e perdas por volatilização de amônia, minimizando o risco de poluição ambiental (Machado, 2006; Barbosa, 2014).
Custo
Segundo Guelfi (2017), em função da tecnologia de produção, os preços dos fertilizantes aumentam na seguinte ordem: convencionais < estabilizados <blends≤ liberação lenta < liberação controlada.
Como principal desvantagem, os fertilizantes de liberação lenta apresentam custo superior às fontes solúveis, requerendo a adequação das doses nos diferentes sistemas de produção, a exemplo do tomateiro. Todavia, o aumento de eficiência e manejo de adubação adequado pode reduzir a quantidade de nutrientes aplicados, já que o fertilizante de liberação lenta apresenta maior eficiência de absorção, o que pode otimizar o uso do insumo e garantir a produção econômica da cultura na sua relação custo x benefÃcio(Santos, 2014).