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Inteligência artificial reduz consumo de defensivos

A inteligência artificial (IA) tem sido tema de destaque nos últimos anos em diversos campos de estudo e atuação. Mas, você sabe como ela pode ser utilizada na agricultura?

Catherine Amorim
Doutora e professora – Instituto Federal Catarinense – campus Araquari
cath.amorim@gmail.com

O termo IA (inteligência artificial) engloba uma gama de ferramentas de sistemas ou máquinas inteligentes que realizam tarefas relacionadas à cognição. Isso é feito por meio de coleta e cruzamento de dados, resolução e automatização dos processos realizados pela máquina.

Foto: Shutterstock

Portanto, quando falamos em inteligência artificial, isso vai muito além do clássico robô inteligente que vemos no cinema, ou ainda de ferramentas como ChatGPT, que se tornaram populares. A inteligência artificial pode ser aplicada e tem apresentado bons resultados na área agrícola.

Impacto econômico

O setor agrícola é um dos mais importantes da economia do nosso país, e tem enfrentado como desafio a tentativa de ampliar cada vez mais a capacidade produtiva de uma área, sem expansão de área das lavouras.

É nesse contexto que a tecnologia da inteligência artificial surge como uma nova e promissora aliada ao produtor. Inclusive auxiliando, além de elevar a produtividade da lavoura, na redução do uso de agrotóxicos, outro tema que tem estado em pauta nos últimos anos.

Aplicabilidade

Dentre algumas aplicabilidades dessa tecnologia na agricultura, temos o monitoramento da lavoura. Drones ou sensores espalhados pela lavoura podem realizar o monitoramento em tempo real e fornecem métricas precisas e rápidas de grandes áreas.

Eles possibilitam ao produtor a rápida identificação da incidência de pragas e doenças, sabendo melhor quando entrar com algum tipo de tratamento ou não. Isso, sem que haja consumo excessivo de produtos fitossanitários ou demora na diagnose, que levem a alguma perda na produção, por menor que possa ser.

Também permitem a identificação de condições de solo e de uso da água, facilitando a tomada de decisões. Dessa forma, decisões como, quando e onde fazer aplicações de defensivos, controle de irrigação, adubação e manejo de solo se tornam mais eficientes e rápidas.

Pode-se trabalhar com o uso de IA também para coleta de dados climáticos em tempo real da área e previsões mais precisas, novamente fazendo a tomada de decisões ser mais assertiva.

Outra tendência é o uso de veículos autônomos na lavoura. São máquinas inteligentes capazes de desempenhar suas funções sem a necessidade de um operador presencial, ou seja, veículos não tripulados. Esse tipo de veículo pode ser controlado à distância por meio de aplicativos específicos, além de servir também como forma de coleta de dados sem ação humana.

Drones espalhados pela lavoura podem realizar o monitoramento em tempo real

Rastreamento preciso

Mais um exemplo de uso da IA na agricultura, já de sucesso e não muito novo, é o uso do GPS (Sistema de Posicionamento Global por Satélites) na agricultura de precisão. Essa tecnologia foi introduzida no campo agrícola na década de 90 e é hoje um recurso amplamente utilizado.

Assim, é possível localizar e monitorar máquinas que possuam um sistema de software, fazer a gestão da frota agrícola, automação dos equipamentos e aplicação precisa de produtos defensivos, evitando a sobreposição ou falta de aplicação.

Benefícios diversos

No campo de pulverização agrícola, a necessidade de um maquinário altamente eficiente levou ao desenvolvimento de um sistema de pulverização seletiva por meio do uso de Inteligência Artificial.

Esse sistema de pulverização identifica pragas ou plantas daninhas específicas e realiza a pulverização apenas nas áreas de interesse, e não em área total, como os pulverizadores tradicionais.

O sistema de pulverização seletiva leva a uma significativa economia na utilização de defensivos. Isso pode trazer benefícios tanto econômicos ao produtor, pelo menor gasto de produtos químicos, como sustentáveis, pensando na menor quantidade de resíduos liberados no meio ambiente.

Aplicações mais pontuais e precisas também contribuem para que se evite o surgimento de resistências na lavoura, problema que tem se tornado significativo há anos, seja em relação a insetos-praga, doenças ou plantas daninhas.

Por exemplo, o controle de plantas daninhas em uma lavoura de soja antigamente era realizado com a utilização de diversos princípios ativos e de herbicidas seletivos, para alcançar o controle eficiente das plantas daninhas, sem afetar a lavoura.

Tal necessidade levou ao desenvolvimento da soja transgênica, resistente ao glifosato, um herbicida não seletivo. Isso fez com que a diversificação de princípios ativos anteriormente utilizados fosse substituída pelo glifosato, o que gerou diversos problemas de resistência de plantas daninhas a esse herbicida.

Esse é um exemplo de problema que pode ser contornado por pulverizações dirigidas diretamente ao alvo.

Solução

Um dos sistemas de pulverização seletiva foi desenvolvido pela empresa SaveFarm, pertencente a Eirene Solutions, o qual tem câmeras instaladas na barra de um pulverizador comum.

Por meio da análise de imagens das câmeras, é feita uma leitura do solo e identificadas as plantas-daninhas alvos da pulverização, e assim, a pulverização é realizada somente sobre as elas.

Ou seja, o jato é direcionado apenas ao alvo em questão. Isso pode ser realizado, inclusive, em uma área de cultivo já emergido, uma vez que a pulverização é dirigida ao alvo.

Caso seja de interesse, a pulverização em área total da lavoura pode ser feita a uma taxa reduzida, e o sistema de IA pode aumentar essa taxa apenas onde houver plantas-alvo.

A tecnologia das câmeras permite, ainda, que as aplicações sejam realizadas em qualquer horário, inclusive à noite.

Mais tecnologias

A empresa americana Trimble possui no mercado há algum tempo o sistema WeedSeeker, que detecta plantas daninhas para pulverização seletiva, por meio de sensores de comprimentos de onda que podem ser instalados em qualquer pulverizador, realizando uma leitura da cor da planta.

O mesmo pode ser calibrado para indicar em quais tipos de planta ele deve realizar a pulverização. Dessa forma, o sensor faz a leitura da luz refletida pela planta e manda um sinal ao bico de pulverização.

A inteligência artificial surge como uma nova aliada ao produtor

Essa tecnologia também pode ser utilizada após a emergência da cultura, pois o sensor identifica o que é cultura e o que é planta daninha.

Outra tecnologia de pulverização seletiva é o WEEDit da Smmart Sensing Brasil, que faz a detecção das plantas daninhas alvo por meio de sensores LED instalados na barra a 1,10 m do chão.

Esses sensores emitem uma luz vermelha LED que detecta a fluorescência da clorofila presente das plantas. Assim, a pulverização pode ser controlada e dirigida ao alvo.

Eficácia

As tecnologias apresentam aumento da eficiência do trabalho dentre outras diversas vantagens, e já são disponíveis no mercado. No entanto, como qualquer nova tecnologia, algumas barreiras ainda precisam ser quebradas.

É imprescindível saber que a utilização da inteligência artificial no campo agrícola não substitui o agricultor, mas vem como uma aliada para melhorar a eficiência do processo. Quando se lida com IA, é necessário o controle e monitoramento cuidadoso da inteligência em questão.

Também é necessário responsabilidade e ética com o gerenciamento dos dados coletados. A utilização de IA em máquinas agrícolas é uma forte tendência no setor, tem roubado a cena, mas ainda estamos apenas engatinhando no processo de real implementação no campo.

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