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Liberação lenta: nutrição mais eficiente para a cenoura

Descubra como essa estratégia revolucionária pode impulsionar sua colheita de cenouras, economizando recursos e otimizando a qualidade do produto final

Lucas Rozendo de Lima Silva
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
lucasrozendo@gmail.com
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Horticultura – UNESP

A utilização de fertilizantes de liberação lenta na produção de cenouras representa uma estratégia eficiente para otimizar a nutrição das plantas, proporcionando benefícios tanto do ponto de vista agronômico quanto ambiental.

A liberação lenta de nutrientes é um método que visa fornecer gradualmente os elementos essenciais às plantas ao longo do ciclo de cultivo, alinhando-se de maneira mais precisa às suas necessidades fisiológicas.

Ao empregar fertilizantes de liberação lenta, como os revestidos por polímeros ou de liberação controlada, é possível minimizar as perdas por lixiviação, volatilização e fixação, características comuns em fertilizantes convencionais.

Esse controle mais preciso da liberação de nutrientes não apenas reduz o desperdício de insumos, mas também contribui para a sustentabilidade ambiental.

A cenoura

No contexto específico da cenoura, a aplicação de fertilizantes de liberação lenta pode ser ajustada para atender às demandas nutricionais específicas durante diferentes estágios de crescimento.

A liberação gradual de nutrientes fundamentais, como nitrogênio, fósforo e potássio, promove um desenvolvimento equilibrado da cultura, resultando em raízes mais saudáveis, uniformes e com maior qualidade comercial.

Neste sentido, os fertilizantes de liberação lenta conseguem proteger os nutrientes, especialmente o nitrogênio, de maneiras físicas, químicas ou biológicas, devido ao solo, de modo geral, possuir pouco nitrogênio disponível em sua composição, cerca de 2-3%.

Isso acontece, principalmente, por conta da baixa concentração desse nutriente nas rochas e minerais que dão origem ao solo. Sob esse contexto, os fertilizantes de liberação lenta (FLL) surgem como uma boa alternativa para a adição de nitrogênio ao solo, visto que sua principal função é disponibilizar os nutrientes para as plantas durante um período maior e de forma controlada.

Tipos de FLL

Um dos primeiros FLL a ser comercializado foi a ureia formaldeído, e tinha como princípio reduzir a solubilidade da fração nitrogênio de sua composição. Esse produto era uma mistura de ureia metileno com polímeros de diferentes características químicas.

A liberação do nitrogênio desse tipo de fertilizante depende da decomposição microbiológica da cadeia polimérica, portanto, fatores como PH, tipo de solo, umidade e temperatura influenciam substancialmente na ação desse FLL.

Outro tipo é o IBDU, formado pela reação de isobutiraldeído com a ureia, sem a formação de polímeros. Desse modo, a liberação de nitrogênio ocorre em função, especialmente, do tamanho das partículas, umidade, temperatura e PH.

Além desses dois FLL, ainda há o CDU, que possui características semelhantes ao IBDU, porém, com decomposição mais lenta em solos ácidos. Ademais, existem no mercado os fertilizantes revestidos, conhecidos por fertilizantes de liberação controlada (FLC).

Porém, diferentemente dos de liberação lenta, estes são recobertos com variados compostos, buscando proteger os grânulos do fertilizante convencional. Tal método controla tanto a dissolução do material como o tempo de liberação dos nutrientes.

A ureia (fertilizante convencional) nesses fertilizantes pode possuir revestimento de três tipos: revestimento com enxofre elementar, com enxofre e polímeros e apenas com polímeros.

Tecnologias

O revestimento com enxofre elementar foi uma das primeiras tecnologias que surgiu para diminuir a taxa de dissolução da ureia no solo e perdas por volatilização. No entanto, algumas vezes seus grânulos possuíam fissuras que permitiam a entrada de água, que solubiliza a ureia, deixando apenas o revestimento no solo.

Essas fissuras ocasionaram dois fenômenos, que foram caracterizados efeito burst e efeito lock-off, sendo o primeiro a liberação precoce da ureia, e o segundo a liberação muito tardia do nutriente.

Posteriormente, para tentar corrigir os erros de fissura do enxofre elementar, sugeriu-se adicionar uma camada de polímeros sobre a ureia revestida, surgindo, assim, os fertilizantes revestidos com enxofre elementar e polímeros, ou fertilizante híbrido, que representou uma evolução nesse ramo.

Entretanto, ainda havia a ocorrência de rachaduras em sua composição e, consequentemente, do efeito burst e do efeito lock-off. Sob outra perspectiva, de forma mais tecnológica e cara, surgem os fertilizantes revestidos apenas com uma ou mais camadas de polímeros.

Vantagens

Os benefícios da utilização de fertilizantes de liberação lenta na produção de cenouras, quando comparado ao método tradicional, em primeiro plano, se dá pela eficiência aumentada para a cenoura, permitindo um menor custo de mão de obra para o produtor.

Cerca de 40% dos custos nos sistemas orgânicos e convencionais de produção de cenoura são dedicados à força de trabalho, geralmente paga por diárias, necessárias para os cuidados com a cultura.

Tal diminuição de custos nessa área tem como cerne principalmente a aplicação facilitada dos fertilizantes de liberação controlada, cuja aplicação será realizada somente uma vez, em quantidade suficiente para sustentar todo o ciclo da cultura de forma homogênea e equilibrada.

Ademais, a utilização de fertilizantes de eficiência aumentada nas cenouras promove melhorias nas características do produto final em comparação com a utilização de fertilizantes convencionais.

Entre elas, pode-se citar: aumento do tamanho da planta, tanto em altura quanto em diâmetro, e melhoria da produtividade e comprimento da raiz.

Dessa forma, a adoção de fertilizantes de eficiência aumentada emerge como uma estratégia promissora para a produção de cenouras, não apenas reduzindo significativamente os custos com mão de obra, mas também otimizando a qualidade e o rendimento da colheita.

Adubação homogênea

A aplicação única e controlada desses fertilizantes proporciona uma nutrição homogênea ao longo do ciclo da cultura, evitando as complexidades associadas aos métodos convencionais.

Os benefícios estendem-se além da economia de recursos, abrangendo melhorias tangíveis nas características das plantas e, por conseguinte, na qualidade do produto final, consolidando assim a eficácia dessa abordagem inovadora na produção de cenouras.

Na prática

Em trabalhos sobre a utilização de FLL fosfatado em cenoura, observa-se melhoria de altura e dimensão de raiz para as plantas nutridas com FLL em comparação com outras unidades adubadas com fertilizante convencional.

O experimento conduzido por Adilson Pelá e coautores foi realizado na fazenda experimental da Universidade Estadual de Goiás, de solo caracterizado como latossolo vermelho-amarelo de textura média.

Para esse trabalho em específico, foi utilizada a cultivar híbrida de cenoura “Juliana” em uma área experimental plantada manualmente com fosfato monoamônico revestido com polímero e fosfato monoamônico convencional aplicados no sulco de semeadura, para serem comparados os resultados.

O primeiro desbaste foi realizado aos 30 dias após o plantio e com adubação de cobertura aos 45 dias.

Os resultados obtidos indicaram potencial para a utilização de fertilizantes de liberação controlada em cenoura que, além de reduzir a necessidade de reaplicação, ainda reduz impactos ambientais relacionados à adubação comum.

Os estudos demonstram o potencial dos fertilizantes de liberação lenta (FLL) na melhoria da produtividade da cenoura. Porém, seus resultados, apesar de válidos e significativos, são insuficientes para estabelecer padrões para a cultura em questão.

Logo, mais trabalhos devem ser desenvolvidos buscando a valorização dos fertilizantes de eficiência aumentada.

Recomendações

Antes de qualquer recomendação, deve-se fazer uma análise de solo da propriedade em que será realizado o plantio para que as demandas específicas da espécie sejam precisamente atendidas de acordo com as condições físicas e químicas do solo de implantação.

A cultura da cenoura, como sendo de uma espécie de alta demanda por nutrição e rápida formação de material, pode ser adubada tanto de forma mineral quanto de forma orgânica. Além disso, fazendo parte do campo das hortaliças, responde positivamente, principalmente à adubação orgânica.

Portanto, opções de fertilizantes de liberação lenta revestidos por materiais de origem orgânica podem, além de manter os elementos inorgânicos em boas condições, contribuir para o melhoramento das condições físicas, químicas e biológicas do solo.

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