No mês de outubro, o milho chegou a R$ 81,48, preço nunca atingido na história na agricultura brasileira
Talis Melo Claudino – Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UNESP-FCA de Botucatu – t.claudino@unesp.br
Conhecido como safrinha, o cultivo de milho após a soja é uma modalidade que traz ao empresário rural maiores rentabilidades em um ano agrícola. No mês de outubro, o milho chegou a R$ 81,48 pelos indicadores Esalq/BMF&Bovespa, preço nunca atingido na história na agricultura brasileira. Este valor é 81% maior do que o encontrado na mesma data no ano de 2019.
Desta forma, o cenário é extremamente favorável para a safrinha de 2021, devido ao aquecimento da demanda nacional e internacional, preços e possível produção recorde.
Oferta x demanda
A China tem grande demanda nesta commodity. Visto isso, ao final do primeiro semestre do ano de 2020, 40% da safrinha de 2021 do maior Estado produtor brasileiro, o Mato Grosso, já estava comercializada. Em anos anteriores, somente 10% da produção já tinha destinação e preços afirmados.
Altos valores oferecidos nos contratos de venda futura fazem com que os produtores rurais comercializem seus grãos na forma de barter. Desta forma, ficam obrigados a entregar o valor estipulado em contrato de sua produção aos compradores e, em troca, os insumos são fornecidos para o cultivo.
Ou seja, além de ser um seguro nos preços ao produtor rural, esta operação faz toda a economia agrícola ser influenciada, visto que as empresas comercializadoras de insumos iniciam suas comercializações mais cedo do que o previsto em relação aos demais anos.
Estímulo que faz a diferença
Estas altas dos preços estimulam os produtores a semearem o milho de segunda safra, aumentando sua área de cultivo e diminuindo possíveis áreas de adubação verde ou milheto.
Os cenários apresentados hoje são uma novidade aos agricultores, isto porque no ano de 2014, chegamos à comercialização de sacas de milho no valor de R$ 16,00, recuando o mercado devido ao investimento que é feito para esta cultura.
Para a CONAB (Companhia Nacional de abastecimento), a produção de milho safrinha deve chegar as 76,7 milhões de toneladas, 2,3% acima da safra 2020.
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Os anos de 2020/21 vêm sendo os melhores em relação ao valor de troca entre insumos e produtos agrícolas. Mesmo diante do crescente aumento do dólar, as influências políticas e a pandemia, os valores dos insumos não acompanharam a mesma curva exponencial que foram observadas nos preços das sacas de soja e milho.
Ou seja, mesmo o produtor investindo mais, a sua rentabilidade final será maior. E para esta segurança, o produtor realiza a venda de pelo menos o valor que ele irá gastar com os insumos.
Tecnologias e estratégias
Atualmente, diversas empresas trabalham com a comercialização de híbridos de milho de baixa, média e alta caixa produtiva, além de maiores diversidades de respostas ao ataque de pragas, doenças e resposta ao investimento.
Desta forma, o produtor rural tem mais opções para realizar uma boa estratégia de cultivo, e assim explorar o máximo que a terra pode lhe proporcionar, aproveitando anos agrícolas onde o cultivo de milho safrinha irá trazer ao produtor grandes ganhos, assim como pode ser visto na soja em anos típicos.
Já que área de cultivo será maior e o produtor terá bons preços de vendas, ele deve explorar o máximo possível seu cultivo para obter ganhos superiores aos já encontrados.
Atenção
Este é o momento de se atentar, juntamente à equipe técnica que lhe atende, ao melhor posicionamento do material que lhe trará maiores ganhos, assim como a adubação ser realizada da forma certa e em quantidade que chegue ao máximo potencial produtivo. Visto que a cultura do milho apresenta grande resposta à adubação nitrogenada, a utilização de fontes de nitrogênio no plantio e na cobertura são ótimas formas de investimento,
O alto custo dos insumos nitrogenados é uma realidade, mas no fator ‘troca’, foi o que apresentou a menor diferença. Contudo, ele ainda sim teve menor crescimento de custeio do que o aumento da saca de soja.
Outra fonte de extrema vantagem ao agricultor é manter sua lavoura sadia até o fim do cultivo. Para isso, aplicações corretas de fungicidas podem fazer com que a produtividade aumente.
Por fim, a utilização de manejos biológicos e com fitorreguladores pode fazer com que o teto produtivo seja alcançado.
De forma simples, são quatro os pilares da produtividade: a escolha do híbrido correto, a adubação forte e equilibrada, o trato de doenças e a utilização de fitorreguladores, que podem fazer com que o produtor chegue a altos níveis de produtividade na safrinha 2021.
Desta forma, podemos associar essas tecnologias com o aumento de área cultivada e à possível superprodução. Assim, teremos um ano recorde de produção de milho no Brasil e de rentabilidade ao agricultor.