28.6 C
Uberlândia
sábado, setembro 7, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioDestaquesPatrimônio sofrerá impactos com reforma tributária

Patrimônio sofrerá impactos com reforma tributária

Especialista em tributação no agronegócio alerta para aumento no imposto sobre doações e herança, e indica melhor caminho para o contribuinte no atual cenário.

Desde a aprovação do texto base da reforma tributária em 2º turno pelo plenário do Senado Federal, os consideráveis impactos das mudanças propostas por ela representam riscos cada vez mais próximos. 

Caso a PEC seja aprovada na Câmara dos Deputados, uma das alterações mais críticas para o produtor rural envolve o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), cobrado no processo de herança e doação de bens, conforme explica o advogado especialista em tributação no agronegócio, Leonardo Amaral. “O principal patrimônio do produtor rural é a fazenda. E o maior risco para ele neste momento é o aumento de carga no imposto de herança e doações, além de uma maior burocracia fiscal”, diz.

Leonardo Amaral (Advogado Tributarista do Agronegócio) – Foto: Bruno Mouts

Leonardo explica que é preciso compreender quais os pontos específicos relacionados ao ITCMD que a reforma tributária modificará. De acordo com ele, o primeiro ponto diz respeito à cobrança de bens móveis, títulos e créditos. “Atualmente, o ITCMD sobre esses bens é cobrado no local em que é processado o inventário ou arrolamento, o que permite a escolha de estados com menores alíquotas tributárias. Por exemplo, enquanto em Goiás a alíquota é progressiva e pode alcançar patamares de até 8%, em São Paulo a alíquota é fixa de 4%. Se aprovada, a reforma prevê que o imposto sobre esses bens deverá ser cobrado no local do último domicílio do falecido”, diz.

O segundo ponto importante a ser entendido é que haverá a alteração da progressividade das alíquotas do ITCMD. “Hoje, alguns estados cobram o imposto em valor fixo de alíquota, mas com a aprovação da reforma, a progressividade deverá ser obrigatoriamente adotada por todos os estados, com 8%. Ou seja, os patrimônios mais valiosos serão mais tributados. E ainda há um risco maior desse aumento chegar até a casa dos 16% com um projeto de resolução que já está tramitando no Senado e pode ser aprovado com mais facilidade”, revela o tributarista.

Situando os efeitos da remodelação que pode ser aprovada com a reforma para o produtor rural, Leonardo exemplifica o que muda nesse ponto. “Quando falamos em um bem imóvel, uma propriedade rural, nesse caso, obrigatoriamente, o seu inventário deve ser feito no estado em que se localiza. Mas se tratando de uma fazenda localizada em uma empresa, uma holding rural, por exemplo, em que ocorre a transmissão de quotas, já é possível a realização dos trâmites em um estado com alíquota menor”, explica. 

O terceiro ponto de mudança é a previsão de imunidade do imposto para transmissões e doações para entidades sem fins lucrativos, como organizações beneficentes e instituições religiosas.

O cenário de incertezas quanto ao futuro do ITCMD tem promovido uma movimentação da sociedade, conforme menciona o especialista. Segundo dados do Colégio Notarial do Brasil, a busca por doações em vida teve um crescimento de 22% nos últimos meses. “Trata-se de um claro sinal de preocupação das pessoas diante da possibilidade de aprovação dessas mudanças, que dificultarão a vida do contribuinte com mais encargos e uma maior burocracia fiscal”, analisa Leonardo.

O advogado alerta, portanto, para um senso de urgência no início do processo de planejamento sucessório. “A sucessão é sempre um passo que deve ser analisado e executado com cuidado. Então, o conselho que eu dou é iniciar o processo, até mesmo para aprimorar a gestão do negócio familiar. Com uma nova geração sendo integrada, é importante inserir a todos adequadamente no funcionamento da atividade rural para realizar essa profissionalização ainda aproveitando uma carga tributária menor”, esclarece.

ARTIGOS RELACIONADOS

Reforma tributária e a proposta de implementação do IVA no Brasil

Leia a coluna Pensando Estrategicamente, por Antônio Carlos de Oliveira.

Reforma tributária e o agronegócio

Uma transformação necessária para impulsionar a prosperidade no campo e consolidar a base de uma economia agrícola robusta.

Reforma tributária: os desafios para impulsionar o crescimento econômico

"A simplificação do sistema tributário pode resultar em um catalisador para a criação de empregos, impulsionando a economia do país", diz especialista

Produtor não pode ser penalizado por reforma tributária e legislação trabalhista

Não pode haver prejuízo a um setor que cresceu tanto, não só porque assumimos um compromisso nesse sentido, mas também pelo fator que precisamos continuar competitivos lá fora, e taxar as exportações nos tirará competitividade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!