Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Bioquímica, Nutrição de Plantas e Produção Orgânica – UniPinhal
nilva@unipinhal.edu.br
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é uma espécie cultivada no mundo inteiro, tendo alto valor econômico, social e nutricional, sendo os seus frutos considerados um alimento funcional: são ricos em princípios nutricionais e farmacológicos, sendo utilizados na culinária, em diversas formas de preparo.
Contém teores apreciáveis de vitaminas A e B, entre as quais o ácido fólico, minerais importantes, como o cálcio, e licopeno, que medicinalmente é importante por fortalecer a imunidade e combater o câncer de próstata. Emprega expressiva mão de obra na produção e no processamento industrial de seus produtos.
Importância econômica
O Brasil é um dos 10 maiores produtores de tomate do mundo, estando Goiás à frente nacionalmente (23,6% do total), com o predomínio do cultivo de tomate rasteiro para indústria produzido sobre a palha de milho ou soja. São Paulo ocupa a segunda posição (21,3%) e Minas Gerais a terceira, ambos com produção basicamente de tomate de mesa.
Cultivo
A espécie, devido a sua origem, desenvolve-se bem em climas amenos: para germinação a temperatura ótima a faixa deve estar de 15 a 25°C. Já para o seu desenvolvimento e produção dos frutos, o ideal é 21°C, entretanto, tolera uma faixa de 10 a 34°C.
A espécie é capaz de se desenvolver e produzir em alta temperaturas, quando em presença de alta umidade do ambiente, porém, nessa condição há perda na produtividade, aumento na proporção de frutos pequenos e prejuízo na coloração, devido à diminuição da síntese de licopeno, responsável pela cor vermelha do fruto e aumento da produção de caroteno, pigmento alaranjado.
Também podem ocorrer distúrbios fisiológicos, como a queimadura (escaldadura) dos frutos, causada pelo aquecimento do fruto pelo sol, e ainda estresse da planta e frutos ocados.
Água e luz
Trata-se de cultura exigente em água. Tanto a falta como o excesso causam distúrbios que resultam em queda de produção. As plantas murcham, ficam amareladas, o crescimento e a produtividade caem.
A luminosidade é outro fator importante. A cultura é bastante exigente neste quesito. Quando há baixa oferta de luz, notam-se prejuízos na formação de pigmentos nos frutos. O excesso de luminosidade, principalmente em presença de altas temperaturas, pode ocasionar danos, propiciados pelo aumento de fotorrespiração – que diminui a taxa fotossintética líquida e causa menor geração de energia para o desenvolvimento e produção – e evapotranspiração acelerada.
Os danos, então, são visíveis, com queda de formação de frutos e amarelecimento dos mesmos, e até queimaduras solares.
O tomateiro, então, é exigente em clima: temperatura, umidade e luminosidade adequadas, ao lado da nutrição, que são fundamentais para que tal cultivo expresse o seu potencial genético.
Proteção solar
As mudanças climáticas, a irregular distribuição pluviométrica e o aumento das temperaturas médias no planeta são fatores de preocupação para a produção agrícola. As altas temperaturas e a alta luminosidade podem causar queimaduras em folhas e frutos, além de sérios distúrbios fisiológicos nas plantas, como diminuição da fotossíntese, degradação de enzimas e diminuição da estabilidade de membranas celulares.
Todos esses fatores impactam no crescimento das plantas e desenvolvimento de flores e frutos e levam à queda de produtividade de qualquer lavoura. Para minimizar tais efeitos negativos, surgiram no mercado produtos denominados de protetores solares.
Um protetor solar para plantas e frutos busca proporcionar conforto térmico para o vegetal, evitando o estresse nas plantas causado por altas temperaturas, reduzindo a temperatura foliar. Usado em pulverização, cria uma película de partículas finas e atua como uma barreira física contra o excesso de radiação, protegendo as folhas e frutos, não tendo fitotoxicidade para os vegetais.
Objetivo
O objetivo principal da aplicação dos protetores solares sobre o vegetal é criar uma película branca ou de coloração clara, a qual é capaz de refletir uma quantidade maior de radiação solar incidente, reduzindo assim os danos pelo acúmulo de temperatura na folha, devido à elevada incidência de radiação solar.
De forma genérica, os protetores solares para plantas são à base de carbonato de cálcio ou caolin (silicato de cálcio).
A literatura esclarece que tais produtos promovem redução da evapotranspiração das folhas, mantendo a turgidez e o metabolismo delas, otimizam a utilização da água e dos nutrientes disponíveis às plantas, protegendo-as e aos frutos, contra os danos causados pela escaldadura.
Ainda mencionam que tais insumos, por auxiliarem a fotossíntese e as atividades metabólicas dos vegetais, têm propiciado benefícios à produção e efeito de repelência da presença de algumas pragas.
Para o tomate
E a relação protetor de plantas e tomateiro? Como exposto, o tomateiro é exigente em água e prefere clima ameno. Altas temperaturas prejudicam a qualidade e tamanho dos frutos. Trata-se, então, de cultura que tem potencial de boas respostas ao emprego de protetor solar.
Observações de campo têm demonstrado os benefícios da inclusão do protetor solar na lavoura de tomate, protegendo a cultura contra os efeitos nocivos causados pelo excesso de radiação solar e altas temperaturas.
Em estudo realizado com tomateiro, a inclusão de protetor solar aplicado em diferentes fases do ciclo, no estágio vegetativo, no início da frutificação e durante a frutificação plena, proporcionou redução da temperatura foliar, aumentos de 4% de produtividade, melhoria de coloração dos frutos (frutos mais avermelhados devido à formação em maior quantidade de licopeno) e redução de infestação de mosca-branca e tripes (9,0 e 16%, respectivamente), causado pelo efeito repelência.
Então, o uso do protetor solar proporcionou maior produtividade e frutos de melhor qualidade. Ainda, a diminuição de temperatura foliar atesta o melhor aproveitamento da água, causada pelo decréscimo da evapotranspiração causada pela introdução do produto.
Assim, pode-se considerar que a inclusão do protetor solar nos plantios de tomateiro pode resultar em benefícios à produtividade e qualidade dos frutos, devido à redução dos dados causados pela radiação solar e pelas altas temperaturas.
Os frutos são mais avermelhados: a redução da temperatura promove formação de licopenos, que é um pigmento vermelho.
Opções
Existem algumas opções no mercado, entre as quais, produtos com nanopartículas (partículas entre 1,0 e 100 nanômetros) de carbonato de cálcio, apresentação na forma de gel com suspensão homogênea. Pode ser aplicado com pulverizadores manuais, mecanizado e aéreo.
Outra opção se apresenta em pó molhável e formulado com silicato de cálcio. A recomendação da empresa para a cultura é aplicar 2,5 – 5,0 kg 100 L, com turbinas atomizadoras ou com pulverizadores com pressão, em intervalos de sete a 21 dias. Não há necessidade de intervalo de segurança.
Mais um produto para este mesmo fim, essa opção sugere quatro aplicações durante o ciclo (iniciando-se aos 30 dias pós-transplantio e as demais no penúltimo estágio vegetativo, no início da frutificação e na frutificação plena).
A aplicação deve ser isolada e nunca com outros insumos e não há restrição em relação aos equipamentos ou técnica de aplicação.
Por fim, com ativo de silicato de cálcio e potássio, um outro produto garante excelente solubilidade e pode ser aplicado com qualquer equipamento. Recomenda-se aplicar sobre as mudas antes do plantio a 5% v/v. Plantas em produção: empregar 5,0 L por hectare aos 30 dias após o transplante das mudas e 10 L por hectare aos 90 dias após o plantio. Não há restrições quanto ao tipo de equipamento.
Observe que as doses a recomendar dependem do produto escolhido. Os cuidados para aplicação seguem as básicas: aplicar nas horas de temperaturas amenas, com pouco vento e, ainda, usar os equipamentos de segurança.
Viabilidade
Com certeza os protetores solares são insumos interessantes, e não apenas para o tomateiro. Garantem proteção contra efeitos nocivos de radiação solar, de altas temperaturas, melhoram a atividade fotossintética e otimizam o aproveitamento da água e dos nutrientes. Então, se apresentam com bom custo-benefício.