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quarta-feira, maio 1, 2024
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Sorgo: novas moléculas para controle de plantas daninhas

Foto: Luize Hess

Carolina Alves Gomes
Engenheira agrônoma e mestranda em Produção Vegetal – Universidade Federal de Viçosa (UFV/CRP)
carol.agomes11@gmail.com
Vanessa Alves Gomes
Engenheira agrônoma, mestra em Fitopatologia e doutora em Proteção de Plantas
vavvgomes@gmail.com

O sorgo é uma das principais culturas no Brasil e o quinto cereal mais produzido no mundo. Isso se deve à capacidade de adaptação aos diferentes ambientes de cultivo, inclusive condições climáticas desfavoráveis. Pode ser utilizado para a alimentação animal, mas também para o consumo humano em substituição ao trigo, como em pães.

Matocompetição

O plantio do sorgo é recomendado no período de setembro a novembro, mas devido às variedades, permite-se o plantio posterior, visto sua versatilidade de adaptação a condições climáticas adversas. Sendo assim, é nessa época que as plantas daninhas possuem maior germinação e promovem maior competição.

As plantas daninhas competem por água, luz, nutrientes e podem promover perdas significativas na cultura do sorgo. As perdas por competição podem chegar a 35% em fases iniciais, comprometendo o rendimento da lavoura em até 70%, se não for utilizado o manejo de plantas daninhas de forma correta durante todo o ciclo.

As monocotiledôneas, mais conhecidas como plantas daninhas de folha estreita, têm características semelhantes à cultura do sorgo, limitando o uso de herbicidas, devido a sua não seletividade à cultura.

Já as plantas daninhas eudicotiledôneas, folhas largas, possuem mais diferenças fisiológicas, mas, ainda sim, o manejo de controle deve ser bem estruturado para que seja efetivo.

Danos

A presença de 175 plantas por m² de Echinochloa crusgalli pode promover a redução de até 52% da produtividade de sorgo granífero. Sendo assim, se não houver uma boa dessecação inicial e um bom controle de gramíneas antes do plantio as perdas ocorrerão, pois ainda não possuem graminicidas registrados para esse controle.

Para Moore et al. (2004), a presença de uma planta de Amaranthus palmeri por metro quadrado pode promover a redução de 1,8% do rendimento final de produtividade do sorgo. Dessa forma, a importância do controle de plantas daninhas deve ser muito eficiente, para minimizar as perdas e promover um melhor rendimento ao final do ciclo.

Manejo

Fotos: Luize Hess

O controle de plantas daninhas pode ser feito de diversas maneiras, porém, os mais utilizados na cultura do sorgo são o cultural e o químico. O controle cultural tem a vantagem de ser uma prática que contribui para redução da infestação de plantas daninhas, bem como para pragas e doenças.

O manejo de rotação de culturas, consórcio com outras plantas, espaçamento e densidade adequado permitem uma maior cobertura do solo, minimizando a emergência de plantas daninhas que, em sua maioria, são fotoblásticas positivas, precisam de um flash de luz para emergência.

Além disso, a rotação de culturas permite que, devido à diversidade de culturas, haja usos distintos de controle de plantas daninhas, reduzindo o banco de sementes presente no local, bem como a resistência.

Outro benefício é a redução de pontes para infestação de pragas e doenças. A rotação de cultura permite que as pragas-chaves não tenham ciclos repetidos, aumentando as populações e provocando danos ainda maiores.

Ademais, as plantas daninhas também podem ser hospedeiras dessas pragas e doenças, reforçando ainda mais a importância desse manejo de forma eficiente.

Novas moléculas

O controle químico pode ser associado ao controle cultural, promovendo ainda mais eficácia ao controle de plantas daninhas. A limitação do controle químico para a cultura do sorgo é a quantidade de produtos registrados para a cultura.

Atualmente, segundo dados do Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários, Agrofit, há três moléculas disponíveis no mercado para o uso na cultura do sorgo.

A atrazina é um dos ingredientes ativos registrados para a cultura. Essa molécula possui como mecanismo de ação a inibição do fotossistema II, interrompendo o processo fotossintético da planta e ocorrendo a liberação de vários radicais livres que promovem a peroxidação dos lipídeos e intoxicação das plantas.

Os sintomas são mais vagarosos, iniciando em clorose e se desenvolvendo até necrose. Porém, podem ser acentuados em dias de calor e com presença de umidade.

Este herbicida pode ser utilizado na cultura do sorgo e do milho, pois estas possuem mecanismos de seletividade e metabolismo secundário que utiliza da enzina glutatione-S-transferase para metabolizar o herbicida e torná-lo uma substância não tóxica para seu metabolismo.

Outro ingrediente ativo registrado para a cultura do sorgo é a simazina. Este apresenta as mesmas características da atrazina, pois consistem do mesmo mecanismo de ação, inibidores de fotossistema II, e do grupo químico das triazinas, apresentando comportamento muito semelhante de ação no controle de plantas daninhas e na seletividade do sorgo.

O 2,4D é outra possibilidade de uso de herbicida registrado para a cultura do sorgo. Porém, devido a sua não seletividade, este é usado para a dessecação de área total antes do plantio ou para a colheita, não sendo efetivo no controle de plantas daninhas durante o ciclo da cultura.

Sendo assim, é visível a carência de produtos no controle de plantas daninhas para a cultura do sorgo. E o mais agravante é que a atrazina e a simazina são limitadas ao controle de plantas daninhas de folha larga, não havendo herbicidas seletivos para o controle de folhas estreitas, como graminicidas.

BOX

Resistência

Devido à carência de produtos registrados, o uso repetido de herbicidas de mesmo mecanismo de ação e grupos químicos permite a seleção de plantas daninhas resistentes, tonando ainda mais difícil o controle.

Dessa forma, é muito importante o constante desenvolvimento de estudos de potenciais usos de herbicidas na cultura do sorgo, que cada vez mais ganha importância no mercado consumidor.

O sorgo, portanto, possui ainda grandes desafios no controle de plantas daninhas para o desenvolvimento de um controle eficaz. É importante que não seja feito somente o controle químico, mas o manejo integrado de plantas daninhas, a fim de minimizar o banco de sementes e a resistência, que tornam ainda mais difícil este controle.

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