Autores
Adilson Pimentel Junior – Engenheiro agrônomo, mestre e professor – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO) – adilson_pimentel@outlook.com
Aline Mendes de Sousa Gouveia – Engenheira agrônoma, doutora e professora – UNIFIO – alinemendesgouveia@gmail.com
Matheus Giugni – Graduando em Agronomia – UNIFIO – matheusgiugni@outlook.com
Os porta-enxertos da videira, conhecidos como cavalos, não produzem frutos, no entanto, são vigorosos e apresentam sistema radicular resistente às pragas e situações adversas do solo, transmitindo seu vigor e resistência para variedades-copa enxertadas. Na viticultura nacional, os porta-enxertos são obrigatórios e representam uma tecnologia simples, com resultados significativos para o desenvolvimento e crescimento das parreiras.
Principais porta-enxertos para as uvas
Entre as variedades de espécies americanas de Vitis, destacam-se a Rupestris du Lot (Vitis rupestris, var. du lot), a Riparia Gloire (Vitis riparia, var. Gloire de Montpellier), a Berlandieri Resseguier (Vitis berlandieri, var. Resseguier) e a Solonis (Vitis longii, var. Solonis).
Quanto aos híbridos, que são originários do cruzamento entre espécies distintas, temos: Ripária do Traviú (Vitis riparia x Vitis cordifolia – Vitis rupestris), 101-14 (Vitis riparia x Vitis rupestris), Kober 5 BB (Vitis berlandieri x Vitis riparia), 420 A (Vitis berlandieri x Vitis riparia), Richter 99 (Vitis berlandieri x Vitis rupestris), SO4 (Vitis berlandieri x Vitis riparia) e Golia (Vitis rupestris x Vitis riparia – Vitis vinifera).
Visando a expansão no cultivo de videiras em regiões de clima tropical, o Instituto Agronômico (IAC) teve importante contribuição para a viticultura nacional, com o lançamento de porta-enxertos híbridos denominados “tropicais”, sendo os mais utilizados o ‘IAC 766 Campinas’ (Ripária do Traviú x Vitis caribaea), ‘IAC 572 Jales’ (Vitis caribaea x 101-14) e o ‘IAC 313 Tropical’ (Golia x Vitis cinerea). Estes materiais apresentam alto vigor, compatibilidade com diversas variedades-copa e adaptabilidade a diversos tipos de solos, especialmente a solos ácidos.
A seleção
Os principais critérios a serem observados na seleção do porta-enxerto da videira são: resistência a filoxera; nematoides; adaptação aos solos ácidos, calcários ou salinos; à seca ou umidade excessiva do solo; resistência a doenças fúngicas da folhagem; tolerância à deficiência nutricional; boa afinidade com a variedade produtora; compatibilidade na enxertia; facilidade de enraizamento e de pegamento na enxertia. Cada variedade deve ser selecionada atentamente para que o produtor seja atendido em suas exigências.
Manejo
A técnica de produção de mudas de videiras enxertadas é dividida em três etapas. Inicialmente, o viveiro deve seguir rigorosamente o esquema de certificação de mudas, com o registro das cultivares e a absoluta pureza genética e sanitária do material.
A primeira etapa é a produção de estacas de porta-enxertos, sendo que a coleta do material é realizada na ocasião da poda de inverno, quando as videiras estão em repouso vegetativo e com os sarmentos lignificados.
As estacas dos porta-enxertos devem possuir de 07 a 12 mm de diâmetro e 28 a 30 cm de comprimento, contendo oito a 10 gemas por estaca. São formados feixes de 200 estacas, os quais são armazenados em câmara fria com temperatura entre 3,0 e 5°C e 95% de umidade relativa, o que possibilita a superação da dormência e estratificação das estacas em tempos distintos que variam de 15 a 20 dias.
A segunda etapa é o plantio das estacas, sendo o porta-enxerto cortado no comprimento de 28 cm, removendo-se todas as gemas, deixando uma ou duas gemas no topo para a brotação. Enterra-se 2/3 do comprimento da estaca no solo, no local de plantio, respeitando os espaçamentos previstos, sendo que após um ano de crescimento é realizada a terceira etapa, que consiste na enxertia da variedade-copa, que pode ser realizada por garfagem no topo em fenda cheia, atenção nos diâmetros dos materiais que devem ser compatíveis. O enxerto deve apresentar de uma a duas gemas.
A muda pode ser obtida pela enxertia de mesa ou chamada de muda de raiz nua. Por existirem várias etapas muito criteriosas, é produzida por viveiros registrados e por pessoas especializadas, caso contrário as perdas são grandes.
Investimento x retorno
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No campo, observam-se diversas interferências do porta-enxerto junto à variedade copa. O êxito da enxertia se dá pela compatibilidade ou afinidade entre o porta-enxerto e a variedade enxertada, que imprime maior vigor e rusticidade às parreiras, melhorando sua produtividade.
As características agronômicas e fisiológicas das cultivares-copa, tais como vigor, produção, tamanho de cachos e bagas, repartição de fotoassimilados, teor de açúcares e acidez dos frutos e outros compostos importantes para a qualidade das uvas podem ser influenciados pelo porta-enxerto.
As inúmeras espécies e variedades de porta-enxertos permite o aproveitamento de vários tipos de solos e climas, o que possibilitou a expansão da viticultura na região nordeste do País, devido ao uso dos porta-enxertos tropicais. Alguns ainda são tolerantes aos nematoides, e seu uso viabiliza uma produtividade rentável das plantas em regiões infestada.
O custo-benefício é grande ao se utilizar plantas enxertadas, possibilitando aumento na qualidade e produção de frutas, bem como utilização de áreas antes não recomendadas para o cultivo comercial de plantas.
Erros
Hoje, com as informações cada vez mais apuradas, são poucos os erros na escolha de variedades de porta-enxertos, sendo que o sucesso na produção das plantas está mais relacionado ao tipo de enxertia, também dependente do manejo aplicado pelo viticultor, como irrigação, adubação, controle fitossanitário e escolha da variedade copa.