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Biorreguladores e o estresse hídrico na cenoura

Biorreguladores, os aliados silenciosos no cultivo de cenouras, desvendam seu potencial diante do estresse hídrico, garantindo uma produção resiliente.

Walleska Silva Torsian
Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP
walleskatorsian@usp.br

Paula Rocha Guimarães Canuto
Engenheira agrônoma – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
paula.rocha.guimaraes@gmail.com

Com o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar, os níveis de umidade do solo diminuem, levando as cenouras ao estresse hídrico. Para combater ou minimizar os efeitos do estresse, os biorreguladores têm se mostrado uma alternativa bastante efetiva, pois atuam em processos fundamentais para a sobrevivência e a manutenção do bom estado da planta, podendo amenizar os danos causados pelo estresse.

Crédito: Seminis

Importância econômica

A cenoura (Daucus carota) é considerada uma das hortaliças mais importantes do Brasil. Devido a sua relevância alimentar no prato dos brasileiros, ela possui um grande interesse socioeconômico no país, principalmente nas regiões do Alto Paranaíba e Irecê, localizadas respectivamente nos estados de Minas Gerais e Bahia.

A cenoura é uma cultura altamente sensível ao estresse hídrico, demandando uma necessidade de água entre 350 a 550 mm por ciclo, dependendo das condições climáticas, duração de ciclo da cultivar e do tipo de sistema de irrigação escolhido.

A demanda diária de água para a cultura aumenta com o desenvolvimento das plantas, sendo a demanda máxima no estádio de engrossamento da raiz, que antecede a fase da maturação (estádio final).

Lida no campo

Na agricultura, há diversos mecanismos disponíveis para o agricultor facilitar o dia a dia no campo, auxiliando na solução de problemas que se tornam mais comuns para ele, como por exemplo, as adversidades climáticas, e no caso das cenouras, o estresse hídrico, que é um fator limitante para a cultura.

Uma dessas ferramentas disponíveis no mercado são os biorreguladores, um composto orgânico não nutriente, que aplicado a baixas concentrações pode promover, inibir ou modificar processos morfológicos e fisiológicos das plantas.

Os principais biorreguladores atualmente utilizados na agricultura pertencem aos grupos das auxinas, giberelinas, citocininas, retardadores, inibidores e etileno.

Ação na planta

Os biorreguladores são transportados para dentro da planta, ativando diversas reações fisiológicas, como por exemplo a expressão de proteínas. Estas, por sua vez, dialogam com vários mecanismos de defesa de estresses da cultura, possibilitando que a planta consiga reagir melhor às condições adversas, como secas, estresse hídrico, estresse por temperaturas altas, entre outras.

Possui efeito fitotônico, possibilitando, então, o desenvolvimento acelerado do vegetal, expressando melhor seu vigor.

A ação dos biorreguladores aceleram o tempo de germinação da cenoura, reduzindo, então, o tempo de estabelecimento da cultura no campo, diminuindo os efeitos negativos de competição, por exemplo, com plantas daninhas, ou a competição por nutrientes essenciais presentes no solo.

Solução contra o estresse

Sob condições adversas do campo, as plantas normalmente estão altamente expostas a vários fatores de estresse que podem, ou não, reduzir sua capacidade vegetal de se expressar e atingir todo o seu potencial de produtividade.

Plantas que recebem o tratamento com biorreguladores mostram que são mais tolerantes a estes fatores de estresse, em consequência, podem se desenvolver, mesmo em condições de dificuldade no campo, e atingir seu potencial genético produtivo.

Existem diferentes tipos de biorreguladores que são utilizados na gestão do estresse hídrico nas plantas, como por exemplo:

Ácido Abscísico (ABA): é um hormônio vegetal ligado ao estresse hídrico, responsável pelo fechamento dos estômatos, reduzindo a perda de água por transpiração. Também pode induzir a expressão de genes relacionados à resistência ao estresse hídrico;

Citocininas: hormônio vegetal responsável pela divisão celular e desenvolvimento de brotos. São utilizadas para promover o crescimento das raízes, auxiliando a planta a absorver mais água do solo;

Ácido Indolacético (AIA): é um tipo de auxina responsável pelo crescimento das plantas, que também contribui para o desenvolvimento das raízes;

Etileno: é um gás que também atua como hormônio vegetal e, se, em condições de estresse hídrico, a planta produzirá etileno em maior quantidade, fazendo com que a planta gere respostas adaptativas, como o fechamento dos estômatos para evitar a perda de água;

Polímeros Hidrorretentores: não são considerados hormônios, mas, se adicionados ao solo, melhoram a capacidade de retenção da água. São responsáveis por liberar água lentamente para as raízes das plantas.

Estudos

Em pesquisa realizada por Almeida et. al., 2009, avaliou-se a influência do bioativador thiametoxan no desempenho fisiológico das sementes de cenoura com e sem estresse hídrico.

O thiametoxan é considerado um biorregulador e é transportado dentro da planta, ativando reações fisiológicas. A expressão das proteínas interage com mecanismos de estresse da planta, permitindo que ela encare secas, baixo pH, alta salinidade do solo e altas temperaturas.

Foi concluído que o thiametoxan estimulou o desenvolvimento fisiológico das sementes de cenouras, com doses altas de concentração para aumento da qualidade das sementes.

Momento de aplicar

A frequência e o momento para aplicação de biorreguladores pode variar nas fases de cultivo da cenoura, como exemplo:

Germinação e desenvolvimento inicial: importante para estimular o desenvolvimento radicular e, consequentemente, promover raízes mais saudáveis;

Crescimento vegetativo: a aplicação deve ser realizada antes da fase crítica de estresse hídrico para formação da parte vegetativa saudável e continuar auxiliando no crescimento radicular;

Formação de raízes e tubérculos: durante a principal fase da cenoura, a aplicação de biorreguladores é benéfica para evitar o estresse hídrico, fortalecer as raízes e melhorar a capacidade de absorção de água;

Fase de maturação: nesta fase, a aplicação de biorreguladores melhora a resistência ao estresse e promove a maturação das raízes, melhorando a durabilidade da pós-colheita.

Atenção

É importante seguir as recomendações dos fabricantes de biorreguladores quanto à dosagem e a aplicação para garantir resultados satisfatórios. É recomendável utilizar biorreguladores que estejam em conformidade com as regulamentações locais e internacionais de resíduos em alimentos.

Por exemplo, é importante respeitar o intervalo de segurança entre a última aplicação e a colheita, evitando que as cenouras sejam colhidas com resíduos acima do permitido.

Deve-se avaliar o biorregulador quanto à toxicidade para organismos humanos, fauna e flora do solo, insetos e organismos aquáticos, para não causar danos ao ecossistema no geral.

Importante avaliar quanto tempo os biorreguladores permanecem ativos no solo ou na planta, e se isso pode trazer impactos negativos, respectivamente. E, sempre descarte os biorreguladores de maneira segura nos locais destinados ao descarte.

Ao utilizar biorreguladores na produção de cenouras, procure compreender como agem os produtos utilizados, quais as práticas de manejo adequadas e as recomendações e regulamentações.

Assim, os produtores estarão aptos a utilizar o biorregulador de maneira segura, garantindo a produção de cenoura de forma mais sustentável e saudável.

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