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Cafeeiros: menor distância entre plantas só traz vantagens

Alexandre Dutra Villas Boas
Graduando em Agronomia – Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF, Garça – SP) e assessor agropecuário – Terra Vermelha Assessoria Agropecuária
Renan Alves Alvarenga
Graduando em Agronomia – FAEF
Rodrigo Constantino Miguel
Médico veterinário – Terra Vermelha Assessoria Agropecuária
terravermelha.assessoria@gmail.com

Foto: Shutterstock

É inegável a importância do café para o agronegócio, visto que a cultura é responsável por gerar empregos diretos e fixar o trabalhador no campo. Economicamente, em 2021 o café contribuiu com mais de R$ 42 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB), respondendo por 5,3% do faturamento do agronegócio.

Espaçamentos

Antigamente, em regiões cafeeiras no Brasil os espaçamentos estabelecidos variavam muito. Na média, eram cultivadas de 700 a 800 plantas de café por hectare, mas em 1970, com o plano de renovação e revigoramento dos cafezais, esses espaçamentos foram reduzidos, resultando em uma maior população de plantas por hectare.

Atualmente, as fazendas optam por um plantio mais adensado – são cultivados entre cinco e 10 mil plantas por hectare.

Tendência

O adensamento no plantio é uma tendência entre os produtores, principalmente entre os menos tradicionais, e tem apresentado bons resultados para as pequenas e médias propriedades. Observam-se ótimas produtividades e redução nos custos de produção.

O plantio em renque ou em linha favorece o manejo. Conversamos com o produtor Paulo F. Granchelli, da cidade de Garça (SP), tradicional produtora de café no Estado, que informou que o sistema de renque é o adotado em sua propriedade atualmente.

Em sua opinião, o renque é o melhor sistema produtivo no momento, pois permite maior maximização e eficiência produtiva. O espaçamento usado e que mostrou melhor resultado para o produtor foi de 3,5 x 0,5 m.

As características são linhas de café adensadas, apresentando uma menor produção por planta/ano, no entanto, com maior ganho em produção por unidade de área. Além de diminuir a bienalidade, favorece uma produção mais estável. 

Benefícios

Crédito: Daniel Vieira

As vantagens da implantação desse sistema começam pela obtenção de altas produtividades em áreas pequenas, melhor uso e ocupação do solo, principalmente acidentados, aumento na eficiência de captação de radiação solar, menores incidências de plantas daninhas, maior aproveitamento tanto da água quanto de nutrientes e melhoria nas condições químicas e físicas do solo.

Certamente boas produtividades dependem de condições climáticas favoráveis, materiais corretamente escolhidos, boa fertilidade de solo e manejo adequado. Outro fato importante levantado pelo proprietário do café Granchelli foi o retorno mais rápido dos investimentos na implantação da lavoura.

Isso se deu dois anos após o plantio dos talhões, quando a produtividade foi alta, possibilitando que os investimentos fossem pagos. Em termos de comparação, segundo o produtor, foi colhido o dobro que em uma área com plantio convencional.

Os resultados são observados tanto em produtividade como em conservação, pois há maior ciclagem de nitrogênio, o que melhora o pH do solo e afasta o alumínio, que se apresenta tóxico para a planta. Também diminui a lixiviação e a erosão do solo.

A produtividade é afetada positivamente principalmente no quesito área, com uma pequena diminuição na produção por planta/ano. Isso ocorre em função da necessidade de se manter plantas menores (0,50 m entre plantas), com plagiotrópicos reduzidos para favorecer o manejo.  

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O que muda no manejo?

Em relação ao manejo, devemos ser cuidadosos, principalmente na fase de instalação da lavoura, pois no plantio adensado temos que nos atentar para que não seja comprometido o trânsito das máquinas na lavoura.

Para evitar o fechamento da lavoura entre as linhas são feitas podas programadas, favorecendo o arranjo definido, pois mesmo com espaçamentos diferentes pode-se ter o mesmo número de plantas por hectare.

O adensamento, tanto entre plantas quanto entre linhas, irá depender de como o manejo será realizado. No caso de propriedades mecanizadas, prioriza-se o trânsito de máquinas entre as linhas, enquanto em talhões ou propriedades não mecanizadas é possível diminuir o espaçamento entre elas, aumentando ainda mais o adensamento e obtendo maiores produtividades.

O outro lado

As desvantagens são custos maiores de implantação, maiores riscos de perdas, caso ocorra geadas e maior dificuldade de manejo.

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