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quinta-feira, maio 2, 2024
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Controle fitossanitário ideal para videiras

Foto: Ângela Bastos

Ângela Patrícia Macedo Bastos
Engenheira agrônoma e consultora em viticultura
angela.fitotec@hotmail.com

A uva é uma cultura amplamente distribuída ao redor do mundo. Aqui no Brasil, é cultivada principalmente no Sul, como também no Submédio do Vale do São Francisco, onde se localizam os municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), que têm se destacado na produção desta fruta, tornando-se responsáveis por 98 a 99% das exportações nacionais de uvas finas de mesa, assim como pela produção de vinhos e sucos.

Cuidados

A uva é uma fruta muito sensível, principalmente a uva de mesa que, devido ao seu consumo in natura, os cuidados com pragas e doenças são redobrados. Tudo acontece muito rapidamente na videira.

Seu ciclo de poda a colheita gira em torno de 120 dias, o que requer, por parte dos produtores, muitos cuidados e uma agilidade muito grande nas tomadas de decisões. Vale ressaltar que algumas variedades são mais sensíveis que outras.

Em todo o ciclo da cultura, a mesma pode sofrer ataques de pragas e doenças, que podem promover perdas econômicas gigantescas, por se tratar de uma cultura de custo muito elevado.

Como se trata de uma cultura de alto valor agregado e custo alto de produção, o controle de pragas e doenças custa, em média, R$ 13.000/ha/safra.

Fitossanidade

Dentre as principais pragas da videira, estão: mosca-das-frutas (Ceratitis capitata), que ataca diversas culturas e promove sérios danos ao colocar seus ovos dentro das bagas da uva, promovendo, com isso, uma lesão que mais tarde causa apodrecimento.

A cigarrinha verde (Empoasca vitis) é outra praga que vem prejudicando muito as parreiras. Ela ataca as folhas jovens, promovendo seu encarquilhamento, e reduzindo, com isso, o crescimento dos brotos. A cigarrinha causa também danos às bagas, deixando as mesmas riscadas e prejudicando sua comercialização.

Outra praga bastante complexa de se controlar é a cochonilha farinhenta, nome vulgar dos insetos da família Pseudococcidae. Estes insetos se escondem no interior dos cachos de uva, o que dificulta que os produtos utilizados para seu controle consigam alcançá-las.

O ácaro vermelho (Oligonychus mangiferus) vem se tornando uma praga cada vez mais perigosa. Esse ácaro fica na parte superior das folhas, o que dificulta muito o seu controle, já que nas pulverizações a parte inferior das folhas são mais atingidas.

Outras pragas de muita relevância são as lagartas do gênero Spodoptera, a traça-dos-cachos (Cryptoblabes gnidiella) e também algumas espécies de tripes.

Em se tratando de doenças, temos o míldio (Plasmopara vitícola), doença que pode destruir totalmente uma safra, reduzindo a zero toda uma expectativa de colheita, oídio (Uncinola necator), fungo que ataca cachos, folhas, ramos e também consegue comprometer toda a produção, ferrugem (Phakopsora euvitis), cancro bacteriano (Xanthomonas campestris pv vitícola), podridão da uva madura (Glomerella cingulata) e alguns fungos causadores de declínio na videira, como os principais patógenos dessa cultura.

Controle

As principais ferramentas de controle para essas doenças são os fungicidas, tanto químicos como biológicos, porém, não adianta ter as melhores ferramentas e não saber manejá-las do jeito correto.

Para se combater bem as pragas e doenças, é preciso primeiramente conhecer bem o inimigo, conhecer seu ciclo, como se comporta, como também compreender a melhor ferramenta a ser usada pra cada situação. Sem contar todo o cuidado que se deve ter com o LMR (Limite Máximo de Resíduo).

Foto: Ângela Bastos

É impossível fazer um bom controle fitossanitário sem estar com alguns itens bem afiados. São eles:

Monitoramento de pragas e doenças: é de extrema importância fazer o monitoramento de pragas e doenças de sua área, assim, você consegue detectar a praga e/ou a doença no início da infestação, facilitando o seu controle e reduzindo as perdas. Algumas fazendas, por não terem um profissional para essa atividade, terminam comprometendo sua produção e pagando mais caro por isso.

Conhecer o inimigo: não há como ter sucesso no controle sem conhecer bem os inimigos e entender seu comportamento. Precisamos conhecer os hábitos e ciclos biológicos de cada praga e doença.

Conhecer os produtos ou ferramentas de controle: precisamos conhecer todas as ferramentas de controle, desde as mais tradicionais até as mais inovadoras. Infelizmente, ainda nos deparamos com muitos produtores perdendo sua produção, por estarem usando produtos não recomendados para determinado alvo.

Tecnologia de aplicação: sem dúvidas, não adianta conhecer o alvo e o produto que se deseja usar, mas não fazer uma aplicação de qualidade. Então, é imprescindível calibrar bem seu pulverizador, utilizando um volume de calda adequado para o alvo e fase da cultura, para assim controlar a praga sem causar danos à fruta.

Na região do Submédio do Vale do São Francisco, uma prática vem crescendo muito entre os produtores, que é o uso de cobertura plástica (plasticultura). Essa atividade, até então, visava proteger as uvas ao final do ciclo contra as chuvas.

Porém, estamos observando que a cobertura promove uma redução muito significativa dos índices de míldio, cancro bacteriano, ferrugem e podridões, ajudando bastante o produtor nos períodos mais chuvosos.

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