Autora
Herika Paula Pessoa – Mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV) – herika.paula@ufv.br
Substâncias húmicas são compostos orgânicos cujas propriedades podem favorecer as condições para o aumento da produtividade de diversas culturas. Elas proporcionam benefícios para a estrutura física e química do solo e para o metabolismo e crescimento das plantas.
Alguns dos benefícios que podem ser associados à presença de substâncias húmicas nos solos são a melhoria na agregação das partículas, aeração, maior capacidade de retenção de água, estabilidade no pH, aumento da capacidade de troca catiônica e menor perda de nutrientes.
Com relação às interferências no metabolismo das plantas, graças à alta capacidade de troca catiônica, podem complexar e assim disponibilizar cátions às plantas. Existem ainda alguns estudos que demonstram os efeitos positivos das substâncias húmicas na germinação de sementes, no crescimento inicial das raízes, na biomassa da planta e no auxílio na defesa da planta contra estresses.
Foco – solo
Apesar dos inúmeros benefícios potenciais, o principal objetivo prático para a utilização das substâncias húmicas é melhorar as condições do solo para o desenvolvimento, principalmente do sistema radicular das culturas implantadas.
Neste sentido, a aplicação de substâncias húmicas durante o manejo nutricional da lavoura de batata tem sido apontada como uma técnica promissora. As plantas de batateira em geral apresentam sistema radicular relativamente superficial e grande exigência nutricional.
O crescimento radicular é influenciado por fatores extrínsecos, como as condições do solo (estrutura, umidade, pH, textura e nutrientes) e por fatores intrínsecos (características genéticas da planta). Dessa forma, a utilização de ácidos húmicos pode ser aliada do bataticultor por auxiliar tanto na melhoria das condições do solo, como possivelmente auxiliar na promoção de um maior crescimento radicular e absorção de nutrientes.
Orientação é fundamental
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Embora seja promissora, a decisão pela utilização de substâncias húmicas no manejo nutricional da batata deve ser tomada com a orientação de um engenheiro agrônomo. As substâncias húmicas não são homogêneas como outros insumos utilizados no manejo das lavouras. Sua composição é variável de acordo com a fonte de extração, estrutura química, o método que foi utilizado para extração, dentre outros.
Uma boa estratégia que pode ser planejada pelo produtor em conjunto com o engenheiro agrônomo é a realização de estudos prévios com relação à fonte de extração (origem dos ácidos húmicos); estrutura química dos ácidos húmicos a serem utilizados e realização de testes preliminares de dose de resposta em plântulas de batata antes do investimento para aplicação a nível de área total.
Esses testes trarão para o produtor uma maior segurança com relação à adoção da técnica, além de auxiliar o engenheiro agrônomo quanto à recomendação para área, qual o melhor produto e dose para a área em questão.
Sem errar
Uma vez decidida a utilização das substâncias húmicas, é importante se atentar a alguns detalhes para evitar erros durante essa etapa do manejo. Deve-se evitar doses indesejáveis do material húmico, pois o efeito biológico deles é a dose dependente; evitar valores de pH fora da faixa ótima para o crescimento e desenvolvimento das culturas antes da aplicação; evitar a utilização de ácidos húmicos de origem desconhecida sem saber a composição química dos mesmos; não utilizar ácidos húmicos insolúveis em água, etc.
Em campo
Inúmeros ensaios experimentais apontam que a utilização de substâncias húmicas pode proporcionar aumentos de produtividade para as lavouras de batata. O uso da mistura líquida húmica com ácidos húmicos, em solos para o cultivo de batata, em conjunto com adubos minerais, promoveu acréscimos de até 17% em relação ao cultivo sem essas substâncias.
Além disso, o uso destas substâncias promoveu maior absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio pelas plantas. Contudo, é importante frisar que a produtividade é uma característica influenciada por inúmeros outros fatores. Além disso, as condições do solo e do material que será plantado também influenciam na resposta da lavoura à aplicação dessas substâncias.